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Quais são as habilidades e os empregos verdes na América Latina? O que diz o LinkedIn

07/12/2022 por Oliver Azuara - Mariana Alfonso - Mauricio Mondragón Deixe um comentário


Altas temperaturas, secas e escassez de água são alguns dos efeitos das mudanças climáticas que observamos no planeta ao longo de 2022. A mudança climática está exigindo um progresso acelerado em direção a economias mais sustentáveis. A redução da pegada de carbono e um maior respeito pelo meio ambiente serão alcançados se, por um lado, as atividades econômicas tradicionais melhorarem seus processos para agregar valor, tornando-os mais sustentáveis ​​e, por outro, criarem novas atividades ligadas à descarbonização e à sustentabilidade ambiental. Em outras palavras, nos próximos anos haverá um crescimento na demanda por habilidades e empregos verdes.

Mas o que são habilidades e empregos verdes e o que os dados do LinkedIn nos dizem sobre suas características na América Latina? Primeiro, não há uma definição universal desses conceitos. Empresas e organizações no mundo estão começando a definir parâmetros para classificá-los. É o caso da plataforma LinkedIn, que desenvolveu diferentes conceitos para analisar tendências em empregos verdes, incluindo habilidades, empregos e talentos verdes.

Categorias de habilidades e empregos verdes de acordo com o LinkedIn

A plataforma de emprego define três categorias de habilidades de acordo com o nível de sustentabilidade que implicam. Estes são:

Habilidade verde

Diretamente relacionado com atividades que promovem a sustentabilidade (por exemplo, prevenção da poluição).

Habilidade ambivalente

Pode ou não ser usada para sustentabilidade (por exemplo, gerenciamento de frota).

Habilidade adjacente

Pode apoiar a aquisição de habilidades ecológicas básicas e ambivalentes (como biologia).

Com base nessas definições, o LinkedIn classifica as vagas postadas pelos usuários de sua plataforma em quatro categorias:

Emprego verde

Não pode ser feito sem amplo conhecimento de habilidades verdes (por exemplo, consultor de energia solar).

Emprego enverdecido (greening)

Pode ser feito sem habilidades verdes, mas geralmente requer algumas habilidades verdes.

Emprego com potencial verde

Pode ser feito sem habilidades verdes, mas ocasionalmente requer algum nível de habilidades verdes (por exemplo, gerente de logística).

Emprego não verde

Não requer habilidades verdes (por exemplo, especialista em marketing).

Essa classificação de habilidades e empregos verdes ajuda a identificar os talentos verdes, compostos por membros do LinkedIn que adicionam pelo menos uma habilidade verde ou têm um emprego verde. No entanto, embora essas definições não coincidam exatamente com as utilizadas por outras organizações, elas permitem que você acompanhe sua trajetória nos mercados de trabalho mundiais.

Habilidades verdes na América Latina

Os dados publicados pelo LinkedIn mostram que a região tem avanços significativos, mas que ainda há muitos desafios pela frente. Os serviços ambientais são a habilidade que mais cresce em todos os países e indústrias da região, embora haja grande variação em todas as outras habilidades. Além disso, o crescimento das habilidades verdes tem se concentrado em sete indústrias em particular: construção, bens de consumo, serviços corporativos, educação, energia e mineração, manufatura e administração pública.

Gráfico 1. Índice de penetração de Green Skills por setor na América Latina

Fonte: Elaboração própria com base nos dados do LinkedIn fornecidos por meio da Data Partnership.

A agricultura é a indústria com maior penetração de habilidades verdes, seguida por serviços corporativos, manufatura, construção, bem como pelo setor de energia e mineração. Entretanto a procura por habilidades verdes no restante das indústrias permaneceu estável e até diminuiu. Ou seja, as “habilidades não verdes” utilizadas nessas indústrias cresceram proporcionalmente mais do as “habilidades verdes” – verdes, adjacentes e ambivalentes – nos últimos anos. Isso sugere que a demanda por habilidades verdes na maioria dos perfis dessas indústrias não está aumentando na mesma proporção que outras habilidades, o que pode atrasar sua sustentabilidade.

A intensidade das habilidades verdes deve aumentar em todos os setores e países a fim de gerar a oferta necessária para atender à demanda para atingir as metas climáticas de redução de emissões e adaptação das atividades econômicas às mudanças climáticas.

Taxa de contratação verde na América Latina

Um dado adicional publicado pelo LinkedIn é a chamada Taxa de Contratação, que se refere aos empregos específicos observados em um país como porcentagem dos usuários da plataforma. Esta taxa pode ser restringida no caso de empregos verdes em uma Taxa de Contratação Verde, para que seja possível entender seu comportamento em relação ao total geral.

Até 2018, o nível de recrutamento de empregos verdes não apresentou crescimento significativo. Durante a pandemia, no início de 2020, as contratações em geral caíram substancialmente e a taxa de contratações verdes apresentou o menor valor reportado até então. Após essa queda, essas contratações tiveram um crescimento sustentado, embora com diferenças muito importantes entre os países.

