Márcia Casseb*
Situada nas exuberantes terras do interior do Estado de São Paulo, e com uma população com cerca de 120 mil habitantes, Cantaduva é a capital da indústria dos ventiladores de teto do Brasil.
Também é um dos centros econômicos regionais mais promissores no norte do Estado de São Paulo, graças a sua dinâmica indústria de serviços e a manufatura de eletrodomésticos.
Com sua economia florescente, durante décadas a cidade se manteve de costas a um de seus recursos mais valiosos: o rio São Domingos. O rio corre através da cidade de Catanduva e forma parte da bacia hidrográfica mais importante da região, a de Turvo Grande.
Há pouco tempo, Catanduva derramava quase todas suas águas residuais no rio. A medida que a contaminação aumentava, paulatinamente a abundante vegetação próxima das margens do rio São Domingos deixava de crescer.
A cidade necessitava urgentemente encontrar uma solução para limpar o rio e devolvê-lo a vida.
Em 2009, a cidade de Catanduva obteve um empréstimo com garantia soberana de US$8,4 milhões do BID para complementar o financiamento de uma ambiciosa iniciativa de US$26 milhões conhecida como o Programa de Desenvolvimento Integrado de Catanduva.
O objetivo deste esforço era ampliar os espaços verdes e as zonas de lazer da cidade, e encontrar uma solução duradoura para recuperar o rio São Domingos.
Graças ao programa o sistema de tratamento de águas residuais da cidade foi completado e foi construído uma estação de tratamento para as mesmas. Atualmente, esta última processa 100% das águas residuais do município. Catanduva uniu-se a um grupo seleto de cidades brasileiras que captam e tratam 100% das águas residuais de seus respectivos municípios.
A qualidade da água do rio São Domingos e sua capacidade para sustentar a vida aquática também melhorou. Um dos indicadores da qualidade de água – a demanda bioquímica de oxigênio– diminuiu de 73mg por litro a 4,9mg por litro.
A capacidade do rio para sustentar a vida aquática, medida pelo oxigênio dissolvido na água, aumentou de 0,89mg por litro a 5,1mg por litro.
O programa também modernizou as operações, processos e serviços da agência de saneamento local, a Superintendência de Água e Saneamento de Catanduva (SAEC).
A SAEC, sofria por problemas de ineficiências no fornecimento de serviços, agora mostra um superávit de entradas, além de ter uma nova sede.
Mais que benefícios ambientais, o programa financiou a reabilitação de importantes zonas da cidade e foram construídos os parques de Mandaçaí, Ipês e Aeroporto.
Também, a emblemática Praça 9 de Júlio de Catanduva, situada no coração da cidade, foi objeto de uma remodelação a fim de oferecer mais zonas de lazer a seus habitantes.
Atualmente, Catanduva é conhecida não apenas como a capital da indústria de ventiladores de teto do Brasil, como também a cidade que devolveu a vida ao rio São Domingos.
*Márcia Casseb é especialista líder em Desenvolvimento Urbano e Saneamento do BID no Brasil.
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Esta história forma parte das avaliações de impacto do Panorama da Efetividade do Desenvolvimento, uma publicação anual que ressalta as lições e experiências dos projetos e avaliações do BID.
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