Embora não tenhamos conhecimento disso, os cidadãos geram enormes quantidades de dados a cada minuto. Nossos telefones celulares e computadores, sensores de tráfego ou câmeras de vigilância por vídeo produzem e armazenam informações continuamente. Que as administrações municipais saibam processá-las, analisá-las e usá-las corretamente pode ajudar a resolver muitos dos desafios comuns em nossas cidades, como engarrafamentos, níveis de poluição, acidentes de trânsito etc.
O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), em seu compromisso com a recuperação econômica e social da região, adotou um roteiro, Visão 2025: Reinvestir nas Américas, que tem como um de seus principais pilares a transformação digital. De fato, a digitalização de nossas cidades é um estímulo que se tornará essencial para o desenvolvimento de políticas públicas baseadas em evidências. Por isso, neste blog, abordaremos a importância do processamento de dados em larga escala, também chamado de Big Data, para melhorar a vida dos cidadãos e facilitar o crescimento sustentável e inclusivo das cidades da América Latina e do Caribe (ALC).
Como aplicar uma estratégia de Big Data na minha cidade?
Os líderes municipais muitas vezes desconhecem a grande quantidade de dados gerados em suas cidades. Esses dados, tanto públicos quanto privados (estes últimos, sob prévio acordo com seus proprietários), estão à disposição dos municípios. Mas os técnicos das cidades sabem como usá-los para desenvolver políticas públicas baseadas em evidências? A maioria não, e com este blog esperamos lançar luz sobre este grande desafio para a região.
Algo muito importante para se ter em mente: coletar e ter acesso aos dados não é suficiente. É preciso saber organizá-los, adaptá-los e processá-los. Os dados, uma vez trabalhados de forma consistente e com um propósito definido, são muito importantes tanto para subsidiar decisões quanto para o desenvolvimento de políticas públicas baseadas em evidências.
Então, como as cidades da ALC podem aprender a organizar, adaptar e processar Big Data, para otimizar suas políticas públicas? A Divisão de Desenvolvimento Urbano e Habitação do BID, juntamente com a Fundação Getúlio Vargas, publicou um estudo, resultado do projeto Big Data para Desenvolvimento Urbano Sustentável, cujo objetivo é explicar às cidades da ALC como fazer o melhor uso do Big Data para resolver os problemas de seus municípios. O projeto foi financiado com recursos da Iniciativa de Bens Públicos Regionais (BPR) do BID, que seleciona e apoia projetos de cooperação regional entre três ou mais países da América Latina e do Caribe em questões de desenvolvimento por meio de convocações públicas anuais.
Big Data para Desenvolvimento Urbano Sustentável: o manual para cidades “inteligentes” orientadas por dados
A publicação Big Data para o Desenvolvimento Urbano Sustentável oferece respostas para as cidades da ALC que desejam aprender a otimizar suas estratégias de Big Data. Apresenta, de forma simples e atrativa, o caminho que os municípios que buscam um novo modelo de gestão devem seguir e recomenda a utilização de dados massivos de forma produtiva para desenvolver políticas públicas mais efetivas para seus cidadãos.
O estudo apresenta um modelo que permitirá aos leitores tomar decisões mais eficientes e desenvolver e monitorar políticas públicas baseadas em evidências usando big data. Está dividido em cinco capítulos, que tratam dos seguintes temas:
Experiência prática internacional
O primeiro capítulo contextualiza o tema e os principais conceitos em torno do uso de Big Data pela administração pública. Mostra como cidades de diferentes partes do mundo utilizam tecnologias inteligentes para coletar e processar dados a fim de melhorar suas operações e a oferta de serviços aos cidadãos.
O projeto Big Data para o Desenvolvimento Urbano Sustentável
O segundo e terceiro capítulos apresentam o projeto Big Data para Desenvolvimento Urbano Sustentável, desenvolvido pela Fundação Getulio Vargas, sua metodologia e o diagnóstico big data das cinco cidades participantes deste programa: Miraflores (Peru), Montevidéu (Uruguai), Quito (Equador), São Paulo (Brasil) e Xalapa (México). A análise inclui a situação das condições tecnológicas e legais desses municípios, bem como um mapeamento detalhado de seus serviços, dados e informações já disponíveis em cada um deles.
Recomendações para se tornar uma cidade inteligente baseada em dados
O último capítulo apresenta recomendações de ações para migrar de um modelo de cidade tradicional para uma cidade inteligente, ou seja, orientada por dados.
No formato de checklists de itens a serem ponderados, as recomendações levam em consideração fatores como:
- a preparação e aprovação de uma política de dados
- a formação de alianças para projetos-piloto de análise de dados
- a criação de uma equipe de análise de dados por ato administrativo
- a celebração de alianças público-privadas para coleta e tratamento de Big Data e a criação da equipe de gestão
Recomendações para a implementação de políticas orientadas por dados
O estudo é um guia prático e útil para as cidades da ALC. Por isso, apresenta uma série de recomendações para a formulação e implementação de políticas de inovação. Dentre eles, destacam-se o mapeamento e qualificação de insumos, o diagnóstico de problemas, a validação de soluções em conjunto com gestores públicos e a importância do monitoramento e avaliação para a melhoria contínua das soluções-modelo. A publicação também aborda o desafio das cidades de se adaptarem durante a pandemia de COVID-19 e o impulso que a digitalização tomou conjuntamente em todo o mundo.
Acreditamos que este guia servirá para alavancar o uso de políticas baseadas em dados em nossas cidades e, portanto, para melhorar a vida dos cidadãos, facilitando o crescimento sustentável e inclusivo dos municípios da ALC.
Este texto foi publicado originalmente em espanhol, no blog Ciudades Sostenibles.
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