Embora as mulheres venham conquistando cada vez mais espaço na sociedade e já ocupem muitas posições antes só preenchidas por homens, ainda persiste a visão de que não somos naturalmente talhadas para determinadas profissões,entre elas as ligadas ao que em inglês chamam de STEM (Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática).
Muitos estudos comprovam que o sucesso em carreiras científicas não tem nada a ver com gênero, mas quase totalmente com o estímulo que meninos e meninas recebem para abraçar essas profissões, defende a escritora Eileen Pollack em um longo artigo para a revista do The New York Times.
Formada em Física pela prestigiosa Universidade de Yale, Eileen afirma que nas escolas as meninas não são encorajadas a desenvolver seus talentos matemáticos, por exemplo. Mas não é apenas na sala de aula que isso acontece. Quem você acha que tem mais chances de ganhar um kit de química, um telescópio ou um foguete nesse Dia das Crianças? E quem vai ganhar a boneca ou o kit de chá? A mentalidade do núcleo família também precisa mudar.
A questão aqui não é demonizar brinquedos ou entrar numa cruzada contra bonecas ou histórias de princesa, mas simplesmente ampliar o leque de opções para as meninas. Quantas possibilidades se abriram depois que mulheres passaram a frequentar escolas, a trabalhar fora de casa, a dirigir, a votar? Sim, todas essas coisas eram inalcançáveis para o público feminino há menos de um século. Foi preciso enfrentar muita oposição e quebrar paradigmas para que trabalhar fora, por exemplo, deixasse de ser coisa de homem.
Exemplo interessante de como quebrar esse paradigma vem da Marvel, editora de histórias em quadrinhos por trás de sucessos como Homem-Aranha e X-Men. Prestes a lançar o filme Thor: The Dark World nos EUA, a Marvel criou um concurso para que meninas estudantes do ensino médio enviem vídeos com mentores de ciências em suas comunidades – uma lista de professores e dicas de como entrevistá-los são fornecidas pela editora de HQs. As autoras dos melhores vídeos ganharão uma viagem de uma semana para a Califórnia, onde se encontrarão com mulheres de sucesso na área de STEM, participarão de experiências científicas e assistirão à estreia oficial do filme.
Natalie Portman, a atriz principal de Thor e fã declarada da área de ciência e exatas, incentiva as adolescentes a participarem. O exemplo da Marvel chama a atenção, já que normalmente as campanhas de promoção de filmes baseados no universo das HQs são voltadas para o público masculino.
De volta ao Brasil, onde ainda não há uma campanha assim, vale a pena pensar naquele presente do Dia das Crianças ou, se for muito tarde, no presente de Natal. Talvez esse ano sua filha se transforme numa princesa da matemática, ou da astrofísica, e descubra um novo mundo de possibilidades.
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