O mundo que se descortinará após o pico de contágios da COVID-19 será muito diferente daquele de antes da pandemia. E para adaptar-se a essa nova situação, os países precisam, além de reduzir o ritmo das infecções, usar o período de confinamento para implementar ações que assegurem uma retomada segura e sustentável.
É o que sugere o documento Respostas à COVID-19: ciência, inovação e desenvolvimento produtivo, que publicamos hoje em português.
A publicação indica que a crise mundial causada pelo novo coronavírus exige que governos reformulem políticas públicas e redefinam prioridades. E que o sucesso será maior onde houver investimentos estratégicos em inovação, produtividade e ciência – área de onde sairá a resposta para esta crise.
Ciência: a chave para o pós-pandemia
Além de destacar a importância da estrutura científica, o documento projeta que, provavelmente, os grandes avanços no combate à pandemia não virão da região, mas de países com melhor infraestrutura de pesquisa, coordenação mais efetiva entre agentes públicos e privados e marco regulatório consistente.
Por isso, a publicação recomenda que, como aprendizado, a região perceba que capacidades científicas fortalecidas são cruciais para saídas mais velozes ou menos traumáticas para crises desse tipo, com benefícios sociais e econômicos evidentes. O estudo destaca ainda que o processo de recuperação econômica deve também promover claramente, e inclusive com mais força, a sustentabilidade ambiental e a inclusão social.
Desafios e propostas
Com exemplos de ações adotadas não só na América Latina e Caribe, mas também em outras regiões, a publicação afirma que ainda há incertezas sobre a duração da pandemia e a extensão dos seus impactos. E destaca que os ministérios da economia ou da indústria, bem como os de ciência e tecnologia, têm papel preponderante para os desafios e as respostas nas áreas da ciência, da inovação e da cadeia produtiva:
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Ciência e tecnologia:
entre outros desafios, o setor precisa de financiamento ampliado e ágil para gerar conhecimento para enfrentar a pandemia. A publicação recomenda também reforçar o financiamento a longo prazo, com estímulo à ciência aberta, de dados e com colaboração regional. Como exemplo no segmento, cita a Coreia do Sul, que aprovou em menos de um mês após a detecção do primeiro caso de COVID-19 um kit de diagnóstico para a doença.
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Inovação e startups:
com muitas incubadoras e espaço de coworking fechados e com dificuldades financeiras, o setor tem capacidade de prover soluções para a saúde desde que haja financiamento rápido e em escala para startups inovadoras e incentivo ao desenvolvimento e aos testes dessas aplicações. Um dos exemplos trazidos na publicação vem do Chile, onde uma plataforma criada com apoio do BID conecta engenheiros e projetistas a médicos e membros do Ministério da Saúde local para acelerar a criação de respiradores mecânicos.
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Desenvolvimento produtivo:
diante da redução da demanda, da dificuldade de obtenção de insumos e de falta de liquidez, em especial nas PMEs, o documento destaca as medidas de suporte financeiro e de digitalização dos negócios como medidas para atravessar a crise. E recomenda a adesão de protocolos de segurança sanitária para a fase de reabertura gradual do comércio e a adaptação da produção para itens que terão maior demanda – como insumos de saúde. O Brasil é citado na publicação, que destaca os esforços do Sebrae para auxiliar pequenos empresários a emitir nota fiscal online e a aprender a fazer marketing digital.
Diretrizes e pontos de reflexão para políticas públicas
Além de desafios e soluções concretas, a publicação também propõe quatro pontos de reflexão para a formulação de diretrizes públicas para aliviar a crise causada pela covid-19:
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É preciso equilíbrio entre apoio urgente às empresas e ações para crescimento futuro:
Sem financiamento agora, muitas empresas não sobreviverão; mas sem apoio para a readequação aos novos tempos, a recuperação será mais lenta do que o desejado.
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Infraestrutura local é importante:
A crise é global, mas os desafios são respondidos também em nível local. A pandemia mostrou a importância de cada país dispor de capacidades para teste e até monitoramento digital disponíveis e compatíveis com as realidades e legislações regionais.
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Ecossistemas de inovação maduros respondem melhor:
Países em que as redes de inovação têm maior solidez e diálogo com governo, bancos e indústria têm dado respostas mais contundentes diante desta pandemia.
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Oportunidades para transformação:
O contexto atual tem acelerado a digitalização de governos e economias e é também a chance de, no apoio à retomada, promover modelos socioeconômicos mais sustentáveis
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