Promundo*
O que funciona para envolver os homens na promoção da equidade de gênero? Esta questão tem ganhado espaço – e atenção – nos últimos anos. Mas nós sabemos a resposta?
Em todo o mundo, garantir que as mulheres alcancem paridade em cargos políticos, tenham igualdade de remuneração, e vivam livres de violência tem sido a abordagem de cotas institucionais, programas de empoderamento econômico, e do trabalho com sobreviventes. O que essas abordagens têm em comum? Embora muito necessárias, muitas vezes colocam a responsabilidade de alcançar a igualdade nas costas das pessoas que estão em desvantagem. Como podemos alcançar plenamente a equidade de gênero se nós só recorrermos à metade da população?
“Quando os Homens Mudam”, produzido por Promundo, ilustra o que as intervenções têm provado ser eficaz no envolvimento de homens e meninos na promoção da equidade de gênero e na prevenção da violência baseada em gênero, do setor de saúde ao local de trabalho. O filme segue quatro homens que vivenciaram transformação, seja por aprender o poder da igualdade, a força da não-violência, ou a alegria da paternidade envolvida.
O que precisamos para que essas transformações tenham maior impacto e a revolução da equidade de gênero aconteça? Está claro que, tanto para mulheres, quanto para homens, mesmo reconhecendo-se o poder da transformação individual, ela por si só, não será suficiente para por fim às desigualdades globais que levam, por exemplo, mulheres a ganhar 24% menos que os homens, ainda que realizem 2,5 vezes a mais do trabalho não remunerado.
Por isso, ainda é preciso:
1. Alcançar meninos cedo com uma educação em sexualidade mais abrangente.
As mulheres são responsáveis por cerca de três quartos do uso de contraceptivos do mundo. Precisamos preparar os homens desde cedo a assumir a responsabilidade do planejamento familiar – além de educa-los sobre consentimento, tomada de decisão compartilhada e negociação nos relacionamentos.
2. Estimular a presença dos homens nos serviços de saúde.
Os homens podem ser grandes aliados e parceiros na saúde materna, neonatal e infantil, apoiando suas parceiras nos cuidados de que necessitam. No entanto, os sistemas de saúde – que por vezes podem ser pouco amigáveis ou preparados – frequentemente apresentam obstáculos à plena participação dos homens.
3. Envolver homens em formação parental.
Os homens são igualmente responsáveis pelo cuidado e pelo trabalho doméstico, como as mulheres. Mas normas tradicionais e rígidas de gênero, muitas vezes rotulam homens como “ajudantes”. Envolver homens nas tarefas domésticas e de cuidado, tais quais lavar a roupa, cuidar do bebê e trocar fraldas pode ajudar a redistribuir o peso do cuidado .
4. Oferecer licença parental.
Embora políticas de licença maternidade sejam essenciais, oferecê-las sem licença-paternidade remunerada e não-transferível reforça o papel das mulheres como cuidadoras principais, perpetuando a desigualdade em casa e no local de trabalho.
5. Responsabilizar os homens pela violência.
A violência não é uma forma aceitável de resolução de conflitos – seja em público, ou no contexto de relacionamentos íntimos. Para mudar o cenário atual, no qual cerca de uma em cada três mulheres irão sofrer violência em suas vidas, é preciso também responsabilizar os homens que a cometem. É necessário, em primeiro lugar, prevenir a violência, bem como oferecer apoio para aquelas que a sofrem e tomar as medidas legais cabíveis para aqueles que a tenham usado, incluindo aconselhamento.
6. Inspirar o ativismo dos homens para a mudança.
Grupos de direitos das mulheres têm defendido a igualdade nas últimas décadas, e os homens podem ser uma parte importante do movimento. Seja defendendo a igualdade de remuneração, o fim da violência, justiça para sobreviventes de estupro ou o aborto seguro na saúde pública, as vozes de homens podem ajudar a fortalecer a mobilização para a mudança.
*Promundo é uma organização não governamental que atua em diversos países do mundo buscando promover a igualdade de gênero e a prevenção da violência com foco no envolvimento de homens e mulheres na transformação de masculinidades.
Para saber mais sobre nosso trabalho acesse www.promundo.org.br.
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