O Dia Internacional das Mulheres Afro-Caribenhas, Afro-Latinas e da Diáspora é celebrado anualmente em reconhecimento a um legado social e cultural. No entanto, a contribuição dessas mulheres para a economia também merece atenção. As mulheres negras foram negligenciadas como fonte de diversos talentos e suas necessidades como empreendedoras foram muitas vezes ignoradas.
Apesar do argumento comercial a favor da diversidade, que correlaciona uma diversidade maior em cargos de decisão corporativa a melhores resultados financeiros, a presença de mulheres afrodescendentes nesses postos é muito pequena. No Brasil, por exemplo, apenas 0,4% dos cargos de direção executiva é ocupado por mulheres negras. Este grupo representa a mesma proporção nos conselhos de empresas listadas na Colômbia.
No entanto, as mulheres negras são a população que mais cresce nas instituições de ensino superior no Brasil, onde representam 29,3% do total da população estudantil. As populações negras, principalmente as mulheres, continuam enfrentando discriminação no acesso a oportunidades de trabalho e promoção dentro das empresas, o que é um fato bem documentado.
Os fundadores de empresas negros também enfrentam desafios para encontrar financiamento. Segundo algumas estimativas, mulheres e fundadores afrodescendentes receberam menos de 2% de todo o financiamento de capital de risco, de acordo com um relatório de 2020 de Scott Galloway.
Um estudo sobre o ecossistema de capital de risco no Brasil, onde indicações são necessárias para obter financiamento, constatou que 76% dos agentes entrevistados nunca receberam ou raramente receberam um pitch de um empresário ou empresária afrodescendente. Isso mostra que startups lideradas por negros e seu potencial de inovação associado são limitados pela falta de acesso a redes tradicionalmente brancas.
Além disso, as empresárias negras no Brasil têm 50% mais chances de ter um empréstimo negado do que suas contrapartes brancas. Isso as impede de expandir seus negócios, enquanto as instituições financeiras, por outro lado, estão perdendo um mercado que, se bem compreendido e abordado, é lucrativo. O BID Invest, juntamente com outras instituições financeiras multilaterais, já demonstrou o potencial do mercado feminino. As mulheres não só têm melhores taxas de pagamento do que os homens, como também tendem a ter mais de um produto ou serviço na mesma instituição financeira.
A discriminação decorre do preconceito racial e das barreiras estruturais que os impedem de avançar na economia. O setor privado pode ajudar a quebrar esse ciclo:
Promovendo lideranças negra e feminina nos negócios
O Grupo BID lançou um curso on-line que ajuda as mulheres a desenvolver suas habilidades de liderança. Isso ajuda as mulheres a construir seu plano de desenvolvimento pessoal individual, fortalecer suas habilidades interpessoais e de comunicação e melhorar suas competências de liderança. Todas essas habilidades são necessárias para prosperar no mundo dos negócios.
Outra ferramenta, lançada no início deste ano pelo BID Invest, é projetada para empresas que buscam aumentar o número de mulheres em cargos de liderança e criar um ambiente mais propício para o avanço na carreira das mulheres. Ele oferece diretrizes, passo a passo, sobre como implementar um programa de liderança feminina em uma organização, bem como conselhos práticos sobre outras ações que uma organização pode realizar para apoiar a igualdade de gênero no local de trabalho.
Adotando uma abordagem proativa para buscar oportunidades
Os fundos de investimento, sejam de capital de risco ou de capital privado, podem buscar ativamente oportunidades de investimento além de suas redes clássicas. Encontre redes de investimento negras, participe de eventos dedicados à expansão de redes para empreendedores negros e conecte-se com aceleradores que apoiam especificamente startups negras (confira o trabalho da BlackRocks StartUps)
Entendendo a demanda de mulheres empreendedoras por crédito
Uma vez que uma instituição financeira entenda o comportamento das mulheres na demanda por serviços financeiros, ela pode construir uma proposta de valor. Foi o caso de Davivienda na Colômbia e Konfío no México, que, com o apoio do BID Invest, puderam entender melhor a oportunidade das PMEs lideradas por mulheres e criar uma proposta de valor que atendesse às suas necessidades específicas. É hora de fazer o mesmo com os afrodescendentes da região.
Texto disponível também em inglês e espanhol, no blog do BID Invest
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