Este blog foi publicado originalmente em espanhol, em Ciudades Sostenibles.
Cada vez mais pessoas estão fazendo de bicicleta percursos que antes faziam em veículos motorizados. As restrições sanitárias da pandemia foram, em muitos casos, o principal incentivo para descobrirmos os benefícios deste veículo. Agora, o aumento dos preços dos combustíveis como resultado da guerra na Ucrânia significa que o transporte de bicicleta está se tornando a melhor alternativa para se locomover pela cidade de forma econômica e saudável. Embora não seja uma opção válida para todos, por limitações físicas, de saúde, idade ou outros fatores, o hábito do ciclismo urbano pode ter vindo para ficar.
Em 2018, a Organização das Nações Unidas (ONU) decretou 3 de junho como Dia Mundial da Bicicleta para promover seu uso como meio de transporte sustentável. Por ocasião da data, abordamos neste blog a importância de ter uma infraestrutura adequada que facilite o ciclismo nas cidades, e a forma como o Grupo BID apoia o desenvolvimento de um planejamento urbano amigo do ciclista nas cidades da América Latina e do Caribe (ALC).
A relevância de ciclovias seguras para nossas cidades
Os ciclistas, juntamente com os pedestres, são um dos grupos rodoviários mais vulneráveis porque, em caso de colisão, correm maior risco de lesões. As ciclovias são o tipo de infraestrutura mais adequado para facilitar o deslocamento de bicicletas. Embora tenham características diferentes e liguem vários lugares, em áreas urbanas caracterizam-se por serem uma faixa exclusiva de vias públicas devidamente sinalizadas para o tráfego de bicicletas.
Este tipo de caminho oferece pelo menos três vantagens para o ciclista:
- Segurança: a ciclovia é um espaço seguro para circular pela cidade, minimizando o risco de acidente. Em muitos casos, permite que o ciclista pedale mais relaxado e focado em seu movimento, em vez de ter que evitar perigos reais ou potenciais.
- Economia: Ter um espaço para trânsito livre favorece o abandono da circulação por veículo motorizado, reduzindo o orçamento para o transporte.
- Maior mobilidade: A ciclovia permite que um maior número de ciclistas circule simultaneamente em comparação com as ruas reservadas para veículos automotores, tornando a bicicleta um transporte rápido e fluido.
Da mesma forma, as ciclovias proporcionam um conjunto de benefícios para a cidade e o bairro onde estão localizadas:
- Engarrafamentos de veículos motorizados são reduzidos
- Descongestionamentos de áreas de estacionamento para veículos
- Aumento do consumo local favorecendo pequenos e médios comerciantes no bairro, e a geração de empregos
- Redução da emissão de gases poluentes, como dióxido de enxofre (SO2), dióxido de carbono (CO2), monóxido de carbono (CO) e óxido de nitrogênio (NOx)
Tendo em vista que um dos principais desafios em nível global é reduzir o aumento da temperatura do planeta causado pelos gases do efeito estufa, as ciclovias e o transporte em bicicletas são aliados para que as nossas cidades se tornem espaços mais sustentáveis e saudáveis.
Ciclovias constroem cidades mais sustentáveis e saudáveis
De acordo com um estudo do Greenpeace, a mobilidade urbana gera cerca de 10% do total de emissões de gases de efeito estufa, dos quais o transporte motorizado é uma das principais causas. Reduzir as emissões de gases nocivos produzidos pelo transporte motorizado é provavelmente a forma mais direta de os cidadãos ajudarem a resolver a crise climática. Usar o transporte público, caminhar em vez de usar o carro em distâncias curtas e, principalmente, usar a bicicleta, são uma excelente forma de construir cidades mais sustentáveis.
Um estudo recente na Grã-Bretanha concluiu que, se a bicicleta (em seu modo elétrico) fosse usada para substituir o transporte motorizado, 0,7 toneladas de CO2 deixariam de ser emitidas por ano por cada pessoa que fez a substituição. Isso equivale à metade dos gases nocivos atualmente emitidos pelos carros por pessoa. Outro estudo mostra que, se um em cada quatro residentes na Europa escolhesse a bicicleta para circular pela cidade todos os dias, cerca de 10.000 mortes prematuras devido à poluição seriam evitadas todos os anos. É inacreditável, mas a poluição do ar em nossas cidades está reduzindo a expectativa de vida global em uma média em 1,8 ano por pessoa. Isso faz com que seja a principal causa de morte no mundo! Portanto, ter uma rede adequada de ciclovias, especialmente nos bairros de nossas cidades, não só reduziria substancialmente a poluição, mas também teria um impacto na saúde de seus habitantes, além de outros incríveis benefícios.
