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Construção Inteligente – Prefeitura de São Luís e BID inovam no fortalecimento institucional com a capacitação de servidores em BIM (Modelagem da Informação da Construção)

02/03/2021 por Clementine Tribouillard - Ayresdiaires Ayres - Roberto da Silva Souza Deixe um comentário


A Secretaria Municipal de Inovação, Sustentabilidade e Projetos Especiais (SEMISPE), que atua na execução do Programa de Revitalização do Centro Histórico de São Luís, promoveu a capacitação dos cinco especialistas vinculados ao programa no Curso de Especialização em Processos BIM: Operação e Gestão. O curso também foi ofertado a 36 servidores municipais de outras secretarias como: obras, transportes, urbanismo, saúde, administração, controladoria, Fundação Municipal do Patrimônio Histórico e Instituto da Cidade. 

Também conhecida por Modelagem da Informação da Construção, a metodologia BIM (sigla em inglês para Building Information Modeling) é considerada como um processo eficaz para reunir todas as informações de um projeto de forma integrada e eficiente. É constituída de um conjunto de tecnologias e processos integrados que permitem a criação, a utilização e a atualização de modelos digitais de uma construção, de modo colaborativo, que sirva a todos os participantes do empreendimento, em qualquer etapa do ciclo de vida da construção. 

O objetivo desta capacitação foi o de iniciar as ações da prefeitura de São Luís, Maranhão, rumo à implantação destas tecnologias e processos, com a preparação do capital humano envolvido na execução de grandes projetos e empreendimentos. Essa é uma iniciativa inovadora, resultante da parceria entre a Prefeitura Municipal de São Luís e o Banco Interamericano de Desenvolvimento – BID. 

Para que investir no BIM? 

A construção de um modelo virtual num ambiente colaborativo permite melhor compreensão dos projetos a serem executados, uma vez que durante a construção é possível identificar e resolver conflitos entre as variadas disciplinas de projeto, bem como a redução das alterações durante a execução, aumentando consideravelmente eficiência e produtividade. Além disso, já existem tecnologias complementares como a de realidade virtual e a realidade aumentada que permitem a visualização e verificação dos modelos virtuais diretamente nos canteiros de obras por meios de tablets e smartphones, o que possibilita a solução de dúvidas e esclarecimento das informações de forma mais rápida.  

A Estratégia Nacional de Disseminação do BIM (Estratégia BIM BR) foi oficializada por meio do Decreto Federal nº 9.377 de 17 de maio 2018. Em agosto de 2019, o documento foi atualizado, principalmente devido à fusão de ministérios que estavam à frente do Comitê Gestor, resultando no Decreto Nº. 9.983, ora vigente. Em complemento, o Decreto Nº 10.306, de 02 de abril de 2020, estabelece a utilização do BIM na execução direta ou indireta de obras e serviços de engenharia realizada pelos órgãos e pelas entidades da administração pública federal, no âmbito da Estratégia BIM BR. O decreto nº 10.306/2020 traz, entre outras inovações, a implantação do BIM no Poder Público de forma gradual em três fases, conforme descritas a seguir: 

  • A partir de janeiro de 2021:  a exigência de BIM se dará na elaboração de modelos para a arquitetura e engenharia nas disciplinas de estrutura, hidráulica, instalações de aquecimento, ventilação e ar condicionado, elétrica e na detecção de interferências, na extração de quantitativos e na geração de documentação gráfica a partir desses modelos; 
  • A partir de janeiro de 2024: os modelos deverão contemplar, além dos usos previstos na primeira fase,a orçamentação, o planejamento, o controle de execução deobras ea atualização de modelos e de suas informações como construído (“as built”); 
  • A partir de janeiro de 2028: passará a abranger todo o ciclo de vida da obra ao considerar atividades do pós-obra. Além dos usos previstos na primeira e segunda fase,os modelos deverão contemplar os serviços de gerenciamento e de manutenção do empreendimento. 

O decreto traz ainda as regras gerais do instrumento convocatório e do contrato, os quais estabelecem em seu Art. 6º a obrigação de o contratado utilizar o BIM, além de estabelecer um escopo mínimo para as contratações. 

Para saber mais sobre o BIM, acesse a Estratégia Nacional BIM BR e a Plataforma BIM BR, onde estão disponibilizados a Biblioteca BIM e cursos gratuitos oferecidos pela ABDI (Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial). 

