Em post recente, tratamos aqui do pequeno número de mulheres eleitas para a legislatura que assume em 1 de janeiro – apenas 11 senadoras, em um total de 81, e 51 deputadas em um universo de 513. Concluído o segundo turno das eleições, o quadro nos estados é ainda mais desanimador: apenas Roraima, das 27 unidades da federação, será governada por uma mulher.
Apesar das crescentes evidências de que a igualdade de gênero beneficia não só as mulheres (há até estudos que mostram que empresas com maior presença feminina tem lucros maiores), mas para a sociedade como um todo, a mais nova edição do Global Gender Gap Report, relatório produzido pelo Fórum Econômico Mundial (WEF, na sigla em inglês), mostra que ainda temos muito que avançar. De acordo com a publicação, mantido o ritmo atual, o mundo só alcançará a igualdade de gênero daqui a 81 anos, em 2095.
O Brasil aparece na 71ª posição entre 142 países – houve uma piora em relação a 2013, quando o país ocupava a 62ª posição na lista. No topo do ranking aparecem Islândia, Finlândia, Noruega, Suécia e Dinamarca, nessa ordem. Entre os latino-americanos, o país mais bem colocado foi a Nicarágua, em sexto.
Para elaborar o ranking o WEF analisa o grau de desigualdade em quatro áreas: participação e oportunidade econômica, educação, capacitação política e saúde e sobrevivência. No quesito capacitação política o Brasil ficou na posição 74; já em participação e oportunidade econômica, o país aparece no posto 81. Em saúde e educação (aqui levam-se em conta fatores como analfabetismo e expectativa de vida), o WEF considera que o Brasil oferece oportunidades iguais para homens e mulheres.
Mas como acabar com a diferença de gênero? E por que o número de legisladoras e governadoras importa? As políticas públicas têm um papel fundamental nessa questão. E para que elas reflitam as necessidades femininas – sempre lembrando que dessa forma ganha a sociedade como um todo – é preciso que tenhamos mais mulheres no legislativo e em cargos de comando tanto no governo quanto na iniciativa privada. As mulheres são metade da população e do eleitorado, e apesar de o Brasil ser um dos poucos países do mundo que já elegeu (e reelegeu) uma mulher para o cargo de presidente, mas quando se olha para as esferas legislativas, continuamos em mundo quase totalmente masculino.
Vale destacar que nem mesmo os países que aparecem no topo do ranking solucionaram de vez a questão da desigualdade. A Islândia, primeira colocada no ranking geral, fica no posto 19 quando se trata de igualdade salarial por trabalho semelhante realizado por homens e mulheres – nesse quesito, o Brasil está na longínqua posição 124. De todo modo, onde há mais igualdade há mais engajamento tanto por parte de homens quanto de mulheres. Sem o apoio deles, o ritmo das mudanças necessárias fica ainda mais lento. Se continuarmos como estamos, talvez levemos mais que 81 anos para que homens e mulheres finalmente tenham os mesmo direitos.
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