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Obras públicas em tempos de pandemia: como um parque de São Luís manteve reformas sem renunciar à prevenção

10/02/2021 por Tatyana Silva de Medeiros - Luciana Parga Torres - Clementine Tribouillard Deixe um comentário


O Parque do Bom Menino, localizado no Centro Histórico de São Luís (MA), é uma área de convivência e encontro para a sociedade ludovicense. A expectativa pela revitalização era grande. Um parque novinho é bom demais, né? E quando a revitalização ultrapassa as intervenções físicas e contempla um trabalho social que se reflete na melhoria da convivência em comunidade, é melhor ainda. Quem for ao Parque do Bom Menino agora encontrará melhorias urbanísticas, paisagísticas, de iluminação e acessibilidade; novos equipamentos para práticas esportivas, espaços administrativos, além de estrutura para pequenas atividades comerciais.  

Toda essa evolução ficou ameaçada com a chegada da COVID-19 no início de 2020, que exigiu  esforços transformadores no cotidiano da população. No Parque do Bom Menino não foi diferente: parte da obra de requalificação foi realizada durante o pico da pandemia, o que demandou um novo olhar no planejamento de execução do projeto. 

Sendo a construção civil considerada como atividade essencial, um plano estratégico eficiente e emergencial foi desenvolvido possibilitando a preservação da saúde de todos os envolvidos, de forma a reduzir os riscos de contaminação e um andamento seguro da obra. O resultado? Entrega do parque dentro do cronograma planejado, marcando com louvor um capítulo de renovação e valorização dos espaços públicos de São Luís. 

8 medidas de boas práticas adotadas na obra do parque durante a pandemia: 

1. Medidas gerais de prevenção no ambiente de trabalho 

Criação de uma comunicação enfática por meio de palestras e treinamentos informando as medidas de prevenção, além da implementação de sinalizações sobre as recomendações de higiene e segurança sanitária pelas áreas da obra. 

Kit de máscaras

2. Preparação do ambiente para permitir a higiene frequente 

Distribuição de kits de higiene para os trabalhadores da obra, aferição de temperatura e uso de tapetes sanitizantes. 

3. Políticas e práticas de flexibilização no local de trabalho 

Liberação da equipe de trabalho uma hora mais cedo para evitar exposição no horário de pico no transporte coletivo, os funcionários de grupo de risco foram afastados das atividades, controle de pessoas nas áreas de uso comum como banheiros e refeitórios e divisão das equipes por turnos para evitar aglomerações. 

4. Medidas em caso de pessoas infectadas na obra 

Realização de procedimentos indicados pela Organização Mundial de Saúde (OMS): afastamento imediato do funcionário e quarentena aos que mantiveram algum contato com infectados. 

5. Redimensionamento das ações sociais na comunidade 

Adequação das ações do Trabalho Técnico Social, deixando de ser presenciais e passando a ser remotas, garantindo a continuidade das atividades e do relacionamento com o público preferencial do entorno das obras. 

6. Atendimento às pessoas pelo Plantão Social 

Alteração do plantão social que passou a ser agendado e de forma individual.

7. Reuniões e oficinas 

Criação de novos formatos para as reuniões e oficinas. Elaboraram-se lives, entrevistas, posts e vídeos compartilhados nos canais on-line como redes sociais e WhatsApp. 

8. Campanha sobre saúde e bem-estar e palestra sobre higiene pessoal e alimentar 

Execução de campanha de distribuição de kits anti-COVID (máscara, álcool em gel e manual de orientações) aos usuários e frequentadores do Parque do Bom Menino. 

