As estações tubo utilizadas no sistema de transporte público coletivo em Curitiba, no Paraná, foram inovadoras e tornaram-se referência internacional. A cidade agora quer dar um passo além, criando um novo conceito para as estações que serão multimodais, inteligentes, inclusivas e autossustentáveis, e que funcionarão como hubs de mobilidade inteligente, com o objetivo de melhorar a experiência dos usuários e atrair mais pessoas para o transporte público.
Os requisitos expostos no edital internacional lançado para a estação protótipo apontam o caminho para a modernização. O objetivo é atrair inovações de transporte, energia e outras tecnologias de ponta que promovam a integração com outros modais, como a carona solidária e a bicicleta compartilhada, em um esforço para reduzir o número de carros e motocicletas em circulação na cidade.
A matriz energética do equipamento também terá atenção especial. A energia solar da estação deverá ser captada por meio de painéis fotovoltaicos, garantindo eficiência para manter toda a operação, da climatização interna ao sistema de monitoramento e de comunicação do usuário. As novas estações também devem contar com um design no seu entorno sensível a gênero e a pessoas com deficiência.
As soluções a serem implementadas devem ter em conta aspectos de sustentabilidade, eficiência e escalabilidade, já que, uma vez desenvolvido e aprovado, o modelo será replicado para as demais 12 estações do itinerário do icônico corredor de ônibus Inter 2. O potencial, contudo, é ainda maior: as novas estações poderão se tornar centralidades de mobilidade e servirem de modelo para outras cidades.
Inovação também no modelo de edital
O sistema de concorrência internacional com foco em soluções é inédito para o município e abrange o projeto executivo, execução da obra, instalação de soluções e validação e aprimoramento de tecnologias durante um período de operação monitorada da estação.
A nova estação de passageiros é uma das inovações resultantes de uma série de estudos capitaneados pelo Instituto de Pesquisa e Planejamento de Curitiba (IPPUC), com o apoio técnico do BID. Alinhada a tendências internacionais e inovação na mobilidade, urbanismo e na sustentabilidade, a cidade busca parcerias técnicas e financeiras que viabilizem o combate aos efeitos das mudanças climáticas e promovam mais qualidade de vida e equidade social.
A iniciativa faz parte do Programa de Mobilidade Urbana Sustentável de Curitiba, que conta com financiamento do BID. Além da melhoria das estações, o programa abrange projetos de aumento da capacidade e da velocidade do Inter 2 e do Interbairros II, as linhas que levam o maior número de passageiros na cidade.
Menos carros nas ruas
Até 2050, Curitiba quer reduzir em 40 pontos percentuais o deslocamento feito por veículo individual (carro ou motocicleta), passando dos atuais 47% para 7%. Para isso, será necessário atrair a população para o transporte público e atingir a meta de 85% de viagens urbanas compartilhadas, com o uso de coletivos e bicicleta ou caminhada, com zero emissão de carbono nos equipamentos. As metas foram estabelecidas pelo PlanClima, o Plano de Mitigação e Adaptação às Mudanças Climáticas elaborado pela Prefeitura.
A nova estação de passageiros deverá ajudar a alcançar as metas por meio da facilitação da integração com a mobilidade ativa e compartilhada, da coleta de informações para melhorar a experiência do usuário, da oferta de comércio e serviços rápidos, e das áreas de estar e contemplação. Além disso, as novas estações devem se tornar um ícone na demonstração dos princípios que a cidade abraçou para se colocar numa trajetória de neutralidade de carbono.
E o papel do BID como um facilitador de ferramentas inovadoras é um grande diferencial do Programa de Mobilidade Urbana Sustentável de Curitiba.
Confira os principais itens inovadores requeridos no edital
Operação
- Tecnologias para impedir/reduzir a evasão no pagamento de tarifas.
- Tecnologias para ganho de tempo na operação de embarque e desembarque de passageiros.
- Uso de tecnologias da informação e comunicação para gestão e controle da operação, com soluções inteligentes que permitam o monitoramento digital do equipamento, como sistema de telemetria, contagem de passageiros, dimensionamento de frotas e de tempo de percurso para evitar formação de comboio, controle de portas, temperatura, iluminação, conectividade, arrecadação tarifária e abastecimento energético, entre outras operacionalidades.
Experiência do usuário
- Sistema Automatizado de Arrecadação Tarifária (SAAT) para cobrança de tarifas sem o uso de dinheiro em espécie.
- Sistema de internet Wi-Fi para usuários em 99% do tempo de uso da estação.
- Sistemas de receitas acessórias na estação para o sistema público, estimulando o uso de cabines de vendas de alimentos, publicidades, mídia embarcada e outras ações que gerem receitas para a operadora do sistema.
- Sistema de segurança e alertas, especialmente em horários de menor movimento.
Infraestrutura
- Monitoramento e controle de catracas de entrada, uma vez que a estação não terá o controle do cobrador.
- Validador eletrônico com venda de créditos por celular, compra e recarga dos cartões de transporte, compatibilidade com os atuais sistemas do município.
- Painel de Mensagem Variável para promover informação útil ao usuário.
- Climatização com temperatura média de 22ºC e distância limite de 4 passageiros por m².
- Soluções sustentáveis extras, considerando a estação e o seu entorno. Deve-se dar preferência a medidas relacionadas a água, energia e resíduos sólidos.
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