O professor é o fator mais importante para o aprendizado de um aluno. É ele ou ela quem motiva, instiga e desperta o interesse pelo aprendizado dentro e fora da sala de aula. E esse trabalho tem efeito ao longo da vida dos alunos, já que estudos mostram que crianças que aprenderam com bons professores têm mais chances de ingressar na faculdade e ter salários maiores quando adultas. Entretanto, não é apenas a qualidade do professor que afeta positivamente os resultados de um aluno, mas também a satisfação profissional do docente, que tem um impacto significativo no seu desempenho em sala de aula.
Desta forma, políticas públicas focadas no professor podem melhorar consideravelmente os índices educacionais, especialmente em regiões mais vulneráveis. Neste sentido, uma reflexão crucial é entender como bons professores são selecionados e alocados nas escolas (considerando os critérios dos sistemas educacionais para buscar bons professores: formação superior, área de conhecimento, titulação, experiência, etc.)
Para contribuir com essa reflexão, o BID está realizado um diagnóstico em larga escala sobre os processos de seleção e alocação de professores no Brasil. A Pesquisa Diagnóstico da Seleção e Alocação Docente no Brasil está sendo feita em conjunto com o Profissão Docente e o Instituto Rui Barbosa e com o apoio do Consed e da Undime na mobilização e comunicação com as redes.
A coleta de dados envolve todas as redes estaduais e municipais do país e tem como objetivo criar um retrato nacional, entendendo quais os instrumentos utilizados para selecionar os professores, as ferramentas e tecnologias que as redes possuem para distribuir os docentes nas escolas, limitações enfrentadas e boas práticas em termos de transparência, eficiência e busca pela equidade na alocação docente.
Falta de evidências no Brasil
No Brasil, apesar de haver normativas nacionais de contratação do setor público – nas quais os professores estão incluídos – a descentralização da educação e a autonomia dos entes federativos sobre os critérios de seleção e de alocação têm efeitos positivos, como a possibilidade de políticas mais regionalizadas, e também negativos, especialmente na alocação, como o uso de processos manuais, dificuldades de priorização, falta de transparência e potencial discricionariedade.
Na falta de evidências, o que vemos atualmente são apenas indicadores de resultado que indicam um desequilíbrio na distribuição docente: escolas localidades em regiões onde o nível socioeconômico é mais baixo, em geral, concentram mais professores temporários, enquanto em escolas que ficam em áreas urbanas, a concentração de professores adequados à função docente (ou seja, que atuam na sua área de formação) é maior do que em escolas rurais.
Alguns municípios fizeram uma investigação mais aprofundada e encontraram evidências de que professores têm preferências por escolas de regiões mais centrais e com mais alto nível socioeconômico. O caso da cidade de São Paulo foi analisado pelo BID.
A pesquisa de abrangência nacional foi desenvolvida com base em outras experiências e boas práticas identificadas na América Latina e no Caribe, bem como no estudo do BID que coletou informações sobre 12 sistemas da região, incluindo o município do Rio de Janeiro e o estado de Pernambuco.
A pesquisa nacional foi especialmente adaptada para a realidade das redes escolares brasileiras, como também ocorreu nos trabalhos realizados no Equador, Peru e Chile. A coleta de dados no Brasil foi estruturada em um questionário on-line, que é respondido pelos responsáveis pela gestão de pessoas nas secretarias de educação dos municípios e estados.
Após a etapa de coleta de dados, o próximo passo será a elaboração de uma nota técnica, com a análise das informações. Para saber mais sobre a pesquisa, ou se o seu município ou estado deseja participar, entre em contato pelo email gregorye@iadb.org
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