Como o resto do mundo, nós que somos parte da equipe do Programa João Pessoa Sustentável não estávamos preparados para enfrentar a pandemia do coronavírus. Em março 2020, estávamos completando um pouco mais de um ano desde a assinatura do contrato de parceria entre a Prefeitura Municipal de João Pessoa e o BID. Estávamos organizando as atividades nos diversos componentes do programa, que contempla por um lado metas de desenvolvimento urbano e gestão da cidade, e por outro metas de melhoria da gestão administrativa e fiscal do município. Havíamos acabado de lançar os primeiros processos de licitação para projetos de urbanização e construção de conjuntos de habitação social no maior território do programa, o Complexo Beira Rio.
A crise nos surpreendeu e ainda nos provocou a pensar como este programa poderia responder a alguns destes novos desafios: no início de julho, João Pessoa contava com mais de 10.000 casos confirmados do COVID-19 e cerca de 350 óbitos (fonte: portal em tempo real da Prefeitura). Neste sentido, identificamos logo o Centro de Cooperação da Cidade como uma peça chave para coordenar as ações do Município para dar resposta à crise.
O Centro tem por objetivo apoiar o município na gestão de crise, através de um espaço físico, de procedimentos operacionais e de instrumentos tecnológicos que facilitem a colaboração entre diversos serviços públicos, municipais e parceiros, nos temas de saúde, mobilidade, defesa civil, segurança etc. Neste momento, o Centro ainda se encontra na fase inicial de preparação, de detalhamento do espaço físico a ser construído e de definição dos processos técnicos, equipamentos e plataformas que serão licitados. Nestas condições, o que fazer?
Fonte: https://experience.arcgis.com/experience/d76ba516389d4e83b9a778d266cac5c1/
Como usar um futuro centro de gestão de crise quando ele ainda está em gestação na hora da crise?
Isso foi o que nos levou a optar juntos pela realização de uma atividade piloto para o Centro: uma ação de combate à fome, visando apoiar 10.400 famílias das zonas social e economicamente mais vulneráveis da cidade (comunidades precárias e conjuntos de habitação de interesse social). A insegurança alimentar destas populações e a urgência sanitária justificaram priorizar a distribuição de cestas básicas e kits de higiene e limpeza, enquanto as restrições do distanciamento social e as precauções de base na ação humanitária (conceito universal do do not harm que requer que quem ajuda, ao acudir, não coloque o beneficiário numa situação de risco) levaram para a opção de uma distribuição do tipo porta-a-porta.
Além dos prazos muito curtos, esta configuração trouxe consigo desafios logísticos que foram uma verdadeira prova da capacidade de planejamento e articulação interna da Prefeitura. De maneira exitosa, se mobilizaram e organizaram diversas secretarias de João Pessoa (desenvolvimento social, desenvolvimento urbano, mobilidade, habitação, infraestrutura, saúde, guarda municipal, defesa civil, orçamento participativo, administração, comunicação e instituto de previdência), que também contaram com a parceria do Exército Brasileiro, da Marinha do Brasil e da Polícia Militar. A primeira das duas campanhas de distribuição teve início no dia 17 de junho, e conseguiu atingir suas metas.
Fonte: Prefeitura Municipal de Joao Pessoa
Quais aprendizagens sobre inovações tecnológicas em contexto de crise?
Ao conceber a intervenção, a equipe logicamente se deparou com muitas perguntas: quais instituições deverão compor as equipes de distribuição? Como organizar o transporte das cestas? O que fazer quando a família estiver ausente de seu domicílio? Como comprovar que as famílias realmente receberam seus benefícios? Somado ao trabalho colaborativo entre os diversos serviços da Prefeitura colocando suas expertises em comum, um elemento chave foi a criação de um novo aplicativo móvel que ajudou a planejar e supervisionar os resultados desta campanha de distribuição.
O aplicativo, utilizável tanto online como offline, foi instalado em tablets utilizados pelos agentes de campo, que foram previamente treinados para seu uso. Através de um sistema de QR code, os agentes escaneiam individualmente cada cesta, e a vinculam à localização georreferenciada de uma unidade habitacional onde está sendo entregue, junto com informações sobre o/a chefe de família. Especificamente para as oito comunidades que compõem o Complexo Beira Rio, território objeto de intervenções urbanas do Programa João Pessoa Sustentável, uma curta pesquisa é realizada no momento da entrega, permitindo atualizar alguns dados de base sobre as famílias e as situações habitacionais. Estes dados, de uso exclusivo e confidencial da Prefeitura, permitirão uma melhor preparação de todas as atividades subsequentes previstas no âmbito do Programa João Pessoa Sustentável.
Fonte: Prefeitura de João Pessoa
Quais lições desta experiência?
Enquanto escrevemos estas linhas, a campanha ainda está sendo implementada. Consequentemente, o tempo ainda nos trará muitas oportunidades de aprendizagem, como melhorar ainda a logística, a gestão de dados, os critérios de priorização etc. Porém, já nos orgulhamos em poder demonstrar que colaboração institucional, por um lado, e uso inteligente da ferramenta tecnológica, por outro, são dois ingredientes chaves no enfrentamento das crises – esta da COVID-19, mas também das outras que João Pessoa terá que enfrentar, certamente melhor preparada com o apoio de suas equipes e do futuro Centro de Cooperação da Cidade.
Leia mais:
lucas silva diz
A adolescência é uma fase muito complicada por isso monitoro tudo o que meu filho faz através do uso de um programa espião! recomendo ele é muito bom. https://brunoespiao.com.br/localizar-celular