Medidas de proteção individual e higienização em todos as etapas.
Fonte: Prefeitura Municipal de São Luis 

Assim, com várias práticas cotidianas sendo ressignificadas, como comprovado internacionalmente, as áreas verdes têm sido relevantes, tanto nos aspectos sociais, ambientais e culturais, quanto no aspecto de saúde à população. O parque agradou os usuários e moradores da região. Raimunda Martins, moradora do entorno e frequentadora do Parque, disse que a reforma transformou o espaço. “Eu sempre vinha ao parque, era tudo mal cuidado e feio, e agora está lindo e muito melhor para fazer minhas atividades físicas e passear com mais tranquilidade porque temos um lugar bem mais seguro também”, relata.  

Fonte: Secretaria Municipal de Projetos Especiais / Crédito: Luciana Parga Torres

O que é Programa de Revitalização do Centro Histórico de São Luís (PROCIDADES) 

As obras são viabilizadas por um acordo de empréstimo com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), em um programa que prevê a requalificação física, econômica e social do Centro Histórico da cidade de São Luís. A Prefeitura de São Luís executa os projetos de revitalização por meio da Secretaria Municipal de Inovação, Sustentabilidade e Projetos Especiais (SEMISPE). 

As reformas destas áreas contribuem para a melhoria da qualidade de vida da população por meio da execução de paisagismo, urbanização, iluminação, mobiliário urbano, construção e reforma de quiosques, serviços de drenagem, pavimentação e sinalização horizontal e vertical, acesso a transporte público e condições de acessibilidade universal, tanto para pessoas com mobilidade reduzida, quanto para pedestres e ciclistas. 


Fonte: Secretaria Municipal de Comunicação / Crédito: Honório Moreira

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Arquivado em:Cidades, Gestão de projetos, Ideação, Infraestrutura Marcado com:cidades, desenvolvimento urbano, obras públicas, pandemia, revitalização centros urbanos

Tatyana Silva de Medeiros

Tatyana Silva de Medeiros é arquiteta e urbanista, mestre em planejamento urbano pela Sorbonne Nouvelle – IHEAL (Instituto de Altos Estudos Latinoamericanos) em Paris, e Coordenadora Geral da Unidade de Gerenciamento do Programa de Revitalização do Centro Histórico de São Luís, projeto desenvolvido pela Prefeitura de São Luís com financiamento do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Como arquiteta, exerce outras atividades paralelas no setor terciário com projetos diversos de arquitetura e urbanismo, além do restauro de obras de arte e bens móveis, sua mais recente atividade.

Luciana Parga Torres

Luciana Parga é publicitária e consultora individual em publicidade atuando no Programa de Revitalização do Centro Histórico de São Luís. Publicitária com atuação destacada no mercado de comunicação, já desenvolveu trabalhos para grandes anunciantes da área privada. Possui especialização em Gestão em Marketing, Gestão Empresarial e Gestão de Projetos e participou da direção em órgãos e entidades de classe como Associação Comercial do Maranhão (ACM) e Associação dos Jovens Empresários (AJE/MA).

Clementine Tribouillard

Clémentine Tribouillard é especialista na Divisão de Habitação e Desenvolvimento Urbano do BID no Brasil desde 2018. Ela é francesa, formada em ciências políticas, tem mestrado em Política Urbana pelo Instituto de Estudos Políticos de Paris e especialização em Sociologia Urbana pela UERJ. Clémentine trabalhou por 3 anos na Caixa Econômica Federal do Rio de Janeiro na concepção de programas de habitação social e na reabilitação de centros urbanos brasileiros, antes de trabalhar por 6 anos na África em programas de melhoria dos serviços urbanos (água, saneamento, resíduos sólidos) para vários doadores. Após o terremoto, morou no Haiti por 5 anos, trabalhando na reconstrução de bairros de baixa renda e reassentando famílias. Ela trabalhou em 35 países em planejamento urbano, desenvolvimento econômico e social, inclusão de gênero, sociedade civil e participação do setor privado. Atualmente, está liderando programas de urbanização de favelas, gestão de risco, reassentamento, habitação social e cidades inteligentes, com foco particular em questões de mudança climática e inclusão social.

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