Foto: Instituto Baía de Guanabara
Yvon Mellinger *
A crescente polêmica em torno das águas da Baía da Guanabara, alimentada em grande parte pela proximidade dos Jogos Olímpicos de 2016, nos oferece uma boa oportunidade para avaliarmos não só o que já foi feito para recuperar esse patrimônio de todos os brasileiros, mas também como seguir trabalhando para que a baía que é de todos nós seja também a baía que todos queremos.
Um dos avanços mais significativos feitos até agora tem a ver com a coleta e tratamento de esgotos na Guanabara, que passou de 13% em 2007 para 35% em 2013. O Pacto Pelo Saneamento do Estado do Rio de Janeiro tem como meta universalização do saneamento básico – os benefícios do saneamento vão muito além da recuperação física da baía, com consequências diretas na melhora da qualidade da vida, da saúde e redução de pobreza da população beneficiada.
Além disso, programas como o Lixão Zero, que vem promovendo a erradicação de depósitos de lixo como o mundialmente famoso Lixão do Gramacho, também são de extrema importância. O descarte de resíduos sólidos é um dos grandes vilões em qualquer situação de enchente e também tem muito a ver com o estado atual da baía. Não só é preciso construir aterros sanitários intermunicipais adequados – a Guanabara recebe água de 55 rios fluminenses -, mas também educar a população sobre como descartar o lixo. Isso exige esforços de todos nós.
Com o financiamento ao Programa de Saneamento Ambiental dos Municípios do entorno da Baia de Guanabara (PSAM), um dos projetos que contribuirá para o melhoramento das condições ambientais da baía, o BID reafirma o seu compromisso com a Guanabara. O Banco entende que a recuperação desse símbolo do Rio de Janeiro é um esforço coletivo e contínuo de longo prazo que requer recursos consideráveis . De outro modo, a Guanabara não será tão linda e saudável quanto parece quando a avistamos do avião nem contribuirá para a economia e bem-estar de milhares de brasileiros.
A preocupação com as Olimpíadas é bem vinda e necessária, mas a baía, que tanto nos encanta com sua beleza, transcende o evento e pode nos oferecer muito mais quando plenamente recuperada. Orçamentos e financiamentos foram aprovados, estudos estão sendo desenvolvidos, alguns resultados já apareceram, há mecanismos para que se monitore o que vem sendo feito e o debate está posto. Participar dele e abraçar a Guanabara é dever de todos nós.
* Yvon Mellinger é especialista em Água e Saneamento do BID
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