O turismo criativo é um conceito cunhado nos anos 2000 que busca enxergar a experiência de visitação como algo longe do convencional, do padrão, e como uma experiência de fato. Muito relacionado ao que são os setores da economia criativa, ele articula experiências relacionando turistas aos territórios visitados, promovendo conexões reais entre esses visitantes e as pessoas que vivem nesses territórios, seu fazeres e saberes. Em resumo, é um jeito de se fazer turismo que se aproxima do tão almejado objetivo de geração de impacto local positivo – tanto econômico, como social – ao mesmo tempo em que proporciona experiências relevantes para quem visita. Mas é fácil colocar isso em prática em qualquer território? O que já se tem feito no Brasil e como os territórios e negócios podem se articular para desenvolver o turismo criativo?
Essas foram algumas das perguntas que as convidadas Marina Simião, especialista em Turismo Criativo, e Viviane Lemes, Fundadora da Flanar Turismo e Líder da World Creativity Day, responderam no episódio dessa semana de Caminhos para o Turismo. Com muito sotaque mineiro, elas trouxeram experiências práticas sobre como fazer turismo criativo, compartilhando também perspectivas de mercado para esse setor e conceitos importantes na hora de desenvolvê-lo. Aqui você encontra alguns dos temas levantados na conversa, mas não deixe de ouvir o episódio completo em nosso canal do Soundcloud.
Para ouvir em outras plataformas de streaming, clique aqui: https://www.spreaker.com/show/banco-interamericano-de-desarrollo.
O que quer dizer turismo criativo?
O termo nasceu por volta dos anos 2000 cunhado por dois acadêmicos que ao longo de sua trajetória observaram que colocar turistas em contato direto com pessoas vinculadas ao setor criativo, como artesãos, artistas, chefes de cozinha e produtores em geral, proporcionava experiências diferentes e valiosas. O turismo criativo se entende como uma forma de praticar turismo em que, mais do que conhecer um local ou uma produção, o turista participa ativamente dela e também tem a oportunidade de exercer seu lado criativo, de ser um agente de sua experiência. O turista deixa de ter uma postura mais tradicional de observador e passa a ter uma postura de executor, “colocando a mão na massa”, a partir do contato ativo com saberes e fazeres do território que visita. É importante deixar claro também que embora economia criativa, cidade criativa, turismo criativo, indústria criativa, compartilham alguns conceitos básicos, e podem se integrar a uma cadeia produtiva mais abrangente, cada um traz particularidades, que os distinguem do todo.
Cidades criativas não são apenas grandes cidades
Muitos podem pensar que cidades criativas são apenas aqueles grandes centros urbanos, metrópoles e megalópoles com intensa vida cultural. Mas o porte da cidade não tem nada a ver com ser ou não uma cidade criativa. O que configura a cidade criativa são seus ativos criativos, os aspectos da cultura expressos por pessoas que vivem no local a partir dos seus saberes e fazeres, que tanto podem ser praticados em grandes centros, como em pequenas comunidades ou territórios rurais. Fazendo uma analogia, o turismo criativo não é apenas passível de estabelecer-se em destinos urbanos de grande porte, mas pode ser também modalidade adequada, por exemplo, a pequenos destinos em áreas rurais – como alguns dos que as convidadas citam ao longo do episódio.
Impactos positivos nos territórios e comunidades anfitriãs
O turismo criativo aproxima trabalhadores de vários setores criativos – de artistas produtores culturais, a artesãos e chefes de cozinha – com o setor de turismo, até então não visualizado como uma alternativa de renda para esses profissionais. Mais do que o impacto econômico, o turismo criativo pode contribuir para a valorização da cultura local e fortalecimento da identidade territorial. Especificamente para a população mais jovem, pode também ser ferramenta para manter talentos em suas localidades de origem, contribuindo para a diversificação econômica dos territórios e para a manutenção de fazeres tradicionais, em alguns casos.
Para quem quiser se aprofundar sobre o tema, não deixe de acessar esses links:
Artigos da convidada Marina Simião sobre o tema turismo criativo
A Economia Laranja: uma oportunidade infinita, publicação do BID
Leave a Reply