A transformação digital no setor público tem avançado nas três esferas de governo, mas, nos municípios, o processo tem sido mais lento. Nosso estudo publicado em 2021 indicou que 56% das pessoas sabiam quais serviços municipais poderiam acessar sem sair de casa, em comparação com 66% dos que conheciam os servidos digitais oferecidos pelos governos estaduais e 70% dos que conheciam os serviços disponíveis do governo federal.
Esse mesmo estudo indicou que 86% da população brasileira está adaptada ao mundo digital e 60% têm preferência pelo canal digital. Na prática, esses resultados indicam que a população está pronta para usufruir de mais e melhores serviços públicos digitais e, para atender a esta demanda, os municípios devem ampliar a sua oferta e comunicar melhor os seus serviços digitais.
Outra pesquisa, publicada pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (CETIC), apontou alguns avanços nos serviços públicos oferecidos pelas prefeituras via internet. Segundo o levantamento, entre 2015 e 2021, os municípios avançaram na marcação de atendimento presencial (eram 16% e chegaram a 32% dos municípios com internet), no preenchimento ou envio de formulários através do site (47% para 66%) e na emissão de nota fiscal eletrônica (41% para 78%). Entre 2019 e 2021, as cidades que tinham Whatsapp ou Telegram como um dos canais de atendimento para solicitação de serviços passaram de 28% para 48%, em linha com o que é usado pela população. Em resumo, são bons avanços, mas ainda com brechas importantes.
Uma plataforma para apoiar a digitalização nos municípios
Com 5.570 prefeituras brasileiras liderando a entrega de serviços públicos na ponta, é necessário assegurar que nenhum município fique de fora da transformação digital do setor público. Para responder a esse desafio, a Secretaria de Governo Digital do Ministério da Economia (SGD) e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), com apoio do BNDES, lançaram recentemente a Plataforma Rede Gov.Br, que tem como objetivos diagnosticar os principais desafios em governo digital e construir planos de ação orientados para dar mais celeridade à transformação. Esse processo começa com um questionário de autodiagnóstico que ajuda o município a avaliar o seu nível de maturidade (inicial, intermediário, aprimorado e avançado) em 8 dimensões. As perguntas também permitem saber qual a colocação da cidade em comparação com outras localidades que completaram o autodiagnóstico – esse “ranking” mantém o sigilo sobre as posições dos outros municípios.
Por meio da plataforma, é possível ainda preparar um plano de investimentos e/ou ações para acelerar a transformação digital. O plano é criado automaticamente com a indicação de possíveis respostas aos desafios identificados no autodiagnóstico: a seleção é feita a partir de um banco com mais de 80 soluções e 200 ações derivadas de lições aprendidas em projetos de governo digital que realizamos no BID e de orientações incluídas no guia 10 passos para a transformação digital, elaborado pela SGD, dentre outras fontes. Para apoiar a definição das opções durante a finalização do plano, nossa equipe oferece uma oficina virtual de assistência técnica para os municípios participantes.
A expectativa é que esse processo auxilie os gestores municipais a terem mais e melhores informações para definir o caminho mais adequado para a transformação digital, incluindo o processo de procura de financiamento para os investimentos que serão necessários. Esses recursos podem vir do orçamento ou de endividamento, com a possibilidade de ter o BID como parceiro – nos casos dos municípios com demandas acima de US$ 30 milhões. Ou ainda, através de bancos de desenvolvimento nacionais ou regionais que oferecem linhas de crédito para a modernização do estado.
Os benefícios econômicos da digitalização
Além de atender a demanda dos cidadãos por serviços pela internet, a digitalização também traz benefícios econômicos tanto para a população como para a administração pública. Nossa pesquisa com a Prefeitura de São Paulo indicou uma redução média de 74% no custo unitário de uma solicitação de serviço público para cidadãos e empresas e uma queda de 40%, em média, no custo unitário para o município. Após doze meses da transformação digital do conjunto de serviços analisados, a taxa de retorno foi de R$ 27 a cada R$1 investido. Conheça os detalhes deste levantamento lendo a íntegra do estudo. Faça o download gratuitamente neste link.
Leave a Reply