O que um grupo de meninas e adolescentes entre dez e 18 anos escolhe fazer no último sábado das férias de verão? Acertou quem respondeu passar a tarde na sede de um banco de investimento para aprender a programar aplicativos para fazer do mundo um lugar melhor.
Animadas por Camila Achutti, embaixadora no Brasil do desafio Technovation Challenge, meninas de escolas públicas e particulares, de diferentes classes sociais, estilos e com distintos interesses não se distraem nem com a bela vista de São Paulo que a sala do banco Goldman Sachs oferece. Elas estão ali para aprender a programar, melhorar o mundo, acabar com a ideia de que existem profissões para homens e outras para as mulheres.
A matinê de programação começa com uma pergunta para as meninas: o que vocês querem mudar no mundo, na vida ou no seu bairro? Tem inicio então um processo de discussão de ideias – muitas garotas conhecem e rapidamente se familiarizam com o conceito de brainstorm ou com a existência de centros de conhecimento como o Massachussetts Institute of Technology (MIT) naquela mesma tarde – e aos poucos os grupos de futuras programadoras elegem os temas ao qual vão se dedicar nas próximas horas: aplicativos para facilitar os estudos, para denunciar as situações de assédio sofridas por mulheres de todas as idades, um programa que coloque em contato consumidores que querem descartar eletrônicos e postos de coleta, um espaço virtual onde adolescentes possam compartilhar seus problemas e saber que não estão sós e até mesmo uma versão do Tinder, batizada de Petinder, para promover o encontro perfeito de animais de estimação com quem quer um bichinho. Além de interessadas em programar, as meninas mostram que estão inteiramente antenadas com as necessidades e desejos do mundo em que vivem.
Definidos os temas, Camila e um grupo de mentores/voluntários começam a mostrar para as meninas os recursos existentes para começar a programação e convidam-nas a pensarem nas telas/botões e funcionalidades que os aplicativos terão. Como o tempo é curto e não se criam Apples, Microsofts ou o programa da urna eletrônica em uma única sentada, as garotas são convidadas a apresentar, de forma breve e objetiva, o que conseguiram desenvolver.
Pelos avanços demonstrados ao longo da tarde, o grupo por trás da ideia do Petinder sai do encontro com um prêmio: sessões de mentoria no Laboratório de Inovacao e Empreendedorismo da Universidade de São Paulo. Mas o evento e considerado e um sucesso e baita estimulo por todas. Algumas entraram ali sem saber o que fariam no trabalho de conclusão de seus cursos técnicos e saem com a ideia que irão desenvolver. Outras acreditam que mais tardes como essa, promovidas nas escolas, geraria o interesse de mais adolescentes pelo tema. “A gente sonha ser aquilo que vê e acha bacana, por isso muita menina quer ser modelo, mas numa tarde assim a gente descobre que tem outras coisas bacanas”, relata uma jovem participante.
Promover a ideia de que programar é pra todo mundo é justamente o objetivo das colaboradoras do Technovation Challenge, entre as quais a embaixadora Camila, 23 anos, ela mesma recém saída de uma turma de Ciências da Computação na qual era a única representante do sexo feminino. Equilibrar essa equação e o desafio ao qual ela se dedica agora.
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