Cerca de 90% de todo o lixo encontrado no oceano brasileiro vem de áreas terrestres, de acordo com reportagem da rádio CBN. Sim, as latas de cerveja e refrigerante, sacolas plásticas e outras embalagens abandonados nas areias de cartões postais urbanos, como as praias das capitais localizadas na faixa litorânea, ajudam a criar um imenso lixão marítimo, que não apenas provoca poluição visual, mas também coloca em risco a vida de espécies como tartarugas – de acordo com a matéria, 267 espécies de animais seriam diretamente afetadas.
Não faltam exemplos da falta de respeito dos brasileiros com espaços públicos quando o assunto é lixo. Em São Paulo, bitucas de cigarro jogadas no chão poderiam encher um apartamento de 70 metros quadrados por dia. A cidade, ao contrário do Rio, não multa quem descarta lixo na rua, mas mesmo no Rio, que desde o ano passado vem multando os porcalhões, ainda há um longo caminho a se percorrer, como ficou demonstrado, de modo dramático, durante a greve dos garis em pleno carnaval.
A paralisação de um serviço essencial como o de coleta de lixo traria graves consequências para qualquer cidade do mundo, mas o caso da capital fluminense só comprova que tratamos nossas belezas naturais como chiqueiros. Finda a greve, retirou-se 18,2 mil toneladas de lixo da cidade em apenas um fim de semana. Entre o material coletado, chamava atenção a quantidade de fantasias e outros objetos que poderiam ser facilmente levados para casa ou reciclados.
Já na capital paulista, onde não houve greve, a passagem de blocos também provocou acumulo de lixo por algumas ruas. Surgiram então queixas de que faltavam lixeiras. O fato é que, por motivos diferentes, em cidades como Londres e Tóquio quase não se vê lixeiras nas ruas e, embora falemos de duas grandes metrópoles, ambas são mais limpas que as grandes urbes brasileiras.
E nas cidades onde há lixeiras em pontos de ônibus? Eis o caso de São Bernardo do Campo, na grande São Paulo. Ali, o blog presenciou uma pessoa que estava a poucos centímetros da lata de lixo jogando uma lata de cerveja no chão.
O brasileiro costuma ser muito limpo dentro de casa. Fora dela, a história muda. Não adianta nada, porém, viver num ilha de limpeza cercada por um mar de sujeira. Mais cedo ou mais tarde o lixo volta não só para estragar a vista, mas também para provocar doenças, desconforto e destruição de recursos naturais. E a culpa não é da lixeira.
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