Galpão 5 – Trapiche Santo Ângelo à esquerda e modelo BIM à direita. (STCP/Traço Cultural 2019)

Como incorporar o BIM concretamente num projeto urbano, como o de requalificação do Centro Histórico de São Luis? 

A Prefeitura de São Luís executa o Programa de Revitalização do Centro Histórico de São Luís por meio da Secretaria Municipal de Inovação, Sustentabilidade e Projetos Especiais (Semispe), onde são contempladas obras de qualificação de espaços públicos e prédios institucionais e residenciais. As reformas destas áreas pretendem contribuir para o desenvolvimento sustentável do Centro Histórico de São Luís, através da implementação de projetos estratégicos que ativam os processos de revitalização urbana, cultural, socioeconômica e de habitação. 

Considerando a importância crescente do BIM nas compras públicas, a SEMISPE julgou fundamental preparar suas equipes para esta transição, e assim trazer economia de tempo, esforços e recursos financeiros, considerando as vantagens comprovadas da metodologia no setor da construção. Assim, foi organizado um curso de nível de especialização, condensado em 4 meses e dispensado aos finais de semana, de maneira muito intensiva, conforme preferência das equipes.  

“Uma oportunidade que nos colocará, enquanto profissionais qualificados, em posições e patamares significativamente superiores”, relata a especialista Eloína Reis, da SEMISPE. A certificação destes profissionais, celebrada em dezembro 2020, permitiu compor um quadro de especialistas extremamente preparados e atualizados para futuros programas públicos seja com recursos federais ou internacionais, podendo atuar agora como uma rede dentro dos diversos órgãos municipais. Se espera que daqui para a frente, essa ação permita um ganho considerável de gestão, transparência e produtividade para a Prefeitura de São Luís, não apenas no âmbito do Programa de Revitalização do Centro Histórico, mas em todas as áreas de atuação da administração municipal. 

Turma da prefeitura de São Luís/MA capacitada no curso de Processos BIM: Operação e Gestão

Arquivado em:Cidades Marcado com:BIM, capacitação profissional, centro histórico, modelagemdainformaçãodaconstrução

Clementine Tribouillard

Clémentine Tribouillard é especialista na Divisão de Habitação e Desenvolvimento Urbano do BID no Brasil desde 2018. Ela é francesa, formada em ciências políticas, tem mestrado em Política Urbana pelo Instituto de Estudos Políticos de Paris e especialização em Sociologia Urbana pela UERJ. Clémentine trabalhou por 3 anos na Caixa Econômica Federal do Rio de Janeiro na concepção de programas de habitação social e na reabilitação de centros urbanos brasileiros, antes de trabalhar por 6 anos na África em programas de melhoria dos serviços urbanos (água, saneamento, resíduos sólidos) para vários doadores. Após o terremoto, morou no Haiti por 5 anos, trabalhando na reconstrução de bairros de baixa renda e reassentando famílias. Ela trabalhou em 35 países em planejamento urbano, desenvolvimento econômico e social, inclusão de gênero, sociedade civil e participação do setor privado. Atualmente, está liderando programas de urbanização de favelas, gestão de risco, reassentamento, habitação social e cidades inteligentes, com foco particular em questões de mudança climática e inclusão social.

Ayresdiaires Ayres

Engenheiro com atuação em infraestrutura urbana, estruturas de concreto, aço, fundações, gestão deprojetos e de obras públicas. Possui especializações em: i) Gerenciamento de Projetos; ii) Estruturas de Concreto Obras de Terra e Fundações; iii) Processos BIM Operação e Gestão; iv) pós-graduando em engenharia geotécnica; v)mestrando em estruturas e processos construtivos.Atuou no Programa Bacia do Bacanga, uma parceria do banco Mundial BIRD com a prefeitura de São Luis/MA. Atualmente é gerente do componente de Fortalecimento Institucional no Programa de Revitalização do Centro Histórico de São Luís, o programa é uma parceria do BID Pro Cidades com a prefeitura de São Luís/MA.

Roberto da Silva Souza

Graduado em Engenharia Civil pela Universidade Estadual do Maranhão (UEMA). Possui pós-graduação em engenharia de planejamento e em processos BIM. É também pós-graduando em Engenharia de Transportes. No setor público, gerenciou o Grupo Executivo do Programa de Aceleração do Crescimento PMSL/MCIDADES, foi consultor, e posteriormente especialista no Programa Bacia do Bacanga PMSL/BIRD. Atualmente ocupa o posto de especialista na UGP do programa PROCIDADES PMSL/BID.

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