Compromisso do Grupo BID com a infraestrutura cicloviária
Na ALC, a cultura da bicicleta continua a evoluir à medida que as autoridades locais se esforçam para melhorar sua infraestrutura. Por exemplo, o Global Bicycle Cities Index (GBCI) 2022 identifica cinco cidades da região no ranking dos noventa municípios mais amigos do ciclista do mundo. Embora o número de quilômetros de ciclovias seja apenas um dos fatores considerados na elaboração deste ranking, é animador constatar que as cidades da região continuam ampliando sua rede de ciclovias. Das cinco cidades do GBCI, São Paulo tem quase 700 km; Bogotá, 564 km; Santiago do Chile, 400 km; Cidade do México, 370 km; Buenos Aires, 272 km; Cáli, 192 km; e Medellín, 120 km. Isso não é pouco…
O Grupo do BID está comprometido com a construção de ciclovias em toda a região há anos, financiando ou prestando assessoria técnica a muitas cidades para promover a criação de infraestrutura amigável para os ciclistas. Aqui estão algumas das iniciativas mais recentes:
- República Dominicana: Em 2020, o BID prestou assistência técnica, em coordenação com a Agência Francesa de Desenvolvimento AFD, na definição de planos de mobilidade urbana sustentável em várias cidades do país. Especificamente, na Grande Santo Domingo, o BID acompanhou de forma transversal o INTRANT, como agência reguladora, na priorização de até 10 km de novas ciclovias.
- Honduras: O Laboratório de Cidades do BID, juntamente com a Prefeitura de Tegucigalpa e o Laboratório Urbano de Naranja, apoiaram a implementação das primeiras ciclovias no projeto piloto de 3.8 quilômetros no centro histórico da capital hondurenha em 2020.
- Brasil: Em Manaus, capital do Estado do Amazonas, o BID colocou em serviço 2.221 km de ciclovias, dentro do Programa Socioambiental de Manaus e Interior III (Prosamin III). Também deu luz verde para a abertura de uma licitação pública internacional que, entre outros, inclui a construção de 1.746 km de ciclovias, dentro do programa Prosamin+. Paralelamente, como parte do projeto Mané Dendê, 2.200 km de ciclovias estão sendo construídos em Salvador, na Bahia, com financiamento do BID. Da mesma forma, o programa Procidades de Brasília construiu 4,9 quilômetros de ciclovias no Polo Juscelino Kubitschek, em Santa Maria, e está prestes a inaugurar, em agosto, mais 17 quilômetros na Área de Desenvolvimento Econômico em Ceilândia.
- Uruguai: O BID Invest, instituição do setor privado do Grupo BID, concedeu em 2022 um empréstimo de US$ 46 milhões a uma construtora para reabilitar, construir, projetar e manter um trecho de 78 km (Montevidéu-San Ramón) da Rota 6, que liga à fronteira brasileira. A obra inclui, entre outros aspectos, a construção de ciclovias.
- Argentina: Em Mendoza, o BID financia -através de um empréstimo- a construção de ciclovias metropolitanas dentro do segundo Programa de Desenvolvimento das Áreas Metropolitanas do Interior (DAMI II), uma iniciativa cujo objetivo, entre outros, é que “a cada 5 quadras os cidadãos da Grande Mendoza tenham acesso a uma ciclovia“. A primeira etapa deste projeto contempla a construção de um total de 81,5 km, cujo percentual de conclusão é de 13% de setembro de 2021 a janeiro de 2022. Da mesma forma, na província de Neuquén, o Banco está financiando 4,4 km da ciclovia conhecida como Senda Recreativa a Catritre, no Parque Nacional Lanín.
Sustentabilidade e segurança com os pedais
O Grupo BID está firmemente comprometido com a promoção de cidades mais sustentáveis e seguras para todos os seus habitantes. Constantemente estão sendo realizados trabalhos com autoridades e cidadãos para que as cidades da ALC possam ser percorridas e usufruídas com segurança de bicicleta. Embora o caminho ainda seja longo, estamos cada vez mais próximos de alcançar um planejamento urbano amigo do ciclista.
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Agradecimentos: Muito obrigado a Alejandro López-Lamia por sua valiosa revisão e comentários. Também a Nora Libertun and Jorge Silva (CSD/HUD), Gustavo Méndez (INE/WSA) , Alejandra París (CSD/CCS), Jose Luis Lobera (KIC/URC ), Natalia Soler (CSC/CAR), Claudia Olivera (CSC/CBR) , Diego Álvarez (KIC/DCC), Sofía Alonzo (CSC/CUR) e Patricia Reinoso (CID/CDR) pelo apoio direto ou indireto e coordenação.
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