No Brasil, o ensino a distância (EAD) vem crescendo de maneira sem precedentes, no ambiente universitário, educativo e corporativo. Somente nas universidades 1,5 milhão de estudantes estavam ativos na modalidade em 2018. A expansão aconteceu especialmente a partir de 2005, quando a EAD foi reconhecida como modalidade de ensino no país. Estima-se que em 2023, o ensino superior a distância já corresponderá a 51% do mercado brasileiro.
Esta onda crescente também vem alcançando o setor público brasileiro. Considerando as dimensões continentais e a necessidade constante de atualização, vários órgãos como ministérios, tribunais de contas, secretarias estaduais e municipais, e a Escola Nacional de Administração Pública (Enap) vêm adotando ferramentas online para capacitar gestores e funcionários públicos, que hoje somam mais de 11 milhões no país.
Desde 2017, o Brasil conta com o Portal Único de Escolas de Governo, que agrega as capacitações de vários órgãos em distintos temas necessários para a gestão pública. As vantagens do ensino a distância no setor público são várias, e vão além do menor custo e da flexibilidade, que são inerentes à modalidade:
- Agilidade de atualização. Os conteúdos dos cursos podem ser rapidamente atualizados, e com isso chegar a um grande número de funcionários em menor tempo, o que é essencial para uma administração pública ágil
- Alcance e escala. Os órgãos que possuem funcionários em distintas regiões do país têm a possibilidade de oferecer o mesmo nível de conhecimento a todos os funcionários, o que fortalece a atuação das equipes
- Cultura de inovação. Adotar o ensino a distância requer que os funcionários públicos dominem certas ferramentas, e esse movimento já é um importante avanço, que pode induzir e abrir espaço para que os funcionários pensem no poder da digitalização em outras áreas do trabalho que desempenham
- Intercâmbio entre gestores. O ambiente virtual possibilita troca de informações entre profissionais que em outras ocasiões não teriam oportunidade de interagir. Essa troca permite não apenas cruzar e potencializar habilidades, mas também cria condições para pensar em novas soluções
O desafio da qualidade
Para ter sucesso, o aprendizado online requer um sistema organizacional bem diferente. A preparação do curso e o momento em que os alunos realizam as atividades acontecem em momentos diferentes e frequentemente se dissociam em termos de quem é responsável por tais funções. O ambiente virtual geralmente é alcançado por meio de um Sistema de Gestão de Aprendizagem que abrange aspectos pedagógicos, técnicos e administrativos da entrega do curso. Nesse sentido, o controle de qualidade se torna um fator chave. Entretanto, muitos dos profissionais envolvidos no desenvolvimento de materiais e na gestão de educação ou treinamento em ambientes tradicionais não têm as habilidades e conhecimentos necessários para o ambiente online.
e-Learning: uma habilidade desejada para educadores e gestores públicos
A formação de profissionais no campo do e-learning é fundamental. Segundo Burns (2011), “ensinar a distância pode ser uma grande mudança de paradigma”, indo além de aprender como usar novas tecnologias, sem mencionar o obstáculo de superar o medo, os sentimentos de vulnerabilidade e a falta de habilidades para navegar confortavelmente no ambiente virtual, o ensino online exige uma mudança nas formas tradicionais pelas quais a instrução é ministrada.
Os instrutores precisarão “abraçar e modelar as abordagens instrucionais centradas na perspectiva do aluno” que caracterizam esse novo modo de ensino. Além de ter um conhecimento profundo de sua área de atuação, eles precisarão adotar as melhores práticas de pedagogia online mediadas pela tecnologia para criar experiências de aprendizado ricas para os alunos. Não é fácil encontrar instrutores que possuem esses recursos e habilidades, principalmente porque “poucos programas treinam instrutores” de forma adequada.
É por isso que o Instituto Interamericano para o Desenvolvimento (INDES) começou recentemente a oferecer seu Treinamento Para Ensino Online para um público mais amplo. O curso de seis semanas oferece aos participantes uma oportunidade única de aprender as principais habilidades para ministrar cursos online de qualidade, incluindo estabelecer uma presença online, moderar fóruns de discussão, implantar princípios de design instrucional para aprendizagem online e fornecer feedback individualizado aos alunos.
O curso apresenta as melhores práticas fundamentais para o ensino online, criando cenários do mundo real em que os alunos podem praticar seus novos conhecimentos e habilidades. Ao assumir o primeiro lugar como aprendiz on-line, o curso oferece aos alunos um ambiente em que podem modelar comportamentos e aprender fazendo. As inscrições para a edição em português do curso estão abertas até o dia 21 de abril.
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Nilton Neto diz
Certamente que a aprendizagem online terá papel preponderante no ensino nos próximos anos. Algumas das maiores universidades do mundo já possuem portais onde é possível acessar cursos pela internet com materiais suplementares, listas de exercício, etc. Também já existem algumas experiências no Brasil, mas, infelizmente, ainda nota-se um pouco de preconceito quanto a essa modalidade de ensino.