A taxa de contratação verde ainda está abaixo da taxa de contratação agregada da região. Isso sugere que ainda existe um desafio em relação ao crescimento desse tipo de trabalho na América Latina e no Caribe.

Gráfico 2. Diferença entre a taxa de contratação agregada e a taxa de
contratação verde por país, 2020-2021

Fonte: Elaboração própria com base nos dados do LinkedIn fornecidos por meio da Data Partnership.
Observação: taxa de contratação verde menos taxa geral de contratação de cada país; valores positivos significam que a taxa de contratação verde é maior que a taxa de contratação geral e vice-versa para valores negativos.

Dando continuidade à transição verde com fontes não convencionais

Os dados de empregos e habilidades verdes do LinkedIn são inestimáveis ​​para aprender o que podemos fazer para melhorar a sustentabilidade dos empregos em nossa região. Ou seja, podemos entender melhor as necessidades da força de trabalho e as habilidades necessárias para a transição verde em setores e países específicos.

As observações até agora indicam que há uma necessidade de avançar mais rapidamente e fechar a lacuna de habilidades verdes, atualizar essas habilidades e conduzir a mudança para empregos mais verdes. Quanto mais rápida for essa transição, maior será a sustentabilidade das atividades econômicas e, com ela, a colaboração dos países da América Latina e do Caribe para reduzir as mudanças climáticas. Saiba mais sobre esses dados em nosso relatório Empregos e habilidades verdes na América Latina: uma olhada nos dados do LinkedIn, parte do Observatório do Trabalho do BID.

Quer saber o que significa “enverdecimento” de empregos e por que é importante investir em habilidades para empregos verdes? Descubra neste texto.

Texto também disponível em espanhol no blog Factor Trabajo

Leia mais:

A oportunidade ‘net-zero’ na América Latina e no Caribe
O papel do hidrogênio na descarbonização da América Latina e do Caribe

Arquivado em:Meio ambiente, Trabalho Marcado com:emprego, meio ambiente, mercado de trabalho

Oliver Azuara

Economista sênior na Divisão de Mercados de Trabalho do BID desde agosto de 2017, onde lidera operações e pesquisas sobre segurança social digital, futuro do trabalho e avaliação. Em 2020, realizou um trabalho dedicado a responder como a tecnologia pode facilitar a recuperação do emprego pós-pandemia. Também é coordenador do Laboratório de Economia para a Aposentadoria do BID. Entrou para o BID em 2012, no Escritório de Avaliação e Supervisão. Antes disso, trabalhou como pesquisador dedicado a avaliar o efeito dos programas de proteção social nos mercados de trabalho e desenhar avaliações de impacto sobre educação financeira e pensões no México. No setor público mexicano, atuou como Diretor de Prospecção Social na Secretaria de Desenvolvimento Social (SEDESOL) e líder de projetos na Comissão Nacional de Economia para a Aposentadoria (CONSAR). É mestre e doutor em Políticas Públicas pela Universidade de Chicago, tem pós-doutorado pela Universidade de Yale e é diplomado em reformas nos sistemas de pensões pelo Instituto para o Desenvolvimento Internacional da Universidade Harvard.

Mariana Alfonso

Especialista líder de setor na Divisão de Mudança Climática e Sustentabilidade do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), onde atua como ponto focal para questões transversais de mitigação e adaptação à mudança climática no programa operacional e analítico do Setor Social. Atualmente, trabalha em temas relacionados à transição justa, empregos verdes e programas de proteção social responsivos a choques climáticos, entre outros. Entre 2017 e 2019, foi assessora da Vice-Presidência de Setores e Conhecimento, com a responsabilidade de supervisionar o trabalho estratégico e de conhecimento. Antes disso, trabalhou como especialista em Educação, liderando o desenho e execução de operações de empréstimo em vários países e o programa de pesquisa sobre qualidade docente. Mariana começou a trabalhar no BID em 2006 como Jovem Profissional no Departamento de Pesquisa, depois de dois anos como investigadora pós-doutoral associada em políticas públicas na Universidade Brown. É PhD em Economia da Educação pela Universidade Columbia.

Mauricio Mondragón

Consultor da Divisão de Mercado de Trabalho do BID no México. Economista apaixonado pelos temas relacionados a emprego, combate à pobreza e inclusão financeira. Iniciou sua trajetória profissional na El Buen Socio, uma instituição financeira ética mexicana, como analista de prospecção de crédito. Posteriormente, entrou para o Programa de Florestas da World Resources Institute no México, como coordenador de atividades de financiamento e planejamento de área. Também colaborou com o Banco Mundial e a Innovations for Poverty Action (IPA) no papel de consultor. É licenciado em Economia pelo Instituto Tecnológico Autônomo do México (ITAM) e mestre em Dados, economia e política de desenvolvimento pelo Instituto Tecnológico de Massachusetts (MIT). Seus hobbies incluem futebol, xadrez, cinema e televisão.

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