Consumidores precisam aprender a comprar apenas o que conseguem consumir (vídeo em inglês)
Leio no Twitter que os supermercados brasileiros já começaram a vender panetone. De São Paulo, uma amiga me envia foto comprovando que a informação é verídica. Apesar de adorar a iguaria italiana, me lembro de um fato triste. Quantas vezes na ceia de natal, compramos tanta comida que, depois das festividades, acabamos jogando metade no lixo?
Infelizmente, de acordo com um estudo recém-divulgado pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) o desperdício não acontece só nessa época do ano. Acontece todos os dias, no mundo inteiro. O custo é de US$ 750 bilhões de dólares ao ano.
Sabe aquela picanha assada e não consumida ou aquele legume que acaba apodrecendo num cantinho escondido da geladeira? Tudo isso vai parar numa pilha de 1,3 bilhão de toneladas de comida, ou quase um terço de toda a produção de alimentos produzidos no mundo. Sim, 1,3 bilhão de toneladas é a quantidade de comida que jogamos fora todos os anos.
O estudo da FAO também levou em conta o impacto do desperdício sobre o meio ambiente. Gastam-se 250 quilômetros cúbicos de água na produção da comida jogada fora. Além disso, o desperdício é responsável pela emissão de 3,3 gigatoneladas de dióxido de carbono na atmosfera. Se o desperdício de comida fosse um país, seria o terceiro maior poluidor do mundo, atrás apenas de China e dos Estados Unidos.
Normalmente quando pensamos em desperdício de comida, sentimo-nos culpados por aquelas pessoas que não tem o que comer. Trata-se, com certeza, de um dos aspectos mais perversos dessa equação, mas não o único. A comida jogada fora tem impacto direto nas nossas vidas, como, por exemplo, na qualidade do ar que respiramos ou na quantidade de tempo que passamos no transito para comprar produtos que não consumiremos. E os que não comem? Pior ainda. Além de não suprirem suas necessidades nutricionais, eles também têm que lidar com um mundo mais poluído e com recursos naturais mal utilizados.
A solução para o problema passa por diversas esferas e exige melhor logística e melhor comunicação entre produtores. Politicas públicas que incentivem a produção de energia a partir de biomassa também são recomendas pela agência da ONU.
Uma grande parte da solução, no entanto, é responsabilidade dos próprios consumidores. Devemos combater a cultura tão arraigada do “é melhor sobrar que faltar” e substituí-la pela do “é melhor que nem sobre nem falte”. Menos comida irá para o lixo, menos horas serão desperdiçadas nos engarrafamentos e, certamente, aproveitaremos melhor a vida.
Leave a Reply