Se uma pessoa de El Salvador visita a Jamaica e tem um problema de saúde, os médicos podem acessar seu histórico clínico e saber, por exemplo, se a pessoa é alérgica a penicilina. Isso é o que uma Rota Pan-americana de Saúde Digital permitiria que acontecesse. Construir essa Rota é possível e os países da América Latina e do Caribe estão consolidando esse processo.
O BID, junto com a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), acompanha essa consolidação. Para isso, as duas instituições se reuniram com os países da região na Reunião Regional e Conectatón RELACSIS 4.0, realizada em São Paulo. Este foi o segundo encontro entre o BID, a OPAS e os países e contou com 246 participantes (44% mulheres) e 22 parceiros estratégicos de 33 países.
Durante quatro dias de encontro, os países compartilharam, em sessões de trabalho e apresentações, os desafios e oportunidades na área de saúde digital. Foram realizados 22 debates entre os países e 14 apresentações. O BID e a OPAS tomaram nota das reflexões compartilhadas, que vão ajudar a decidir como essa transformação digital será acompanhada nos próximos anos. Também avançamos de forma concreta no Plano Regional sobre Sistemas de Informação para a Saúde (Information System for Health – IS4H) para o período de 2024-2030.
Uma Rota de Saúde Digital com uma base sólida
Sabemos que, para construir uma estrada, é necessário ter estruturas sólidas. Se transferirmos essa imagem para o plano digital, a necessidade permanece. Desta forma, uma Rota Pan-americana de Saúde Digital precisa ser construída a partir de uma base sólida. Por isso, como parte do RELACSIS 4.0, organizamos também a segunda edição da Conectatón LACPASS, uma maratona de conectividade na qual as equipes técnicas dos ministérios da Saúde participantes fizeram testes para alcançar a interoperabilidade transfronteiriça. Essa interoperabilidade possibilitaria a todas as pessoas na América Latina e no Caribe acessarem seus serviços de saúde habituais independentemente de onde estão na região.
A partir do trabalho realizado na Conectatón 2022, desta vez as equipes técnicas dos países conduziram testes que, uma vez implementados, possibilitariam o seguinte:
Que todas as pessoas, onde quer que se encontrem, possam acessar seu histórico clínico internacional (Resumo Internacional do Paciente) com dados relevantes sobre sua saúde. Isso permitiria, por exemplo, que no caso de uma emergência, os médicos possam prover um atendimento de qualidade ao conhecer o histórico de saúde da pessoa.
Que os certificados digitais de vacinação gerados pelos países possam ser enviados a carteiras digitais dos cidadãos, que poderão tê-los sempre à mão.
Que seja possível verificar a legitimidade do certificado digital de vacinação, quando uma pessoa viajar de um país a outro – na Conectatón, os países se prepararam tecnicamente para fazer parte da Global Digital Health Certification Network da Organização Mundial de Saúde (OMS), o que permitirá que verifiquem se um certificado de outro país é legítimo.
Além disso, os países também emitiram, validaram e verificaram certificados de vacinação de COVID-19 seguindo os padrões da OMS. E fizeram o mesmo com certificados de vacinação contra febre amarela, pólio e sarampo.
Muitos países conseguiram avanços concretos em alguns desses pontos, e a maratona de conectividade teve como objetivo demonstrar, mais uma vez, que a interoperabilidade é possível na região e disponibilizar mais ferramentas para que as equipes técnicas continuem avançando na transformação de seus sistemas de saúde. A segunda edição da Conectatón LACPASS foi apoiada pela RACSEL – Rede Americana de Cooperação sobre Saúde Eletrônica.
Resultados do encontro:
Todos os países participantes conseguiram gerar Resumos Internacionais de Pacientes (IPS em inglês), quase todos puderam aderir à Rede da OMS para verificar a legitimidade de certificados de vacinação e 70% conseguiram realizar o exercício de validação de certificados de vacinação outros países:
Resultados por região:
As regiões que se destacaram nos testes foram a América Central e o Cone Sul:
Na nossa vida diária, as vias são uma infraestrutura vital e servem tanto para viajar de um país a outro como para se movimentar dentro de um mesmo país. Ou seja, além de interoperabilidade transfronteiriça, é necessário ter interoperabilidade também dentro dos países.
No caso da Rota de Saúde, o asfalto já foi colocado, agora falta definir as velocidades permitidas, decidir sobre as licenças para dirigir e, principalmente, garantir que haja veículos na Rota, neste caso, dados. Dados de saúde bem administrados e intercambiados de forma oportuna e segura entre os países podem melhorar de forma significativa o acesso dos habitantes da região a serviços de saúde de qualidade.
Acompanhamos os avanços nos países e o processo já está em andamento. Mãos à obra!
Texto disponível também em espanhol e inglês no blog Gente Saludable.
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