Laura Ripani*
No post anterior, fiz um paralelo com o universo do futebol para tentar demonstrar a importância de se acabar com o déficit de habilidades. A Copa do Mundo também é uma oportunidade para refletir sobre a importância das parcerias público-privadas (PPPs). Não à toa, essa é uma das PPPs mais populares que existem. E apesar de suas imperfeições (como destaca a revista inglesa “The Economist”), trata-se sem dúvida de uma colaboração que requer que os sócios conversem, mantenham contato permanente, invistam tempo e dinheiro e se unam como uma equipe com o mesmo objetivo. É um desses projetos que só prosperam quando envolvem todo um país, quando um sonho coletivo e realizado com o esforço de todos.
Para acabar com o déficit de habilidades, é preciso somar esforços e conseguir que os setores público e privado remem na mesma direção. O déficit só acabara se as instituições de formação (que vão desde os ministérios até as escolas de ensino profissionalizante), trabalharem em sintonia com as necessidades demandadas pelos empresários. De volta ao exemplo da semana passada, se detectamos que precisamos reforçar nossa defesa, precisamos de um técnico que prepare um bom grupo de zagueiros, e não uma “fábrica de goleadores” (por mais que essa tenha sido a necessidade na temporada anterior).
A boa notícia é que o Brasil já começou a trabalhar com PPPs para solucionar esse problema. No fórum internacional “TransFormação: habilidades para a produtividade”, conhecemos iniciativas já em andamento no país, além de experiências interessantes de distintas partes do mundo, como Coreia do Sul, Suíça e Austrália. E, mais importante ainda, ficou claro que há vontade política para promover essa TransFormação do Sistema de Formação de Trabalho. O secretário de Assuntos Estratégicos Ricardo Paes de Barros pediu que se aproveite melhor o bônus demográfico que o Brasil terá na próxima década com alianças público-privadas. Nestas alianças, cada sócio deve ter um papel tão importante quanto diferenciado em temas como financiamento, seleção de beneficiários e cursos, ampliação/provisão de oferta de formação, etc.
Ao que parece, a primeira pedra foi inaugurada. O juiz apita, sinalizando o começo da partida e o Brasil tem todas as condições de ganhar.
* Laura Ripani é economista líder da Unidade de Mercados Trabalhistas e Previdência Social do BID. Este post foi originalmente publicado no blog Factor Trabajo
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