Carmen Pagés*
Outro ano começa e, como a cada ano, esta é a época em que nos propomos uma série de metas: alguns planejamentos englobam fazer mais exercícios, ter uma alimentação mais saudável ou perder peso, ou incluímos ainda melhorar nossas condições de emprego. Para evitar que estas resoluções sejam apenas bons desejos, oferecemos algumas recomendações baseadas na publicação Empleos para crecer, que é uma pesquisa recente sobre o funcionamento do mercado de trabalho na América Latina e o Caribe, que inclui propostas para fomentar as trajetórias empregatícias com êxito.
1. Avalie sua situação de maneira realista.
O que oferece o seu trabalho hoje? Compare com outros trabalhos que requerem suas habilidades e competências. Não leve em consideração apenas salário; analise também aspectos como os benefícios de previdência social, estabilidade no emprego e suas possibilidades de desenvolvimento profissional de médio e longo prazo a partir de oportunidades de formação e de manter em dia seus conhecimentos. Esta avaliação te ajudará a determinar se para melhorar sua situação convém manter-se no emprego ou buscar um diferente. Porque a alternativa não é sempre mudar de emprego. Empleos para Crecer (pág. 95) mostra que entre 40 e 55% dos trabalhadores que mudam de trabalho na Argentina, Brasil e México pioram suas condições de emprego, medidas por salário e benefícios de previdência social. Sua melhor alternativa, por tanto, poderia ser investir mais no seu emprego atual.
2. Se decidir mudar de emprego, busque uma nova oportunidade pelos melhores canais.
A hora de buscar um novo emprego é importante utilizar canais que ampliem seu leque de possibilidades. Lamentavelmente, mais de 70% das pessoas da região buscam emprego utilizando apenas canais informais, a partir de suas redes de contatos, o que pode restringir o acesso a melhores vagas se não conta com os contatos corretos (Empleos para Crecer, capítulo 2). Os meios formais, como as agências de trabalho, os jornais ou os portais especializados, publicam as vagas e nos dão muito mais possibilidades de encontrar um emprego do que só recorremos a nossa rede de contatos, que pode ser bastante limitada. É importante também dar aquele upgrade no currículo de maneira que mostre não apenas onde trabalhou, mas especialmente, o que aprendeu e o que sabe fazer. Lembre-se que os empregadores leem muitos currículos. Mas então o que vai chamar a atenção dele no seu currículo? Além de seus títulos acadêmicos, o que você faz de especial? Pode certificar os conhecimentos adquiridos no lugar do trabalho?
3. Busque boas oportunidades de formação.
A literatura mostra que a formação contínua é a chave para melhorar o salário e conservar o emprego (Empleos para Crecer, capítulo 5). Com a velocidade em que mudam as tecnologias, corremos o risco de ficarmos rapidamente desatualizados e obsoletos, o qual reduz nossas possibilidades de construir uma trajetória de êxito. É necessário ser ativo neste tema porque hoje em dia, em média, menos de 15% dos trabalhadores da América Latina e Caribe se formam ao longo de um ano, frente a 55% dos países desenvolvidos (Empleos para crecer, capítulo 2, gráfico 2.17). Se o seu empregador não te oferece uma oportunidade de formação, você pode custeá-la? Veja também se o governo municipal, estadual ou federal oferecem oportunidades de capacitação. Antes de investir em formação, faça uma boa pesquisa. É um curso de qualidade? Trata-se de uma formação reconhecida para seu empregador ou para futuros empregadores? Lamentavelmente na região existe muita oferta de formação de baixa qualidade e completamente desvinculada das necessidades e requerimentos do mercado.
4. Exerça a busca por melhores empregos.
Conseguir melhores empregos depende de nós mesmos. O que os nossos governos fazem também é fundamental na hora de promover boas trajetórias trabalhistas. Não apenas no sentido de gerar boas condições para a criação de emprego, mas também no desenvolvimento de políticas e instrumentos que permitam promover informação sobre as oportunidades no mercado, certificar os conhecimentos adquiridos no trabalho, e promover boas oportunidades de formação contínua. Tudo isso contribui para que o mercado de trabalho funcione corretamente e todos possam melhorar suas trajetórias trabalhistas. Empleos para Crecer (capítulo 5) mostra que existe ainda um longo caminho a ser percorrido nesta matéria pela região e portanto, sua busca pode ser fundamental para alcançá-lo.
E você o que vai fazer esse ano para melhorar o seu emprego?
Conheça a série completa de posts sobre “Empleos para Crecer”. Também visite a página web do livro. Lá você encontrará um resumo executivo e um folheto com resumo e outros materiais adicionais.
Post publicado originalmente no blog do BID, Factor Trabajo
*Carmem Pagés é chefe da Unidade de Mercado de Trabalho e Seguridade Social do BID.
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