Uma tomografia de pulmão. Um radiologista. Um computador conectado à internet. Com esses três recursos, hospitais de todo o Brasil podem saber, numa escala de 0 a 100, a probabilidade de um paciente ter sido infectado pela COVID-19. A funcionalidade é especialmente relevante diante do desafio que o país ainda enfrenta para ampliar a testagem para o novo coronavírus.
E é para ampliar o leque de opções diante desses desafios que se criou o RadVid-19, plataforma online desenvolvida pelo Hospital das Clínicas da USP (HCFMUSP) com o apoio de 16 parceiros – incluindo o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
A ferramenta usa dois algoritmos de inteligência artificial (AI, na sigla em inglês), um da Alemanha, produzido pela Siemens, e outro da China, desenvolvido pela Huawei, que avaliam padrões de comprometimento pulmonar causados pelo coronavírus.
A tecnologia não substitui a análise dos médicos, nem poderia. Mas auxilia na avaliação diagnóstica: apenas com o olho humano, identificar COVID-19 por meio de imagens requer muita prática – algo desafiador diante de uma doença ainda nova e da escassez de especialistas médicos em diversas localidades do país.
A importância da ferramenta é também grande pelo fato de que nem sempre há um médico radiologista especializado em doenças do pulmão disponível em todos os plantões, sobretudo em hospitais de menor porte. Nesse contexto, a tecnologia aliada à avaliação clínica resulta em tomadas de decisão mais rápidas e precisas, permitindo, por exemplo, à equipe a acomodar um paciente o quanto antes em leito adequado, com menor risco de contaminação a outros doentes, em caso de alta probabilidade de o caso ser de COVID-19.
O RadVid-19 também mostra o percentual de cada lóbulo pulmonar comprometido, seja pela COVID-19 ou por qualquer outra doença respiratória.
Hospitais de diferentes portes
Até a última segunda (13 de julho), a ferramenta já havia processado mais de 8 mil exames em 18 hospitais de diferentes portes e configurações: de hospitais públicos como o próprio Hospital das Clínicas da USP a instituições privadas de renome como o Hospital Sírio Libanês e organizações de relevância local como o Hospital Primavera de Alagoas.
A ferramenta está disponível para qualquer hospital brasileiro e é pertinente no momento em que o novo coronavírus continua avançando pelo país, e diversos estados e municípios enfrentam dificuldades para adquirir ou processar os testes específicos para detectar a doença.
Acreditamos que as inovações precisam ser simples, e esse é o caso dessa solução. Para usá-la, os hospitais precisam apenas cadastrar seus médicos e radiologistas do corpo clínico no site da ferramenta. A equipe do Instituto de Radiologia do HCFMUSP entra em contato e auxilia na realização do cadastro e das configurações iniciais.
Inovação em saúde
O RadVid-19 é mais um exemplo concreto do potencial da inovação na saúde. A solução nasceu no Inova HC, frente de inovação do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.
Com apoio de médicos, estudantes, governo e instituições como o BID, o InovaHC procura encorajar a inovação no âmbito hospitalar.
Utilizando a inteligência colaborativa e novas tecnologias, espera-se desenvolver mais soluções como o RadVid-19, que sirvam não apenas ao HC, mas que ajudem a diversos hospitais a enfrentar desafios comuns e auxiliar na prestação de serviços de saúde de qualidade.
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