“Você quer uma sacolinha?” Não importa se o que você comprou foi um mero gibi na banca de jornal ou um chocolate na padaria da esquina – itens que podem ser facilmente carregados na mão ou guardados na bolsa -, a pergunta sempre vem, pelo menos em cidades como São Paulo, Rio e Salvador. E tem muito de cultural. Não oferecer a sacolinha parece soar como descaso, um desserviço ao cliente. Recusá-las também causa certa estranheza. E dependendo da localização geográfica, levar a própria sacola só não é esquisito quando se vai à feira livre.
Embora o consumo de sacolas plásticas tenha apresentado queda nos últimos anos – entre 2007 e 2012 houve uma redução de 32%, segundo dados do setor -, o uso continua excessivo. Estima-se que no Brasil 1,5 milhão de sacolinhas sejam distribuídas diariamente. Para complicar ainda mais a situação, alguns esforços para mudar essa realidade acabaram sendo golpeados. Em São Paulo, após muitas idas e vindas, uma lei que proibia a distribuição gratuita em supermercados acabou anulada.
Da mesma maneira que é preciso bom senso quando se discute o uso do plástico – não se pode transformá-lo no grande inimigo da humanidade, responsável por todas as nossas mazelas – também é preciso ter sensibilidade na hora de utilizá-lo. Precisamos mesmo de sacolinhas quando vamos à banca de jornal comprar revistas?
Outro grande problema é o descarte, já que:
- Sacolinhas de plástico levam 200 anos para se decompor.
- Todos os anos, mais de 100 mil tartarugas marinhas morrem por causa das sacolinhas que vão parar nos oceanos. No Brasil, também não faltam exemplos de tartarugas que perdem a vida por ingerirem plásticos, pensando ser algas, que não conseguem digerir. Muitas outras espécies também são afetadas.
E em outros países?
A utilização do plástico é fonte de debate e controvérsia em diversas cidades do mundo. Mas muitos já deles adotam medidas restritivas, como Barcelona, na Espanha. “Quando cheguei a Barcelona, há quatro anos, eu já sabia que as sacolinhas de supermercado grátis tinham se tornado coisa do passado. Mas o que realmente me impressionou é que, mesmo diante da possibilidade de comprá-las por módicos 0,05 euros, poucos o fazem: todos têm sua bolsa reutilizável ou seu carrinho, semelhantes aos que no Brasil são utilizados nas feiras livres”, conta a brasileira Michelly Teixeira.
Ela destaca o eficiente sistema de reciclagem da cidade – que realmente não tem paralelo no Brasil -, mas também o envolvimento da população. Em 2009, cada espanhol utilizava 300 saquinhos plásticos por ano; hoje, são 133 por cidadão. E os índices devem continuar caindo, já que a partir do ano que vem, os supermercados terão de incluir nas embalagens plásticas advertências semelhantes às que são veiculadas nas embalagens de cigarro.
Por aqui, enquanto algumas leis são revertidas – como no caso de São Paulo -, reduzir o consumo e descartar plástico com consciência – nada de sacolinhas abandonadas pela orla – já seriam um bom começo. Abaixo o vício da sacolinha!
Leave a Reply