Você já parou para pensar que não são apenas as pessoas que devem se preparar para um “novo normal” pós-pandemia? As cidades também precisam oferecer à população mecanismos que possibilitem uma melhor vivência do espaço, certo? Em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, essa nova configuração já foi pensada antes mesmo de se falar em COVID-19 e, agora, figura-se como uma aliada para tempos desafiadores.
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Considerada a principal rua de atividade urbana do município, a 14 de Julho passou por um processo de requalificação nos últimos anos que transformou a configuração da via, focando nas pessoas e não nos veículos. Agora, todas essas mudanças estruturais que proporcionam ao pedestre mais espaço, calçadas mais largas, acessibilidade e conforto ao caminhar, acabam se moldando às orientações das autoridades em saúde de evitar as aglomerações e transitar por ambientes arejados, ao ar livre.
Cidades adaptadas para um “novo normal”
A palavra de ordem nessa época de COVID-19 no mundo é precaução. Em Campo Grande, antes mesmo de a cidade registrar um caso da doença, o município estabeleceu um Plano de Contingência para o enfrentamento ao coronavírus com recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS). Como resultado, a cidade é a capital com o menor índice de COVID-19 do país, com 15,63 pessoas infectadas a cada grupo de 100 mil habitantes. E desse contingente, até o momento, 6 casos foram fatais.
Nesse cenário, a pandemia naturalmente reforçou a importância de espaços públicos estarem preparados para se integrar ao uso de outros modais, alternativos ao transporte coletivo, por exemplo, que guardam maior risco de disseminação da doença. A via pública, como um lugar amplo e aberto, se preparada para garantir o distanciamento entre os seus usuários, também passa a ser uma opção aos shoppings, galerias comerciais e até mesmo locais de lazer.
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A requalificação mudou o conceito de como a rua se relaciona com a cidade, tornando-a mais harmônica e integrada, promovendo a conectividade com ciclovias já existentes e ofertando mobiliários de suporte, tais como bicicletários e áreas de descanso, que incentivam o uso de outros modais de transporte. Tal conceito se amplia, já que o Programa Reviva Campo Grande abraça um quadrilátero ainda maior e, por que não, a cidade como um todo, trazendo qualidade de vida para o cidadão.
O Programa prevê uma série de obras ao longo dos próximos dois anos e, com a pandemia, algumas atividades também foram suspensas devido à quarentena. Somente no final de março as atividades da construção civil foram liberadas, inicialmente para canteiros com até 20 trabalhadores. A partir de então, novas frentes de trabalho foram retomadas. A autorização veio acompanhada de normas para garantir a saúde e segurança do trabalhador.
Estratégias para lidar com a pandemia nas obras de construção civil
Em Campo Grande, foram adotadas quatro estratégias para dar continuidade às obras de revitalização do centro:
1. Estabelecer protocolos de biossegurança específicos, com o planejamento de ações alinhadas às recomendações da OMS e convergentes ao propósito de resguardar a saúde e segurança dos trabalhadores e da comunidade. Os protocolos basicamente abordam aspectos relacionados ao transporte de funcionários, alimentação, alojamento, banheiros e atividades nas frentes de serviço;
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2. Oferecer treinamento às equipes de obras, para estimular a implementação do novo protocolo, a adoção de novos hábitos e a promoção da conscientização sobre a adoção de medidas voltadas para resguardar a saúde individual e coletiva. As atividades são permanentes e vão desde palestras educativas, até a manutenção de placas com informações sobre a doença e como se prevenir, evitando o risco de contaminação própria, dos colegas de trabalho e dos seus familiares;
3. Implementar práticas de higienização, previstas no protocolo. As medidas vão desde a instalação de dispositivos para higienização periódica das mãos, com água, sabão e álcool em gel até a montagem de tendas de higienização individual nas frentes de obra. Práticas de higienização foram reforçadas de um modo geral, tais como a limpeza de superfícies dos refeitórios, máquinas e veículos, antes e depois de cada turno, bem como a desinfecção diária de banheiros. Também foi adotado o distanciamento laboral entre os trabalhadores e a ventilação natural dos ambientes –tanto para os ambientes laborais como para refeitórios e veículos de transporte coletivo. O uso de máscaras de proteção facial individual virou regra, a aferição de temperatura dos trabalhadores também;
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4. Acompanhar, monitorare melhorar as ações. Máscaras, equipamentos, instalações e insumos de higienização passaram a ser considerados equipamentos de proteção individual e coletiva, e sua correta e permanente utilização é fiscalizada com o mesmo rigor que demais EPIs e EPCs pela equipe de segurança do trabalho, no canteiro e frentes de obras.
Além disso, pessoas que apresentem sintomas relacionados ao COVID-19 devem ser afastadas de imediato, com encaminhamento ao serviço médico; pessoas consideradas no grupo de risco da doença não podem ser recrutadas para o trabalho nos canteiros e os trabalhadores são questionados de forma permanente sobre as suas condições de saúde, bem como de seus familiares, para identificação rápida dos casos que podem levar às condições de isolamento previstas na legislação.
Não é fácil adaptar-se à nova realidade imposta pela pandemia de COVID-19. Na construção civil, a chave de sucesso está em implementar processos que passam pela saúde e segurança do trabalho. De um modo geral, as medidas protetivas passam por pequenas ações, com baixo investimento, mas que têm um resultado efetivo se houver um rígido controle de sua implementação. Percebe-se que equipes já habituadas a observar as boas práticas de segurança individual e coletiva se adaptam com mais facilidade aos novos hábitos e procedimentos que fazem a diferença.
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