Laerte Temple*
A necessidade de produzir moradias para tentar minimizar o déficit habitacional, principalmente para pessoas de renda baixa, levou o Estado a produzi-las em condomínios, seja pelo menor custo de construção ou pela escassez de terrenos a preços acessíveis. Hoje, a vida em condomínio é uma realidade para milhões de brasileiros, de todas as classes sociais.
Vivendo em condomínio
Quando garoto, como a maioria das pessoas, morei em casa. Lembro-me que saía cedo para brincar e esquecia de voltar. Naquela época, crianças de condomínios eram crianças “presas”, pois não tinham o privilégio de brincarem na liberdade das ruas como nós.
Até os anos 1970, morar em casas ainda era comum no Brasil. O tempo passou, e hoje muitas pessoas, de todas as classes sociais, moram em condomínios.
A violência urbana também contribuiu para o aumento dessa migração. Condomínios são estatisticamente mais seguros, pois contam com serviços privados de vigilância, enquanto as casas ficam a merecer da segurança pública, que não dá conta do recado.
Hoje, a lógica de liberdade que comentei acima mudou. Nos grandes centros urbanos, crianças que moram em casas não podem mais brincar na rua com mesma liberdade de outrora.
Por outro lado, muitos condomínios são dotados de áreas de lazer onde não apenas crianças, mas também jovens e adultos, podem socializar nos espaços de convivência. De certa forma, os condomínios se tronaram uma solução para o problema da segurança. São eleitos como melhor opção para muitas famílias por suas facilidades.
Os desafios de administrar um condomínio
Certa vez, alguém me disse que a solução para um problema antigo gera um novo. É verdade. Com o surgimento dos condomínios as pessoas precisam reaprender a dividir um espaço novo.
Nosso papel nesse cenário, é orientar o morador a viver nessas pequenas e novas comunidades que construímos: os condomínios. Precisamos explicar conceitos como “área privativa” e “área comum” e orientá-los sobre o rateio de despesas. Nessa construção de uma pequena comunidade há convenções e regulamentos internos aos quais os condôminos não estavam acostumados e agora precisam seguir.
Esses espaços são ambientes de muito conflito. Nosso trabalho tem sido desenvolver alternativas para que possamos solucioná-los. Já escutei diversas vezes que todas as dores do síndico começam com a letra “C”: crianças, cachorro (animais no condomínio) e carro (vagas na garagem).
Tendo ou não administradora, o síndico é o responsável legal pela gestão condominial. A gestão exige um síndico preparado e conhecedor das atividades envolvidas. Porém, na maioria das vezes trata-se de uma pessoa comum, sem o conhecimento necessário que acaba apreendendo na prática a desempenhar o seu papel. É aí que mora o perigo.
Um novato se depara com questões nunca antes enfrentadas e comete erros que impactam a vida de todos os condôminos.
Facilitando a vida
Uma de nossas preocupações é acolher o síndico inexperiente, mostrando ferramentas capazes de auxiliá-lo durante essa jornada. Fazemos isso, por meio do aplicativo SmartSíndico que fornece meios para uma correta administração condominial. Além de ajudar o síndico, o aplicativo se estende ao morador que pode acompanhar todas as atividades do seu condomínio pelo próprio smartphone.
O uso do aplicativo certamente não eliminará todas as dores, mas trará transparência, eficiência e rapidez na gestão condominial.
O aplicativo foi desenhado para atender às demandas de empreendimentos de Habitação de Interesse Social (HIS), cujo propósito é alcançar famílias de baixa renda para que tenham acesso a moradias dignas.
Os resultados alcançados pela SmartSíndico, no que se refere à gestão condominial, têm sido reconhecidos como ações de impacto social. Neste ano, fomos uma das startups vencedoras da Chamada ICE-BID 2018, com o aplicativo para smartphones que capacita e fornece aos síndicos ferramentas de administração condominial. Vencemos também o Pitch Gov 2.0 e nossa solução já faz parte da rotina de centenas de condomínios no Estado de São Paulo.
Laerte Temple é CEO e fundador da SmartSíndico – aplicativo para administração de condomínios na modalidade Habitação de Interesse Social. Na área há 41 anos, é autor original do manual do síndico e criador dos primeiros cursos de condomínios para as prefeituras de São Paulo e São Bernardo.
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