Karen Mokate*
A inovação aberta é um termo atribuído por Henry Chesbrough e se baseia em uma maneira mais participativa e descentralizada de criar. Chesbrough se refere a este conceito como um “uso propositivo de fluxos de conhecimento dentro e fora da organização para acelerar a inovação interna e expandir os mercados para o uso externo de inovação…” Quer dizer que a inovação aberta promove o uso de ideias tanto internas como externas e o fluxo das mesmas com o fim de otimizar o desenho de soluções e intercâmbio de conhecimento. A inovação aberta floresce dentro de um ecossistema aberto, onde as ideias, os dados e o conhecimento podem ser combinados para fazer frente aos desafios do desenvolvimento.
Tendo em conta isso em mente, apresento cinco metodologias que promovem a inovação aberta. Cada uma associada com um “evento” que pode se visto como parte de um processo para promover intercâmbios e otimizar o valor que surja do conhecimento.
As descrições das metodologias mencionadas abaixo surgiram de um taller realizado em conjunto com o Instituto de Dados Abertos (ODI, sigla em inglês). Neste taller, especialistas em dados abertos compartilharam como pessoal do BID suas ideias sobre a inovação aberta e como promovê-la.
Ideaton
Os chamados ideatons é uma dinâmica que tem como propósito gerar ideias inovadoras para enfrentar ou responder a uma necessidade. Pode participar de maneira presencial ou online. Por exemplo, o Knight Foundation organiza um “News Challenge” (desafio de notícias) duas vezes ao ano para gerar ideias. No início de 2016, o desafio foi baseado em como as bibliotecas podem atender melhor as necessidades de informação do século XXI. Acesse aqui a lista completa de propostas.
A melhor maneira de aproveitar estes espaços de criatividade é convocar pessoas que estejam envolvidas na necessidade que se planeja realizar com o ideaton. Também, é importante agrupar diferentes perspectivas e buscar para que os participantes vejam o problema de formas diferentes, desta forma o tema será abordado de uma maneira global e as ideias que surgirem serão mais realistas relativas à implementação. Igualmente, o benefício para os participantes aumenta na medida em que estes tenham a oportunidade de interatuar com pessoas e perspectivas que não chegam a conhecer em sua vida cotidiana.
Hackaton
Como já foram comentados em outros blogposts, os hackatons são um ponto de encontro para audiências de distinta natureza e que normalmente não interagem, mas que compartilham um mesmo interesse. Os quatro atores chave de um hackaton inclui especialistas temáticos, desenvolvedores de informática, designers gráficos e comunicadores.
Os hackatons têm como objetivo desenvolver em 24 ou 48 horas protótipos de aplicativos que permitam superar um desafio lançado. Para organizar um hackaton, é importante se levar em conta qual é o impacto que se quer gerar, em quem e no quê; como melhorar a vida das pessoas é o desafio a se resolver?; como será usado o produto ou serviço criado?; e será fácil integrar este produto ou serviço no cotidiano das pessoas?
Por exemplo, o BID já colaborou, até o momento, com cinco hackatons para promover o uso da tecnologia e os dados abertos para desenvolver soluções que permitam enfrentar os desafios identificados nas cidades da região. A última edição aconteceu em setembro em Quito, no Equador, e teve como objetivo fomentar a resiliência das cidades para melhorar a resposta aos desastres naturais.
Os produtos do hackaton não se limitam aos protótipos desenvolvidos, como também inclui uma maior conscientização com respeito ao acesso aos dados abertos e o valor de usá-los, além dos benefícios que surgem da interação entre pessoas que normalmente não chegaria, a cruzar caminhos e compartilhamento de ideias.
Mapaton
O mapaton trata-se de um evento para melhorar a qualidade, a precisão e a informação dos mapas criados em colaboração aberta, geralmente estes mapas são usados para causas humanitárias. Os participantes de mapatons geralmente são cartógrafos e cidadãos científicos.
Por exemplo, a organização Peace Corps do governo dos Estados Unidos organizou um mapaton de duas horas para desenhar como editar mapas em OpenStreetMaps. Desta maneira, se conseguiu reunir informações geográficas dos lugares onde existem epidemias de malária. Ter estes dados os ajuda a criar campanhas de prevenção da malária nos lugares adequados.
Data Dive
Os denominados “Data Dives” são uma metodologia colaborativa de análises de dados científicos especialistas temáticos se reúnem para analisar datasets e extrair conclusões inovadoras.
Os Data Dives duram em média um fim de semana inteiro no qual cientistas de dados se colocam a serviço de organizações para oferecer expertise no processamento de seus dados. A finalidade de um Data Dive é ajudar as organizações a extrair o maior valor possível de seus dados, conceder respostas aos problemas complexos a partir da análise de dados, visualizações, gráficos ou até novos conjuntos de dados simplificados.
Por exemplo, DataKind, é uma organização que reúne voluntários especialistas em análises de dados para apoiar as organizações ao redor do mundo. Em 2015 foi realizado um DataDive com a Cruz Vermelha Americana. O objetivo foi gerar um sistema de prevenção frente ao fenômeno que acontece nos Estados Unidos onde morrem sete pessoas por dia em incêndios, e por sua vez, isto resulta em um custo de US$ 7 bilhões ao ano em danos de propriedades. O resultado do Data Dive foi a criação de um mapa que mostra as zonas com maior probabilidade de sofrer incêndios, ajudando desta maneira a Cruz Vermelha a criar planos de prevenção.
Challenge
Os denominados “challenge” são eventos que permitem criar produtos ou serviços sustentáveis para resolver um tema específico. Geralmente contam com várias rodadas antes de eleger uma equipe vencedora que resolveu de maneira mais inovadora um “grande desafio” e a qual se premia com uma quantidade de dinheiro.
Os challenge tendem a ser mais longos que as dinâmicas mencionadas anteriormente. Para planejar um se deve pensar em um desafio específico, reunir recursos para os participantes, apoiá-los na implementação de ideias, além de proporcionar mentoria.
Por exemplo, o Instituto de Dados Abertos (ODI, sigla en inglês) organizou junto com o Challenge Prize Center da Nesta, o Open Data Challenge Series. O mesmo foi baseado em sete desafios para criar um produto ou serviço baseado em dados abertos para solucionar problemas de Crime e Justiça;
Educação; Energia e Meio Ambiente, Habitação, Comida, Patrimônio e Cultura, e Emprego. O ganhador do desafio sobre Crime e Justiça, por exemplo, foi Check That Bike, um site que permite checar os antecedentes de uma bicicleta antes da compra e assim reduzir a compra e venda de bicicletas roubadas. O site conta com 38 fontes de dados abertos e por sua vez permite aos ciclistas reportar roubos de bicicleta e consultar um catálogo de bicicletas “seguras” para comprar.
Blogpost publicado originalmente em espanhol no blog do BID, Abierto al Público
*Karen Mokate é atualmente chefe da Divisão de Gestão de Conhecimento, no Setor de Conhecimento e Aprendizagem do BID. Nesta função, Karen coordena os esforços para promover o conhecimento aberto, não apenas para abrir o conhecimento e os dados do BID, como também para promover modelos de abertura na América Latina e Caribe. Ela coordena os esforços relacionados com a captura e o intercâmbio de aprendizagem dos projetos financiados pelo BID e a disseminação dos produtos de conhecimento do Banco.
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