Levantamento recente do Banco Central apontou que o brasileiro tem substituído empréstimos com taxas de juros mais altas por novas dívidas, contraídas sob condições mais favoráveis. Trata-se de um movimento bastante positivo, ainda que a taxa de endividamento entre os consumidores seja elevada, uma vez que a troca do crédito para o consumo por financiamentos de menor custo sugere o crescimento da consciência financeira.
A busca por juros mais baixos é uma atitude extremamente saudável para o bolso e para as famílias, já que o dinheiro economizado pode ser usado na aquisição de serviços financeiros complementares como poupança e seguros, ou em outros itens como investimento em educação.
Outra pesquisa, da Fecomércio do Rio de Janeiro, mostra que o número de jovens com conta em banco e acesso ao crédito cresce a cada ano, uma tendência que reflete o crescente nível de bancarização no país. Estes dois movimentos demonstram um caminho importante a ser trilhado para que os brasileiros tenham melhores condições de utilizar o próprio dinheiro, a educação financeira.
Nesse sentido tanto o setor público como o privado tem um papel importante a desempenhar. Cooperações desenvolvidas pelo BID com instituições financeiras brasileiras ajudam a ilustrar essa oportunidade. Uma operação voltada para emigrantes brasileiros e seus beneficiários em Minas Gerais, em parceria com a CAIXA, por exemplo, prevê capacitação presencial e à distância focada em planejamento das finanças pessoais, bem como formar uma poupança e aumentar o patrimônio. As cartilhas estão disponíveis para baixar. O projeto presta ainda consultoria às famílias que queiram empreender os recursos que recebem.
Projetos com enfoque similar acontecem no Nordeste brasileiro, com a organização Visão Mundial, com a adaptação de um modelo indiano de microcrédito a comunidades; e no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, em parceria com a VISA. Nesses dois casos, essas operações não só disponibilizam um maior acesso ao crédito, mas trabalham junto com os beneficiários na melhor administração e utilização do mesmo.
Estas ações demonstram resultados no médio prazo e criam um ciclo positivo. Um passo importante é fazer com que este tema também esteja presente no dia-a-dia das crianças – os jovens que terão conta bancária amanhã. Um projeto de lei que já tramita no Congresso Nacional trata da inclusão da disciplina “educação financeira” nas escolas, junto ao ensino fundamental e médio.
Isto sem dúvida será um avanço do Brasil. Incluir este tema no currículo escolar ajudará não só as gerações próximas, mas a sustentabilidade do mercado interno brasileiro.
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