Pesquisa recente do Instituto Akatu pelo Consumo Consciente mostra que a preocupação com o descarte correto de resíduos sólidos tem aumentado no Brasil. A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) prevê que até 2020 o país deverá ter toda a estrutura necessária para dar destinação adequada aos resíduos. Antes disso, em 2014, todos os municípios deverão eliminar completamente seus lixões e implantar aterros sanitários.
O desafio é grande e ainda que o Brasil registre avanços nos índices de reciclagem de resíduos na última década, apenas 14% dos municípios possuem sistemas de coleta seletiva. Em consequência, o país deixa de ganhar pelo menos R$ 8 bilhões por ano ao encaminhar os resíduos a aterros e lixões.
O trabalho dos catadores de materiais recicláveis é essencial para reverter este cenário, o que ressalta ainda mais a necessidade de melhorar as condições de trabalho destes profissionais. A maioria dos catadores vive em condições de pobreza e limitado acesso a serviços sociais básicos. Eles trabalham isoladamente, sem informação econômica sistematizada sobre o mercado em que estão inseridos.
Jaqueline Souza, presidente da RECICLO no Distrito Federal, comanda um time de catadores e sabe bem das dificuldades. Ela é filha de catador e foi assim que aprendeu a ganhar a vida. Jaqueline comanda um time de mulheres que enfrentam os desafios do trabalho, do qual tiram seu sustento. Desde que conquistaram um novo local para operar, capacitação para os cooperados e apoio à manutenção do caminhão, as condições melhoraram bastante, bem como a produtividade.
A RECICLO, cooperativa de catadores que tem alcance nacional, é beneficiária de uma cooperação do Fundo Multilateral de Investimentos (FUMIN), da Fundação Avina, da Coca-Cola, e da International Cocoa Organization (ICCO). São quase 600 famílias em dez cooperativas de catadores de materiais recicláveis, nas cidades de Abreu e Lima, Aracaju, Belém, Brasília, Itu, Londrina e Salvador.
Após uma pesquisa sobre as características socioeconômicas de cada comunidade, os catadores ficaram mais próximos e passaram a trocar experiências, como aconteceu na CARE, em Aracaju. Em Londrina, a COOPERSIL, que tinha 20 catadores credenciados em 2009, já possui quase 300 registrados na junta comercial depois que melhoraram o maquinário. Em Salvador, a COOPERBRAVA investiu na recuperação do Centro Comunitário do bairro onde está instalada. Hoje o local possui auditório, salas de reunião e de estudo, área de trabalho e oficinas.
Estes profissionais fazem parte de um mercado com elevado potencial econômico. Promover o seu fortalecimento é um passo importantíssimo para que sigam seu tão fundamental trabalho com mais qualidade. A verdade é que lixo não existe, e as oportunidades econômicas que surgem com a legislação nacional são inúmeras. Dai a importância de se dar atenção a estes grandes promotores da sustentabilidade.
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