Com a finalidade de auxiliar os municípios do país a avançarem na construção de espaços mais inclusivos, o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) criou, ainda em 2021, o curso Cidade para todes: Gênero e diversidade nos espaços urbanos. Três edições do curso foram realizadas no ano de 2022. Neste blog, vamos falar sobre algumas das lições aprendidas nesses encontros.
As edições, realizadas em março, maio e setembro, reuniram representantes das prefeituras de Recife (PE), João Pessoa (PB), Rio de Janeiro (RJ), Parauapebas (PA), Joinville (SC) e Maracanaú (PA), dos governos do Distrito Federal e do Estado do Ceará e da Secretaria Nacional de Habitação do Governo Federal, além de parceiros do BID Invest, nosso braço para o setor privado (Fundo Palladin Brasil, empresa BYD e Grupo Simpar), e do BID Lab, nosso laboratório de inovação (Nova Vivenda).
As discussões giraram em torno do planejamento urbano através da integração de diferentes características de usuários e usuárias da cidade, como gênero, raça, orientação sexual, idade e condição física. Além disso, participantes puderam reconhecer conjuntamente outras perspectivas das cidades, para além do olhar binário, como a de grupos sub representados dentro dos espaços urbanos. Apresentamos métodos e ferramentas para integrar as mulheres e outros grupos, que comumente não são vistos e considerados no diagnóstico urbano, na definição de políticas públicas e na participação cidadã. E, por fim, localizamos exemplos de projetos no Brasil que trabalharam com a integração da diversidade social nos espaços públicos.
Os conteúdos assíncronos foram complementados por dinâmicas em grupo num espaço síncrono, organizado pela AcademiaBID. Desta forma, foi possível receber as informações teóricas e posteriormente colocá-las em prática. Dentro dessa estrutura, uma das atividades propostas incentivava os participantes e as participantes a apresentarem exemplos de iniciativas dentro do espaço público que consideram as diferentes características das usuárias e dos usuários do local. Entre as iniciativas apresentadas se destacaram:
Rede COMPAZ (Recife)
O Centro Comunitário da Paz – COMPAZ é um local de convivência cidadã inspirado em experiências colombianas, cujo objetivo é prevenir a violência, garantir a inclusão social e fortalecer as comunidades. Nesses espaços são ofertados diferentes serviços à população, como cursos de capacitação, atividades esportivas e biblioteca. São coordenados pela Secretaria de Segurança Urbana da Prefeitura do Recife.
Praça Eisenhower (Curitiba)
Também foi apresentado um exemplo de parquinho acessível com brinquedos adaptados para pessoas com deficiência, permitindo uma maior integração das crianças no espaço. Esse projeto integra o Plano Municipal de Políticas de Acessibilidade e de Inclusão para a Pessoa com Deficiência. Alguns elementos incorporados ao projeto são fundamentais para garantir a acessibilidade: os brinquedos com larguras adequadas, o piso emborrachado com 4 cm de espessura, balanços emborrachados, pista de caminhada com 1,5m de largura e inclusão de rampas com inclinação adequada.
foto: Prefeitura de Curitiba
Acesso cidadão (João Pessoa)
O programa Acesso Cidadão tem como objetivo a inclusão social de pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida, por meio da promoção de atividades esportivas, culturais e de lazer na Praia de Cabo Branco. Como forma de integrar o espaço urbano, o local conta com pavimentação com piso tátil e calçadas acessíveis, para permitir o acesso de todes às praias ou qualquer outro espaço público.
Parque Rachel de Queiroz (Fortaleza)
Resultado do trabalho da Prefeitura de Fortaleza e do Governo do Ceará, a requalificação do Parque Rachel de Queiroz, que conta com aproximadamente 203 hectares de área, reúne exemplos de intervenção urbana inclusiva e sustentável. O projeto contempla a instalação de equipamentos de lazer e para prática de atividade física, como calçadas largas, ciclofaixa bidirecional, paisagismo, mobiliário urbano, bicicletários, anfiteatro, quadras de esporte e espaços para convívio com a natureza, entre outros. Um ponto de destaque foi a implementação de uma estação de tratamento de esgoto com wetlands, que são microlagoas que tratam efluentes com um sistema natural composto por plantas e substratos.
Trocas e aprendizados
Esses exemplos, surgidos das trocas realizadas entre as participantes e os participantes, contribuem para que o repertório do curso se torne mais rico e diverso a cada edição que passa. Ao final de cada encontro, é realizada uma escuta sobre a qualidade do curso, a partir da qual são feitos ajustes para melhor atender a necessidade de todes no processo de aprendizagem.
Finalizadas as primeiras edições, o resultado dessas escutas indica que o curso proporcionou “a ampliação do conhecimento, em especial, sobre questões relacionadas ao gênero”, também “provocou” os alunos a pensarem fora de suas bolhas sociais e disponibilizou “um acervo de boas práticas no Brasil” por meio de “links, artigos, vídeos e podcasts para se aprofundar nos assuntos”.
Para saber mais sobre o tema, não deixe de acessar o Guia prático e interseccional para cidades mais inclusivas e ouvir o Podcast Gênero e Cidades.
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