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10 cartões postais de uma longa jornada na construção da agenda regional de desenvolvimento infantil (Parte II)

May 8, 2023 por Marta Rubio-Codina - Patricia Jara Males - Carolina Freire Leave a Comment


Na primeira parte desta amostra de operações apoiadas pelo Banco para o desenho, implementação e avaliação de serviços para a primeira infância, conhecemos cinco experiências destacadas entre os muitos esforços realizados por nossa equipe para melhorar o desenvolvimento infantil na América Latina e Caribe. Completamos essa compilaçãocom outros cinco casos de interesse.

Construindo melhores competências para um atendimento de qualidade no Equador

Um desafio para todos os países da região é expandir a cobertura dos serviços de desenvolvimento infantil, incorporando padrões de qualidade. Um projeto financiado pelo Banco no Equador está assumindo esse desafio, apostando em melhorias tanto na qualidade estrutural como nos processos dos serviços. Em outras palavras, enquanto se avança na melhoria de padrões estruturais para a geração de espaços físicos de trabalho com crianças, atenta-se para a qualidade das interações, que são fundamentais para a obtenção de bons resultados. A operação agora em curso tem enfatizado a aquisição de materiais pedagógicos e lúdicos para os Centros de Desenvolvimento Infantil (CDI) e o serviço de acompanhamento familiar Crescendo com Nossos Filhos (CNH), bem como o fortalecimento de suas metodologias e conteúdos. Também abordará melhorias na gestão desses serviços, com ações como a introdução de mecanismos de priorização de usuários e monitoramento de provedores externos ou digitalização de processos-chave de gestão no território e equipamento tecnológico das unidades de cuidado.

Gerando evidências sobre a ampliação de uma intervenção eficaz na Jamaica

As evidências geradas nas avaliações de intervenções comprovadas em pequena escala são fundamentais para planejar a transformação dessas experiências em políticas de amplo alcance. Esse é o caso do programa de  visita domiciliar Reach Up, implementado na Jamaica, que incorpora um importante componente de intervenção com pais. O desafio, nesse caso, tem sido obter um  modelo de intervenção eficaz  de trabalho com as famílias, para sua implementação em escala nacional. Com o apoio do Banco, estão sendo geradas evidências valiosas que nos permitem entender quais são os elementos de sucesso do programa e os espaços de oportunidade nos quais trabalhar, à medida que avançamos na ampliação da cobertura. Enquanto a avaliação de impacto que permitirá contar com esse conhecimento está sendo desenvolvida, já existe um manual interessante  que oferece conteúdo para promover interações destinadas a crianças de 0 a 36 meses, com atividades que exigem poucos materiais, são simples de executar e usam coisas que estão facilmente disponíveis.

Garantindo a qualidade das intervenções de educação à distância na Colômbia

A melhoraria da prestação de serviços de qualidade na primeira infância deve focar em como as estratégias de atenção são implementadas em áreas rurais e dispersas, pois é aí que muitas vezes há disparidades significativas. Outro aspecto fundamental são a formação e o acompanhamento adequados de talento humano, especialmente em locais mais remotos e com maiores dificuldades de conectividade. A estratégia de educação infantil conhecida como Conectar para Educar, da Colômbia, oferece orientação pedagógica, materiais e recursos a educadores e famílias, buscando, assim, fortalecer suas capacidades. Também inclui uma solução de treinamento à distância para cuidadores, educadores e professores de pré-escola via WhatsApp ou web e estratégias de comunicação comunitária. Para avançar na integração desse modelo à estrutura regular de prestação de serviços integrais de desenvolvimento infantil no país, o Banco vem apoiando o acesso à estratégia a partir da plataforma do Instituto Colombiano de Bem-Estar Familiar (ICB) e por meio  de processos existentes de formação de talentos humanos.

