Muito se tem discutido sobre o legado da Copa para o Brasil e como os cidadãos se beneficiarão de fato dos altos investimentos realizados. O último levantamento do governo federal sobre investimentos em segurança para a Copa, por exemplo, foi de R$ 1,8 bilhão.
Somando-se aos esforços para transformar estes investimentos em legado social, o BID, o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, e o Instituto Sou da Paz lançaram o Guia Copa Segura, com recomendações a gestores municipais. Afinal, é nas cidades onde tudo acontece, e ainda que a segurança pública seja um tema estadual, as prefeituras podem desempenhar um papel chave e fazer com que os investimentos se convertam em benefícios de longo prazo. E quais atitudes tomar para perseguir este legado?
Integração entre municípios e estados: o gestor municipal precisa assumir e colocar em prática seu papel de líder e criar espaços formais de troca e produção de planejamento conjunto. Os Gabinetes de Gestão Integrada, já presentes em muitas cidades, é um exemplo a ser seguido. Sob a coordenação da prefeitura, esses gabinetes colocam em torno da mesma mesa, polícias, guarda municipal, secretarias diversas (saúde, emprego, habitação, educação etc.), bombeiros, defesa civil. Juntos, esses atores conseguem mapear o território e criar um Plano de Segurança bastante focado nos públicos e locais mais afetados pela violência.
Prevenção da criminalidade e policiamento: Como são responsáveis pelo trabalho de policiamento ostensivo e investigativo, as polícias (em especial a Polícia Militar) devem ser envolvidas no planejamento das festividades. Juntos, polícia e prefeitura podem identificar os melhores locais para receber um público grande, de modo que a segurança de todos esteja garantida.
Utilização do espaço público para o desenvolvimento de uma cultura de paz: Aqui os jovens se tornam grupo estratégico. O jovem é reconhecidamente a principal vítima da violência, sobretudo aquele que vive na periferia das grandes cidades. É também um importante agente social na construção de referências, práticas de convívio e de lazer. Promover atividades esportivas nestes espaços é possibilitar aos jovens se desenvolverem como sujeitos capazes de tomar decisões apropriadas, mais críticos e criativos. Estes jovens passam a inspirar os mais novos, que percebem uma referência alternativa às que possuem, muitas vezes, calcadas na violência.
No meio de tudo isso, se previne a violência por meio da ocupação pacífica de áreas comuns em uma estratégia integrada com distintas instâncias. E neste sentido, o papel da sociedade é essencial: para demandar estes espaços, para usufruí-los e para mantê-los. O legado que podemos ter da Copa 2014 também depende de nossa atuação cidadã e da interlocução constante com os governantes, atitude que os brasileiros têm fortalecido cada vez mais.
O Guia Copa Segura será distribuído gratuitamente a mais de 130 cidades direta e indiretamente relacionadas à Copa. Você pode baixar a versão digital aqui.
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