James Andrew Lewis*
Os benefícios da conectividade são inegáveis, e os habitantes da América Latina e Caribe adotam essas novas tecnologias com entusiasmo. Isso se reflete no fato de que a região tem o quarto maior mercado móvel do mundo, metade da população usa a Internet e seus governos cada vez mais usam as mídias digitais para se comunicar e prestar serviços aos cidadãos.
No entanto, a região está atrasada no que diz respeito à prevenção e mitigação dos riscos de atividades criminosas ou dolosas no ciberespaço, segundo indica o relatório mais abrangente sobre a cibersegurança no mundo, realizado pela OEA–BID, em 2016. Conforme sugerido por alguns cálculos, o cibercrime impõe à ALC um custo de cerca de US$ 90 bilhões por ano, uma cifra considerável.
Em todo o mundo, o custo do cibercrime chega a US$ 575 bilhões por ano, o que representa 0,5 % do PIB mundial. Isso é aproximadamente quatro vezes o volume anual de doações para o desenvolvimento internacional (Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais e McAfee 2014).
O estudo da OEA–BID é o primeiro a fazer uma descrição completa da cibersegurança na ALC. Faz um exame exaustivo da maturidade cibernética de 32 países da ALC por meio da análise de 49 indicadores.
Especificamente, 80% dos países não dispõem de uma estratégia de cibersegurança nem planos de proteção das infraestruturas cruciais. Apenas cinco dos 32 países pesquisados já contam com uma estratégia estabelecida (Colômbia, Jamaica, Panamá, Trinidad e Tobago e Uruguai), enquanto outros como a Costa Rica, Dominica, Peru, Paraguai e Suriname estão em vias de formular uma estratégia.
Além disso, dois em cada três países da região não têm centros de comando nem controle da cibersegurança, e a grande maioria dos procuradores não tem a autoridade jurídica para abrir um processo em casos de cibercrime. Quase metade dos países latino-americanos não tem um mecanismo de resposta coordenada para incidentes dessa natureza.
56% dos países ainda não identificaram claramente o que constitui os ativos de sua infraestrutura crucial, e 75% não contam com um mecanismo para planejar e coordenar as respostas a um ataque a essa infraestrutura.
Por último, os cidadãos de 90% dos países não estão cientes dos perigos do ciberespaço em termos de segurança e privacidade e apenas Colômbia e Uruguai alcançaram um nível intermediário de maturidade nesse sentido.
As economias que estão conectadas à Internet e a usam para negócios, educação e governança experimentam um crescimento acelerado. O cibercrime é o inverso dessas oportunidades, uma vez que os criminosos e hackers maximizaram o retorno gerado pela sua conectividade. Talvez a melhor maneira de pensar a cibersegurança seja mostrá-la como uma ampla oportunidade econômica digital.
Para saber mais sobre os custos do crime e da violência na América Latina faça o download gratuito do estudo em português.
*James Andrew Lewis é vice-presidente sênior e diretor de programa do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS), onde escreve sobre tecnologia, segurança e inovação.
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