Nos dias atuais, o caminho da digitalização é imprescindível para manter eficiência, utilidade, inclusão e transparência. Por isso, em 2021, entre os projetos prioritários do BID está o lançamento de uma plataforma eletrônica que permitirá uma interação mais eficaz com os organismos executores dos projetos que financia.

Para se ter uma ideia, a cada ano, o BID registra mais de 35.000 interações relacionadas somente à supervisão das operações que nossos mutuários executam nos 26 países em que atuamos. Os primeiros módulos a entrarem em cena nesta nova plataforma serão os relacionados ao planejamento das compras, à supervisão dos processos licitatórios e à gestão dos contratos com fornecedores e empreiteiros (Online Bidding Process & Contract Management – OBP&CM).
O custo de transação destas interações não é significativo se comparado aos recursos que são mobilizados e supervisionados, mas, ainda assim, a estimativa é de que haja uma redução de 30% a 40% desses custos com a nova plataforma eletrônica.
Nossos mutuários serão igualmente beneficiados pelo sistema, que permitirá fazer transações mais rápidas e com menor custo. A perspectiva é de que isto abra portas para formas mais eficazes de fazer a gestão dos produtos, consolidando a integração dos ciclos de contratação com a entrega de serviços de qualidade aos cidadãos.
O acompanhamento aos clientes do Banco é, sem dúvida, a atividade na qual concretizamos muitos dos objetivos da nossa instituição, principalmente no que se refere à efetividade e à eficácia dos investimentos, assim como na busca por maximizar o impacto do valor investido e a transparência no uso dos recursos.

Quais os principais desafios da transformação digital?
Hoje, em algum nível, a maior parte da população está envolvida num processo digital e as tecnologias da informação fazem parte do nosso dia a dia. Estamos nos acostumando com processos mais automatizados e com a interação direta com máquinas, sem a intervenção de operadores humanos. Em especial, no setor público, as oportunidades são enormes e os desafios não menos importantes.
Quebrar processos contínuos, analógicos, e transformá-los em caminhos estruturados e discretos é uma tarefa árdua, que demanda tempo e recursos, mas que traz importantes retornos. No caso particular da gestão das compras e contratações, a despeito dos avanços tecnológicos e da modernização das plataformas de compra, ainda existem dificuldades para reunir dados estruturados e processos integrados.
A resposta para essas dificuldades pode estar na digitalização, entendida como uma forma para abrir caminhos claros e padronizados a todas as possíveis decisões no decorrer de cada uma das etapas. Sem dúvida, é uma tarefa complexa e minuciosa. Neste sentido, a digitalização impõe a necessidade da inclusão, pois o objeto de tudo isto são as pessoas, os usuários e os clientes, como protagonistas. Partindo desta perspectiva, os retornos na eficiência surgem de forma mais ágil e natural, pois os caminhos vazios são eliminados durante o processo.
Além disso, quando enfrentamos mudanças, é natural sentirmos alguma nostalgia daquilo com que já estávamos acostumados. “Qualquer tempo passado foi melhor” diz uma célebre frase de um poeta espanhol. Claro que ela foi tirada de contexto, mas, talvez, a gestão desses sentimentos, esteja entre os maiores desafios de uma transformação digital bem-sucedida.
Como organizar as fases do processo de transformação digital?
A transformação digital vai além de tornar qualquer informação em um código passível de ser guardado, armazenado, processado e transmitido por computadores. É importante diferenciar quatro fases distintas:
– Eletrônica: os usuários iniciam um serviço eletronicamente, mas o processo segue com documentação escaneada.
– Digital: os usuários solicitam o serviço e aproveitam de interoperabilidade entre plataformas. O processamento dessas informações e a tomada de decisão são feitos pelos funcionários.
– Automática: os usuários solicitam o serviço e a tecnologia faz o processo até a decisão final e entrega.
– Proativa: os usuários não têm que fazer nada. Recebem os serviços diretamente.
Naturalmente, a implementação de qualquer uma destas fases e, mais claramente, a transição entre elas implica incluir a gestão das mudanças como uma competência central dos colaboradores e dos clientes.
Vantagens de investir em digitalização no Brasil
As oportunidades que a digitalização representa para a oferta de serviços públicos mais custo-efetivos são significativas. Dados de pesquisas do BID mostram que uma transação digital custa 5% de uma operação equivalente presencial. O suporte online também é mais rápido: na América Latina, processar um trâmite público requer, em média, 5,4 horas; digitalmente, o tempo necessário é de 30 minutos.
O Brasil tem importantes vantagens: segundo uma pesquisa recente do BID, mais de 95% da população brasileira tem acesso à internet pelo celular, 87% reportou ter wifi em casa, e 86% reportou ter se adaptado sem dificuldades ao mundo digital.

Por isso, acreditamos que a nova plataforma OBP-CM concretiza um grande esforço institucional no caminho da transformação digital do BID. O caminho percorrido é longo e o que vem pela frente será marcado por mudanças mais rápidas, sempre com foco nos usuários e nos beneficiários finais dos nossos projetos.
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