Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil.
O acalorado debate sobre a vinda de médicos estrangeiros para o Brasil é uma boa oportunidade para que se discuta a questão da imigração de forma mais ampla. Primeiro é preciso desfazer a ideia de que “importar” profissionais e melhorar/ampliar a formação de brasileiros são medidas opostas, uma vez que elas são complementares.
A importação resolve uma carência de curto prazo: a falta de profissionais em uma determinada área. Já a ampliação e a melhoria da capacitação (seja de médicos, engenheiros, técnicos, etc.) e da infraestrutura de trabalho é o caminho para solucionar o problema no longo prazo, evitando que se criem novos gargalos.
Outro ponto que não se pode ignorar, especialmente em um país que se orgulha de ser um caldeirão cultural, é a contribuição dos imigrantes ao desenvolvimento de uma nação. Os africanos, europeus, asiáticos e árabes, só para ficar entre os grupos mais bem representados no Brasil, construíram boa parte da riqueza nacional, criaram inúmeros empreendimentos, trouxeram conhecimento e inovação e ajudaram a definir uma das culturas mais originais do mundo.
Fato é que o número de estrangeiros no Brasil como porcentual da população caiu de 7,3% no inicio do século XX para 0,3% em 2010, de acordo com dados da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República (SAE). Trata-se de porcentual inferior ao da América Latina e do Caribe, que é de 1,3%, e bem abaixo dos 13,5% da América do Norte.
A SAE, em conjunto com os ministérios da Justiça, do Trabalho e das Relações Exteriores, está trabalhando na elaboração de uma política migratória que atraia mão de obra estrangeira extremamente qualificada, como por exemplo empreendedores tecnológicos.
Nos EUA, onde uma muito aguardada reforma imigratória começa a avançar no Congresso, personalidades como Mark Zuckerberg (co-fundador do Facebook), entendem que a economia do século XXI depende muito mais do conhecimento que de matérias-primas e tem feito campanha para que o governo aumente o limite de vistos para estrangeiros qualificados.
No Brasil, algumas medidas, como a diminuição da burocracia para a entrada de acadêmicos estrangeiros, são vistas como positivas para que a pesquisa nacional (que tem nichos de excelência) continue a expandir-se. Mas esse é tema para um próximo post.
Para saber mais: Status da imigração no Brasil
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