O setor de turismo é altamente vulnerável às mudanças climáticas, especialmente devido à estreita conexão entre o capital natural, o clima e a atratividade dos destinos. A consequência disso, na prática, é destinos turísticos deixarem de ser atrativos por causa de impactos negativos sobre o capital natural, como secas, inundações, incêndios. Além disso, fenômenos como esses também aumentam o risco para visitantes e têm impacto sobre a infraestrutura local. Já as empresas do setor veem o custo dos seguros aumentar, o que coloca em dúvida a própria viabilidade financeira de seus negócios.
Outro ponto dessa equação é o fato de que o setor de turismo também contribui para a emissão de gases de efeito estufa: estimativas indicam que o turismo pode ser responsável por entre 8% e 10% das emissões globais. E uma projeção do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente indica que as emissões diretas do setor e o consumo de água e energia gerados pelo turismo podem dobrar até 2050. Nesse contexto, acelerar a ação climática é essencial para a resiliência do setor.
No Brasil, o BID e o Ministério do Turismo têm trabalhado em conjunto em ações que permitam ao setor responder de forma adequada aos desafios associados às mudanças climáticas. A iniciativa mais recente é o Desafio InovaClima, que pretende identificar soluções inovadoras que contribuam para a redução de emissões do turismo brasileiro.
Além de fomentar a inovação, a iniciativa também busca aumentar a competitividade do turismo brasileiro no cenário global, considerando que a integração de novas tecnologias é essencial para transformar o turismo em um motor de desenvolvimento econômico e sustentabilidade.
O Turistech Hub está organizando esse processo de seleção, que receberá, até o dia 9 de agosto, propostas de startups brasileiras para promover a eficiência hídrica e a gestão sustentável de resíduos. Podem participar startups em estágio de operação ou tração, com soluções (“Business to Business”) ou B2B2C (“Business to Business to Consumer”).
No tema eficiência hídrica, as soluções devem ter como foco redução de consumo de água, sistemas de reutilização, sensores de monitoramento hídrico e tecnologias de captação de água pluvial. No caso da gestão de resíduos, a prioridade é buscar tecnologias que transformem resíduos em biomassa ou biogás, tecnologias de reciclagem e soluções de compostagem, entre outras.
Projetos selecionados serão pilotados em parceria com o Amarante e o Bourbon Hotéis que, assim como outros resorts, apresentaram os desafios que pretendem solucionar para um júri composto por integrantes do BID, do MTur e do Turistech Hub. O júri considerou o cenário dessas empresas os que mais ofereciam oportunidades para o desenvolvimento de tecnologias inovadoras. No caso do Bourbon, o objetivo central é a redução do consumo de água, enquanto o Amarante Hotéis quer melhorar o processo de descarte de cocos.
O ramo dos resorts tem a vantagem de reunir diversas características em um único negócio, o que permite que diferentes soluções sejam testadas em um único ambiente – soluções que depois podem ser aproveitadas tanto por meios de hospedagem, como por restaurantes, parques temáticos e destinos turísticos em geral.
Além do projeto piloto, as startups selecionadas no Desafio InovaClima poderão participar de sessões de mentoria e terão oportunidades de conexão com agentes dos setores público e privado. O processo será concluído com o lançamento de um guia de boas práticas sobre como soluções tecnológicas podem contribuir para ações climáticas no turismo.
Para ter acesso ao regulamento e enviar uma proposta para o desafio, basta acessar o site: https://www.turistechhub.com.br/desafio-inovaclima
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