Karisa Ribeiro, Leise Kelli e Selma Isa*
Com o aumento da taxa de urbanização e de motorização nas grandes cidades, é comum nos depararmos com veículos de carga contribuindo para o aumento dos níveis de congestionamento. Mas será que há formas de abastecer os centros urbanos com pouco impacto na mobilidade da população? A resposta é sim!
É cada vez mais fácil encontrar exemplos de distribuição urbana de mercadorias com menor impacto no congestionamento e, consequentemente, menor emissão de poluentes, como entregas por bicicleta, a pé, com veículos elétricos ou entregas noturnas para evitar congestionamentos e desperdício de combustível. Veja alguns exemplos de soluções de logística urbana, que ajudam a reduzir os impactos relacionados à distribuição de mercadorias em centros urbanos.
O que seria necessário para implementar estas soluções?
Algumas delas, como o uso de bicicletas ou veículos elétricos para a distribuição da última milha (termo utilizado na logística referente à entrega final ao cliente) são totalmente desenvolvidas, operacionalizadas e monitoradas por quem é responsável pela entrega. Outras podem ser idealizadas e colocadas em prática em conjunto com o setor público como, por exemplo, pontos de entrega de comércio eletrônico.
As soluções regulamentares são iniciativas do setor público, geralmente como resposta às demandas de redução de níveis de poluição, tráfego ou acidentes. Para todas as soluções, independentemente do grau de atuação, é recomendável a participação de representantes dos setores público, privado, instituições de pesquisa, movimentos sociais e população local.
Outro ponto de grande relevância é o diagnóstico do transporte urbano de mercadorias. Sem o correto entendimento da situação e dos problemas, torna-se difícil definir quais soluções logísticas podem contribuir para melhorar a mobilidade na cidade. Infelizmente, a falta de dados sobre o fluxo de movimentação de cargas é uma realidade para a maioria dos municípios. Na ilustração abaixo, são apresentadas algumas sugestões e exemplos de como obter dados:
É fundamental considerar a movimentação da carga (não apenas de pessoas) nos Planos de Mobilidade. O planejamento da cidade considerando o fluxo de mercadorias é essencial, pois bons planos de mobilidade visam a manutenção das atividades econômicas e o deslocamento de pessoas e de cargas na cidade com o menor impacto negativo para a população e o meio ambiente.
O BID, com o apoio do Fundo Mundial para o Meio Ambiente (GEF), reuniram na publicação Distribuição Urbana de Mercadorias e Planos de Mobilidade de Cargas – Oportunidades para Municípios Brasileiros, o contexto dos planos de mobilidade e carga no Brasil, exemplos de como obter dados e sugestões de soluções logísticas que podem ser implementadas de acordo com o tamanho do município, além de alguns conceitos e exemplos de soluções logísticas de baixo carbono existente ao redor do mundo.
A publicação, em português, está disponível para download gratuito, clique aqui.
*Karisa Ribeiro é especialista em Transportes do BID no Brasil.
*Leise Kelli de Oliveira é professora associada na UFMG. Graduada em Matemática pela Unioeste, possui mestrado e doutorado em Engenharia de Produção pela UFSC. Desde 2008 desenvolve pesquisa sobre o transporte urbano de mercadorias no contexto brasileiro, com inúmeras publicações nacionais e internacionais sobre a temática.
*Selma Isa é consultora da Divisão de Transportes do BID. É graduada em Matemática Aplicada e Computacional pela UNICAMP, possui MBA em Gestão Empresarial e é aluna do mestrado em Transportes da FEC/UNICAMP. Trabalhou durante vários anos na área de Logística e Transportes do Setor Privado e mais recentemente, atua em projetos de Mobilidade e Logística Urbana.
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