Eraldo M. Guerra Filho*
Cerca de 1% da população mundial, o equivalente a 70 milhões de pessoas no mundo são diagnosticadas com autismo. Um estudo do Centers for Disease Control and Prevention (CDC) afirma que aproximadamente 44% das crianças identificadas com autismo tem a média intelectual acima da maioria. De acordo com o estudo, o autismo é mais comum entre meninos, um em cada 42, do que entre meninas, uma em cada 189.
Comprometimento da interação social, comunicação e comportamento são algumas das características de quem possui autismo. São essas e outras particularidades que geram interpretações erradas ou são criados mitos sobre o universo autista. Mas então, qual seria a melhor forma dos autistas serem vistos? A resposta é simples, como pessoas normais.
Para ajudar o diálogo entre médicos, fonoaudiólogos, educadores, pais e pessoas com autismo surgiu o Cangame uma ferramenta que apoia de maneira divertida atividades do cotidiano e facilita a comunicação, promovendo maior autonomia social para as pessoas com autismo. A ideia é estimular o processo de aprendizado e tratamento de forma personalizada e específica para cada indivíduo em suas diferentes etapas da vida e em paralelo contribuir para mudar a forma como o mundo vê o autista e não mudar a forma como o autista vê o mundo.
Quando estamos informados sobre diversos assuntos desconstruímos barreiras e equívocos. Apresento abaixo quatro mitos que serão desmistificados com informação:
#Mito 1: pessoas com autismo não sentem empatia
Esse mito foi criado pela dificuldade que as pessoas autistas possuem em decodificar os sinais sociais – as ligeiras mudanças na expressão facial, na linguagem corporal e no tom de voz que são facilmente percebidos. Assim, para ajudar a compreensão das expressões faciais. É possível utilizar o Cangame para criar bancos de imagens, sons, textos e vídeos no formato de uma PEC (Picture Exchange Communcation System) ou rotinas de aprendizado. Mostrando como cada expressão facial está ligada a emoções, de forma interativa e utilizando como reforço cognitivo o cotidiano da mesma ou a personalização desse conteúdo com intensificadores.
#Mito 2: crianças autistas não podem se comunicar
Existem pessoas autistas que possuem dificuldades de comunicação, mas podem falar e se expressar. Assim como cada indivíduo possui sua característica, tempo e forma de aprendizado no universo autista também acontece da mesma forma. Logo, compreender essas características e utilizar artefatos que estimulem a comunicação é fundamental para o processo da construção da fala, escrita, desenvolvimento de emoções, entre outros.
#Mito 3: crianças com autismo não podem ir a escolas tradicionais
Não só podem como devem. Na maioria dos países desenvolvidos crianças com autismo estudam em escolas normais. Mas, para que isso aconteça é importante levar em consideração: se a escola possui profissionais especializados para acompanhar o processo de aprendizado e se a escola possui ferramentas e estrutura para promover a educação adequada.
#Mito 4: adultos autistas não podem trabalhar
Os autistas já adultos podem trabalhar e são ótimos profissionais. Diversas ações pelo mundo provam isso, a Microsoft reserva 5% das vagas mundiais para autistas. Na empresa dinamarquesa de teste de softwares Specialisterne, 80 dos 100 funcionários têm autismo. Uma das pioneiras na contratação de mão de obra autista, ela é um exemplo do grande avanço ocorrido nos últimos anos no universo das pessoas que convivem com esse transtorno. Em alguns casos esse processo acontece por meio da intermediação de profissionais que atuam no emprego apoiado. Onde são inseridas rotinas profissionais por meio de agendamento de atividades, cartões de comunicação (PEC), entre outras.
*Eraldo M. Guerra Filho é CEO e fundador do Cangame, possui mestrado em Engenharia de Software pelo Centro de Estudos de Sistemas Avançados do Recife (CESAR.EDU). É especialista em coordenação e educação a distância, é educador universitário, consultor em Inovação, além de ser empreendedor social.
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