Aimee Verdisco*
Meninas não só têm melhor desempenho que os meninos no ensino médio como também tem mais probabilidade de persistirem e se formarem na faculdade. Para entender porque isso acontece, um novo estudo de DiPrette and Buchmann sugere que precisamos olhar para a oitava série.
As garotas chegam à escola muito mais preparadas para aprender que os meninos. Desde a pré-escola, elas são muito mais atentas, demonstram mais vontade de aprender, são mais persistentes, empáticas e flexíveis que os garotos. E, claro, também se comportam melhor. À medida em que essa diferença entre a vida social e o comportamento aumenta ao longo do ensino básico, começam a surgir lacunas de aprendizado. Na oitava série, quase metade das meninas recebem uma mescla de avaliações entre positivas e destacadas. Já entre os meninos, a proporção é de apenas um terço. Essas estudantes com boas avaliações provavelmente se formarão na faculdade. Além disso, também é provável que as melhores estudantes tenham mais êxito no mercado de trabalho e levem uma fatia cada vez maior do orçamento familiar.
As habilidades dos estudantes na oitava série não são as únicas que nos permitem prever quem concluirá cursos superiores. Os resultados de provas padronizadas também nos dão pistas e, muitas vezes, contam a mesma história já descrita acima. Em todas as pontuações de todos os quintis da Bateria de Aptidões Vocacionais das Forças Armadas (ASVAB, na sigla em inglês), uma prova geral padronizada, mostram que continua sendo mais provável que as mulheres, ao contrário dos homens, se formem na universidade antes dos 25 anos.
Mas diPrette e Buchmann sugerem que analisar as notas de oitava série é um melhor método para prever quem se formará na faculdade que os testes padronizados. E aqui a análise fica realmente interessante.
As notas na oitava série têm muito menos a ver com as qualificações de cada um e muito mais com padrões de comportamento aprendidos desde cedo e que se repetem ao longo do ensino médio e da universidade. As crianças que costumam fazer o dever de casa, faltam a poucas aulas, levam o material escolar para a sala e mantem-se longe de confusão costumam tirar notas melhores nos ensinos fundamental e médio e, em consequência, tem mais probabilidade de concluir o ensino superior. E a maioria desses estudantes são meninas.
Diferenças de habilidades sociais e comportamentais estão no centro da análise de DiPrette e Buchmann. As lacunas identificadas por eles são maiores entre meninos e meninas que entre famílias de baixa renda e classe média ou entre crianças negras e brancas.
Embora não haja uma ampla base de dados, é provável que essas lacunas se reproduzam entre diferentes países. Um exemplo é que no Caribe as meninas têm desempenho melhor que os meninos desde o ensino fundamental. Na oitava série, as taxas de absenteísmo e abandono escolar das garotas são metade da dos garotos.
Muitas escolas têm deixado de cumprir o seu papel de ensinar, especialmente quando se trata dos meninos. O sucesso acadêmico exige mais que força física e inteligência. Devemos dar mais atenção ao desenvolvimento, aperfeiçoamento e adaptação das habilidades sócio-emocionais e de comportamento. E isso precisa ser feito antes que as crianças comecem a entender as diferenças básicas entre meninos e meninas. No mundo inteiro.
* Aimee Verdisco é especialista da divisão de Educação do BID
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