Projetando a expansão sustentável de visitas domiciliares no Brasil

Os programas de visita domiciliar são uma maneira muito eficaz de garantir uma estimulação adequada em casa e o desenvolvimento das crianças entre as populações urbanas pobres. O cuidado de crianças em áreas urbanas pobres do Brasil sob esta modalidade tornou-se uma prioridade. Um projeto apoiado pelo banco buscou ampliar, na cidade de Boa Vista,  um programa de visitas domiciliares previamente avaliado, por meio da ação de agentes de desenvolvimento infantil capacitados para essa tarefa. Esse projeto incorporou uma  inovação importante: a realização de atividades de treinamento e acompanhamento de pais sem pessoal adicional ou maiores exigências de tempo de presença das mães, por meio de reuniões de grupos locais existentes. A população-alvo são gestantes do Bolsa Família a partir de 21 semanas de gestação e crianças de até 36 meses de vida.

Investindo em interações de qualidade no acompanhamento das famílias no Peru

O programa peruano Cuna Más foi pioneiro na institucionalização de estratégias combinadas para o cuidado integral do desenvolvimento da primeira infância. Seu  serviço de Acompanhamento a Famílias  (SAF) oferece visitas domiciliares em áreas rurais e dispersas, para transmitir práticas parentais e estimulação precoce às famílias, enquanto seu Serviço de Creche (DSC) realiza atividades pedagógicas em berçários de áreas urbanas. Por meio de várias avaliações, esse programa de impacto comprovado tem mostrado a relação entre a qualidade dos programas de trabalho com famílias e seus resultados no desenvolvimento infantil. Em particular, destaca-se a relevância do número e da qualidade das visitas realizadas pelas facilitadoras, razão pela qual a operação financiou assistência técnica para melhorar os processos de formação e acompanhamento de facilitadoras e suas mentoras, bem como a produção de material educativo.

Três considerações finais sobre como buscar eficácia no desenvolvimento infantil

Tão difícil quanto selecionar apenas 10 operações de um conjunto bastante numeroso de boas experiências, é fazer uma síntese das ricas evidências que elas têm fornecido em termos de como melhorar os níveis de desenvolvimento das crianças em idades precoces.

À luz dos casos apresentados, ficamos com três mensagens-chave:

  • A gestão de processos e o fortalecimento de capacidades em recursos humanos são fundamentais para garantir a qualidade das intervenções, independentemente da modalidade.
  • Uma estratégia integral que promova efetivamente o desenvolvimento infantil é aquela que oferece diversas modalidades de atendimento, observando em todas elas, ao mesmo tempo, a cobertura e a qualidade.
  • A ampliação dos serviços para o desenvolvimento infantil deve ser baseada em evidências, pois apenas as avaliações podem mostrar se uma modalidade é eficaz e quais são as condições de implementação das quais depende seu sucesso.

Convidamos você a compartilhar essas mensagens e refletir sobre como esses princípios foram aplicados em seu país. E para saber mais sobre inovações no desenvolvimento da primeira infância, convidamos você a visitar o hub de conhecimento que criamos para compartilhar essas experiências.


Filed Under: Políticas e programas Tagged With: Banco Interamericano de Desenvolvimento, BID, Desenvolvimento da Primeira Infância, Primeira Infância

Marta Rubio-Codina

Marta Rubio-Codina é economista sênior da Divisão de Proteção Social e Mercados Laborais do BID, onde trabalha em projetos de desenvolvimento da primeira infância. Foi pesquisadora do Instituto de Estudos Fiscais de Londres. Ela é PhD em Economia pela Universidade de Toulouse, França.

Patricia Jara Males

Patricia Jara é especialista no Chile na Divisão de Proteção Social e Saúde do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

Carolina Freire

Carolina Freire é Especialista em Proteção Social e Saúde do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Ela é bacharel em Política Internacional pela Universidade de Georgetown e mestre em Políticas Públicas pela Universidade do Texas. Ela é membro do Aspen Institute e Young Global Leader 2012 do Fórum Econômico Mundial. Ela fundou os Voluntários do Panamá, uma organização que mobiliza e conecta os panamenhos com causas e organizações que precisam deles.

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