Fizemos as projeções e o cenário é promissor para aqueles que desejam trabalhar no setor social no Brasil. O país vai precisar de quatro milhões de professores, um milhão de médicos e meio milhão de enfermeiros até 2040. A notícia é ótima, e não apenas pelos grandes números: os empregos em educação e saúde são em geral empregos de boa qualidade no Brasil.
Mas como será o trabalho desses profissionais em 2040? Que tecnologias usarão? Que novos tratamentos e protocolos serão usados na saúde? A sala de aula será a mesma? Nossas projeções apontam que um terço dos professores atuantes dentro de 15 anos, e quase dois terços dos médicos e enfermeiros, são pessoas que sequer começaram a vida profissional.
Diante desta realidade, como o Brasil pode assegurar que estes novos profissionais tenham as habilidades e a formação que necessitam para serem os professores, médicos e enfermeiros do futuro? Nosso estudo aponta as seguintes habilidades:
Capacidade tecnológica. Saber interagir com as novas tecnologias, especialmente as exponenciais, dependendo de cada área. A área médica já vem se beneficiando da robótica, com equipamentos capazes de emular a atuação do cirurgião a quilômetros de distância e a inteligência artificial tem sido adotada para dar mais acurácia a análises laboratoriais. Na educação, aplicações inteligentes têm ajudado crianças e jovens a entenderem mais facilmente conceitos complexos. Professores virtuais alcançam estudantes em áreas remotas e inteligência artificial ajuda professores na correção de provas e redações.
Habilidades socioemocionais. Ter a capacidade de trabalhar com pessoas e conquistar confiança, além de compartilhar conhecimento, os professores de amanhã deverão ser mentores e dar apoio aos estudantes em seu processo educativo. Os profissionais da saúde vão necessitar habilidades de comunicação interpessoal para alcançar altos níveis de participação dos pacientes em seus regimes de tratamento, e de empatia para transmitir segurança e consolo quando se trata de doenças sem cura ou de difícil diagnóstico.
Criar as condições para que os futuros profissionais desenvolvam essas habilidades requer uma concepção diferente, de reformas profundas nos sistemas de formação e capacitação contínua de professores, médicos e enfermeiros, um desafio para os formuladores de políticas de capacitação desses profissionais.
Empregos de qualidade, especialmente para mulheres
As ocupações de professores, médicos e enfermeiros têm crescido de forma notável nas últimas quatro décadas no Brasil e na região, mas o que mais chama a atenção é que os trabalhos em educação e saúde, em comparação com outros setores, são de boa qualidade.
A renda de professores, médicos e enfermeiros na região cresceu de maneira notável nos últimos anos. Estes profissionais têm uma maior probabilidade de receber aposentadoria na velhice que outros profissionais como engenheiros, advogados, jornalistas ou contadores, entre outros.
Além disso, as mulheres representam a maioria dos trabalhadores nos setores sociais e a lacuna salarial de gênero é substancialmente menor nestas ocupações que em outros setores. Enquanto em nossa região as mulheres com educação pós-secundária ainda ganham em média 28% menos que os homens, em educação e saúde esta diferença é de aproximadamente 10%.
Educação e Saúde: os setores do futuro? (em espanhol) é a segunda da série O futuro do trabalho na América Latina e o Caribe, em que o BID busca enriquecer a discussão sobre como a região pode aproveitar as oportunidades e minimizar os riscos que surgem ao redor deste tema. A série está disponível aqui.
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