A Câmara dos Deputados do México aprovou recentemente a cobrança extra de impostos sobre refrigerantes e comida industrializada com alto teor de calorias. A ideia é combater a obesidade, problema crescente em todo o mundo, mas particularmente preocupante em países que vem passando por acelerado processo de urbanização e mudança de hábitos alimentares, caso também do Brasil. A decisão mergulhou o país em um amplo debate sobre saúde, política pública, educação e interesses da indústria alimentícia. Agora, as medidas já aprovadas pelos deputados serão apreciadas pelo Senado.
Os fabricantes de bebida e comida industrializada acreditam que já pagam tributos suficientes e argumentam que o problema da obesidade tem múltiplas causas. Nos bastidores, porém, o grande temor do setor é que a nova legislação se converta em um marco mundial, a exemplo do que aconteceu com restrições contra o tabagismo, e seja copiada pelo mundo afora.
Entre a população, as opiniões são as mais diversas. Nas redes sociais e nos espaços para participação popular em grandes jornais, alguns mexicanos mostram-se favoráveis à medida, outros acreditam que se trata apenas de uma maneira de aumentar a arrecadação de impostos – as novas tarifas fazem parte de uma reforma fiscal promovida pelo governo – e ainda há aqueles que chamam atenção para questões mais pragmáticas: muitas pessoas consomem refrigerantes porque é mais barato que comprar água ou porque simplesmente vivem em regiões em que a água não chega, mas as bebidas açucaradas sim.
Por fim, entre ativistas de saúde, há quem acredite que os impostos recém-aprovados precisariam ser ainda mais altos – os deputados votaram a favor da cobrança de um imposto de 5% sobre produtos como salgadinhos e doces e também de uma taxa de um peso (oito centavos de dólar) por litro de refrigerante.
No Brasil, dados do IBGE de 2009 mostravam que 34,8% das crianças entre cinco e nove anos apresentavam sobrepeso, enquanto 16,6% estavam obesas. Recentemente, uma comissão do Senado aprovou a proibição da venda de comida gordurosa e bebidas açucaradas em cantinas escolares, projeto que ainda deve ser votado pela Câmara.
Como discutido aqui anteriormente em um post sobre obesidade nos EUA, crianças obesas são cinco vezes mais propensas a manterem essa condição quando adultas. Adultos obesos tem uma maior probabilidade de sofrer de doenças crônicas e morrerem mais cedo. Isso não só impõe um alto custo para o sistema de saúde público, mas também pode afetar negativamente a produtividade da mão-de-obra, com sérias consequências para o desenvolvimento econômico e social do país.
Governos da região precisam urgentemente desenvolver políticas abrangentes para combate esse problema de saúde pública.
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