Foto: Enrico Marcovaldi/Conservação Internacional
Reza a lenda que Abrolhos, maior reserva de biodiversidade marinha do Atlântico Sul, recebeu tal nome porque os primeiros navegadores portugueses que chegaram à região diziam “Abra os olhos” para alertar sobre a existência de pedras e corais que poderiam danificar as embarcações. Embora a origem do nome seja disputada, fazer com que abramos os olhos para Abrolhos, região pouco conhecida entre os brasileiros, é um dos objetivos de uma campanha recém lançada pela Aliança para Conservação Marinha, uma parceria da Conservação Internacional (CI) com a SOS Mata Atlântica.
Área de reprodução de baleias jubarte, Abrolhos sofre com a pesca predatória e descontrolada que coloca em perigo não só a rica biodiversidade da região, mas também a vida de pescadores que se arriscam em mergulhos profundos, e sem proteção, , segundo o jornal O Estado de S. Paulo, em busca de badejos e garoupas, iguarias presentes em pratos caros e requintados.
Guilherme Dutra, diretor do programa marinho da CI, diz que cerca de 20 mil famílias estão envolvidas com a atividade pesqueira na região, que carece de melhor regulação. Os pescadores ganham pouco com a comercialização da pesca, mas a criação de três reservas extrativistas marinhas (as Resex) tem ajudado as comunidades a se organizarem e a desenvolverem planos de manejo e uma atividade mais sustentável.
Outro problema é que o arquipélago não se beneficia de seu potencial turístico. Abrolhos chegava a receber 15 mil turistas por ano quando o aeroporto de Caravelas estava em operação. Mas com o fechamento para reforma, em 2007, o número de turistas caiu para quatro mil. Falta também estrutura para o turismo sustentável na região, explica Guilherme. Exemplo disso é a falta de poitas (pequenos pesos para apoio), o que leva as embarcações a lançarem âncoras dentro do Parque Nacional, criado em 1983.
A maioria dos turistas diz visitar o sul da Bahia, onde se encontra Abrolhos, por causa dos atrativos naturais da região, mas são realmente poucos os que conhecem o parque nacional. Segundo Guilherme, a CI, em conjunto com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), farão, ainda este ano, um estudo sobre o potencial do turismo sustentável na região, o que pode levar ao desenvolvimento de políticas de incentivo.
Enquanto o estudo não sai, a campanha “Adote Abrolhos” tenta chamar a atenção para os problemas e promessas de Abrolhos por meio de redes sociais. Quem acessa o site www.adoteabrolhos.org.br é incentivado a baixar e compartilhar belas fotos do arquipélago e também a assinar uma petição para a ampliação das unidades de conservação existentes e a criação de outras.
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