Vanderleia Radaelli*
O polo de fruticultura do norte do estado de Minas Gerais, entre as cidades de Jaíba, Janaúba e Verdelândia, é parte de um dos sete Arranjos Produtivos Locais (APLs) que receberam investimentos orientados a estimular a competitividade de pequenas e médias empresas do estado. Os recursos foram aplicados em capacitações e na busca por mecanismos de inovação, bem como a articulação dos APLs com outras empresas e instituições governamentais em níveis estadual e federal.
A ideia do projeto é que os produtores percebam as vantagens de se adotar uma postura empresarial para o trabalho no campo, otimizando recursos para melhorar a produção, a comercialização e os lucros de suas propriedades, promovendo assim uma transformação profunda na fruticultura da região. Nesse caminho identificamos três fatores que foram fundamentais para que os produtores imprimissem atitudes empreendedoras:
Capacitação
Os produtores do Perímetro Irrigado do Jaíba participaram de uma rodada de capacitações e ações de inteligência produtiva, como a promoção de viagens de conhecimento e prospecção a mercados externos. Entre 2012 e 2013, foram realizadas 65 capacitações entre gestão empresarial, financeira e de pessoas. Aproximadamente 250 empresários receberam capacitação, destes, 45 do polo de fruticultura, além de 1200 atendimentos de reforço à competitividade industrial, por meio de ações nas áreas de desenvolvimento sócio ambiental, tecnologia, inovação, entre outros.
Competitividade industrial
Elevar a produção a patamares internacionais de reconhecimento é outra maneira de gerar competitividade. Nesse sentido a obtenção do Global Gap, selo que permite a exportação de frutas para a União Europeia, foi um fator determinante de posicionamento. Para consegui-lo, o grupo teve que reformar padrões de produção, aperfeiçoando-os para os mais elevados níveis de qualidade. Somando-se a outras propriedades, a manga palmer por exemplo, passou de 100 toneladas embarcadas em 2012 para 700 toneladas em 2013, enquanto mais de quatro mil toneladas de limão foram embarcadas em 2013.
Logística e fortalecimento de governança local
Uma das decisões tomadas de forma coletiva entre todos os atores envolvidos no programa, o que inclui a participação dos produtores, foi fazer um estudo detalhado sobre quais obras deveriam ser feitas de forma a potencializar a malha rodoviária da região e encurtar caminhos para o escoamento das frutas para os grandes centros e pontos de exportação (portos e aeroportos). O mapeamento encontrou diversas oportunidades de obras de pavimentação e construção de estradas, de forma a encurtar vários percursos e, consequentemente, diminuir preços e aumentar a produtividade.
Com a aplicação de um modelo mais horizontal de gestão e uma visão empresarial em todas as frentes, desde cálculos de custos, planejamento, contatos com novos compradores até as possibilidades de adequação a mercados exportadores fez com que a fruticultura mineira evoluísse e aumentasse a sua competitividade.
Esta história faz parte da série Transformando Realidades. Saiba mais sobre os impactos do desenvolvimento integrado desta e de outras 11 intervenções. Clique aqui
* Vanderleia Radaelli é especialista em Ciência e Tecnologia do BID no Brasil.
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