Este artigo foi originalmente publicado pelo Jornal O Globo no dia 27 de maio de 2021 (https://blogs.oglobo.globo.com/opiniao/post/caminho-para-retomada.html)
Com raras exceções, esta pandemia terá impacto profundo em todo o mundo, em especial na América Latina, onde mais de 1 milhão de vidas se perderam. Em meio a desafios que ainda não acabaram, além de enfrentar efeitos sanitários e socioeconômicos, é importante também preparar a retomada do crescimento. Paradoxalmente, esta crise que ceifa vidas e empregos também abre possibilidades paira que América Latina e Caribe, particularmente o Brasil, retomem a rota da prosperidade e do desenvolvimento social, ambiental e econômico.
Ao Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), instituição vocacionada ao progresso da região, cabe ajudar os países a identificar esse caminho e, sobretudo, a trilhá-lo. Em particular, enfatizamos as oportunidades abertas pela reconfiguração das cadeias de produção e comércio globais, processo iniciado na crise de 2008 e acelerado recentemente. Os desafios de hoje tornam mais evidentes as vantagens de termos, por exemplo, suprimentos médicos produzidos em nosso próprio hemisfério e de abrir espaço à realocação produtiva positiva de empresas, processo conhecido como nearshoring.
Para uma região com mercados estratégicos tão robustos, as vantagens são óbvias. As estimativas apontam possibilidade de adicionar US$ 70 bilhões às exportações latino-americanas. Mais que isso, em particular no Brasil, chamam a atenção as chances de fortalecer o tecido produtivo com sustentabilidade, ampliar a inovação e gerar emprego.
É o caso da promissora bioeconomia amazônica e de sua capacidade de conciliar desenvolvimento econômico e preservação.
Oportunidades tão grandiosas, como de costume, trazem desafios equivalentes, como a lacuna de US$ 110 bilhões ao ano para a infraestrutura no Brasil. Por essas razões e desafios, o BID está procurando abrir o caminho para soluções inovadoras.
Para ajudar a destacar as oportunidades disponíveis na diversificada economia brasileira, e superar falsas percepções, o BID realiza em 31 de maio e 1- de junho – com o governo federal e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) – a 4- edição do Brasil Investment Forum (BIF), o principal evento de promoção de investimentos no país.
Nossos esforços com investidores destacam as oportunidades de modelos que, além de retornos financeiros, trazem benefícios sociais e ambientais, tendência cristalizada na onda ESG (Ambiental, Social e Governança).
Em outras palavras, iniciativas que melhoram a vida dos brasileiros – como universalizar o saneamento básico ou proteger abiodiversidade do país, incluindo o fundo de proteção à Amazônia que o BID prepara – estão em sintonia com as agendas financeiras globais.
Ao priorizar os empenhos coletivos para domar a crise, mas também essas etapas de crescimento e atração de investimentos, o Brasil poderá beneficiar a região e dar o exemplo de recuperação. No BID, acreditamos que cada país tem condições de mostrar, na prática, que é possível aliar preservação ambiental, desenvolvimento social, equilíbrio fiscal e expansão econômica.
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