Foto: Agência BrasilInvestimento de longo prazo é essencial para que cenas de esgoto a céu aberto deixem de existir.
Acostumada a ganhar títulos de basquete, Franca, no interior de São Paulo, também é campeã quanto o assunto é saneamento básico. De acordo com o ranking das 100 maiores cidades brasileiras elaborado pelo Instituto Trata Brasil, o município aparece em primeiro lugar, seguido por Maringá (PR), Limeira (SP), Londrina (PR) e Curitiba (PR).
Para elaborar o ranking, o instituto baseia-se em dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS) de 2013 como indicadores de fornecimento de água e coleta e tratamento de esgoto, o porcentual de água perdido e a relação entre o que é arrecadado e investido em saneamento básico, entre outros fatores.
Franca abastece 100% de sua população com água, além de coletar 100% do esgoto. A cidade trata 78% do esgoto coletado (menos que os 94% da segunda colocada Maringá), mas investe um porcentual maior do que arrecada (0,69% contra 0,17% de Maringá) na questão do saneamento. A cidade também tem um índice de perda de água (13,50%) em relação ao total produzido considerado muito bom e bem abaixo da média nacional, que é de 37% segundo o SNIS.
Qual é o segredo do município para encabeçar o ranking? “Foco na solução, investimento de longo prazo e baixa interferência política”, de acordo com Édison Carlos, presidente executivo do Trata Brasil. Carlos destaca a importância de que os investimentos de planejamento de longo prazo sejam mantidos independentemente das alternâncias políticas típicas dos sistemas democráticos.
Franca tem desafios pela frente – como melhorar o indicador de tratamento de esgoto -, mas pode ser um modelo para a maioria dos municípios brasileiros. Em 2013, apenas 48,6% da população do país contava com coleta de esgoto. Quando se pensa em tratamento, o cenário é ainda mais desanimador: somente 39% do esgoto era tratado em 2013, o que segundo o Trata Brasil equivale a mais 5 mil piscinas diárias de esgoto não tratado sendo jogado na natureza.
Pesquisa do Ibope para o Trata Brasil mostrou que esgoto aparece apenas como a sétima área mais problemática na opinião dos entrevistados, apesar de seu grande impacto na melhoria das condições de saúde, item que ficou em primeiro lugar na pesquisa. Além disso, apenas 2% dos ouvidos disseram ter levado em conta as condições dos esgotos ao escolherem seus candidatos.
Para que a universalização do saneamento básico se materialize é preciso não apenas compromisso dos agentes públicos, mas conscientizar a população de que tratamento de água e esgoto significa mais saúde, melhor educação e qualidade de vida.
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