Já é de conhecimento dos empreendedores à frente de pequenas e médias empresas (PMES) que otimizar o consumo de energia elétrica e investir em equipamentos de alta eficiência e em fontes limpas, como painéis solares, estão entre as melhores estratégias para, ao mesmo tempo, reduzir custos e contribuir para o meio ambiente.
Ainda assim, muitos projetos de eficiência energética e de instalação de placas fotovoltaicas não saem do papel – seja pela falta de clareza sobre o retorno do investimento, seja pela dificuldade em financiar esses projetos.
Mas uma iniciativa lançada pelo BID, o Programa ESI (Seguro de Economia de Energia, na sigla em inglês), aborda justamente esses pontos ao oferecer ressarcimento em dinheiro para o caso de o desconto na conta de eletricidade previsto ou a quantidade de energia gerada não se concretizarem por falhas no projeto ou nos equipamentos.
Desta forma, pequenas e médias empresas se sentirão mais incentivadas a adotar medidas que, além de proteger o ambiente, geram economia e aumentam a competitividade.
É como diz o ditado: o seguro morreu de velho – em referência às vantagens de se precaver e ter, assim, uma vida longa. No caso do ESI, as vantagens vão além da longevidade para os negócios e incluem melhores condições para promover enormes benefícios para empresas, natureza e sociedade.
Entenda:
1. Como funciona o seguro ESI?
Imagine que você tem uma pequena ou uma média empresa – um hotel, por exemplo, e deseja instalar um sistema de ar-condicionado mais eficiente para diminuir os gastos com a conta de eletricidade ao fim do mês.
Nesse caso, você procura um fornecedor para esse tipo de serviço, e recebe uma proposta que vai incluir custos com os equipamentos, a instalação, futuras manutenções e uma estimativa de quanta energia será poupada – o que possibilitará pagar menos também na conta de eletricidade tradicional.
O fornecedor, então, pode lhe oferecer que o projeto seja coberto pelo seguro ESI, seguro de desempenho para projetos de eficiência energética ou de energia fotovoltaica distribuída. Caso haja alguma falha no projeto ou nos equipamentos e, por isso, a economia prevista não se concretize, o seguro pagará de volta a diferença entre o valor projetado e o valor efetivamente gerado em termos de energia elétrica.
2. Quem pode contratar o seguro?
A contratação é feita pela empresa fornecedora de tecnologia de energia elétrica, e não pelo cliente na ponta – o hotel no exemplo acima. O beneficiário do seguro, no entanto, será a empresa que contratou os serviços de otimização ou de geração de energia elétrica.
O foco são Pequenas e Médias Empresas (PMEs) de qualquer setor.
3. Como se contrata esse seguro?
Na prática, para contratar o seguro ESI, os passos são:
- A empresa de tecnologia de energia procura um corretor que trabalhe com a seguradora associada ao programa ESI e providencia seu cadastro.
- Na sequência, a empresa deve procurar a ABNT e apresentar o projeto para o qual pretende contratar o seguro de economia de energia.
- A ABNT avaliará as condições da iniciativa que o prestador de serviço deseja assegurar, tanto na fase de projeto, quanto na instalação dos equipamentos.
- Com a validação do projeto pela ABNT, a empresa fornecedora de tecnologia de energia pede à seguradora a emissão da apólice de seguro.
- O contrato trará uma estimativa de energia economizada ou gerada no prazo de validade do seguro. Caso esses valores não sejam atingidos, o investidor será indenizado.
Em caso de interesse pelo projeto, escreva para Luis Chaparro ([email protected]) e obtenha mais informações. Além disso, diversas sessões de treinamento estão previstas para o primeiro semestre de 2021 no Brasil. Acompanhe pelo site do Green Finance Latin America.
4. Que tipos de projetos podem ser assegurados pelo ESI?
O Modelo ESI é aplicável tanto para projetos de substituição de equipamentos por outros mais eficientes quanto para novas instalações. Atualmente, o Programa ESI é capaz de validar projetos de:
- Motores elétricos de alta eficiência
- Sistemas de geração fotovoltaica
- Pré-aquecimento solar
- Distribuição de ar comprimido
- Sistemas de cogeração
- Sistemas de refrigeração e resfriamento
- Geradores de vapor e caldeiras eficientes
5. Quais as vantagens de contratar este seguro de eficiência energética?
Para o cliente, o seguro oferece segurança e tranquilidade na hora de fazer investimentos em eficiência energética, já que o desempenho técnico do projeto está garantido. Além disso, com a solidez oferecida pelo seguro, aumentam-se as chances de obtenção de financiamento bancário para esse investimento.
Para os provedores de tecnologia energética, oferecer o seguro ESI é também uma forma de ampliar a carteira de clientes e se destacar no mercado: sua proposta é tão robusta que vem até com um seguro. Além disso, os projetos assegurados pelo ESI passam por supervisão da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), conferindo maior rigor e precisão.
Para os bancos, a chegada do seguro é a oportunidade de ampliar, com segurança, a carteira de financiamento verde.
6. O seguro ESI já funciona em algum lugar?
Sim. Além do Brasil, o seguro já é oferecido, com apoio do BID, em outros países da América Latina e Caribe como Chile, Colômbia, México, El Salvador e Peru.
7. Qual o papel do BID neste programa?
O Banco Interamericano de Desenvolvimento lidera a implementação deste programa na América Latina e Caribe, com apoio do Governo da Dinamarca.
Por meio do programa ESI, o BID espera viabilizar o aumento do uso de energias renováveis e incentivar a adesão de mais eficiência energética. O resultado serão empresas mais resilientes e eficientes, tanto do ponto de vista financeiro, quanto do ponto de vista ambiental.
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