Considerando que na América Latina a quantidade de doenças cardiovasculares continua aumentando, esta situação deveria incentivar mais ações de saúde pública para mitigar suas consequências. Hoje no Dia do Coração, 29 de setembro, contamos como podemos combater esta doença a partir de diferentes políticas públicas e, claro, de nossas práticas diárias.
Os fatores de risco para as doenças cardiovasculares são bem conhecidas e as ações para diminuí-los são simples:
- comer saudavelmente
- praticar atividade física
- não fumar e nem beber álcool em excesso
- consultar-se periodicamente com um médico à medida que a idade avança
Por que nem sempre conseguimos seguir as recomendações acima?
A mudança de conduta para hábitos saudáveis é difícil. As decisões individuais são influenciadas por fatores sociais, ambientais e econômicos. Além disso, nem sempre há recursos para manter e receber assistência médica, ou esta não é sempre acessível, principalmente na área rural. E em muitos casos há uma orientação curativa, e não preventiva.
Qual é a situação na América Latina?
Em nossa região, as doenças cardiovasculares são a principal causa de morte. Ocorrem aproximadamente 1 milhão de mortes ao ano este número tem aumentado. As doenças arteriais e as cerebrovasculares causam 42,5% e 28,8% do total de mortes por doenças cardiovasculares na região.
O Instituto de Métricas e Avaliação da Saúde (Institute for Health Metrics and Evaluation) permite construir diferentes cenários da carga desta doença. A imagem abaixo contrasta todas as mortes, por todas as idades e por ambos os sexos que ocorreram entre 1990 e 2013 na América Latina. Os estudos nos dizem que as mortes por ataque cardíaco e cerebrovascular entre os anos 1990 e 2013 são as duas primeiras causas e representaram 25%. Ao comparar estes anos percebemos que a porcentagem aumenta.
Ao analisar em detalhe, os avanços são mistos. Enquanto alguns dos nossos países como Argentina, Chile, Brasil e Colômbia tem reduzido a mortalidade por doenças cardiovasculares, em outros como México e as regiões da América Central e o Caribe, o aumento é evidente. As consequências são visíveis em termos da necessidade de aumentar o gasto em saúde e no número crescente de mortes pré-maturas e evitáveis.
A boa notícia é que 80% das causas destas mortes podem ser prevenidas. A má notícia é que ainda falhamos no desenvolvimento de estratégias efetivas para alcançar esta redução em toda a região. A saúde pública ainda não tem uma forte presença nas reformas de saúde de nossos países.
As ações de saúde pública nem sempre são fáceis de serem promovidas aos governos
Existe uma competição permanente por recursos em função de prioridades, fundamentalmente a atenção curativa, e na prática, a capacidade de implementação para políticas e programas de saúde pública que requer mais flexibilidade, reforço constante e sobretudo uma perspectiva intersetorial.
As leis anti-tabaco, as estratégias de redução do sódio, e de não colocar o saleiro nas mesas dos restaurantes, junto com a promoção do uso de bicicletas públicas e impostos nas bebidas açucaradas, são algumas das medidas de saúde pública que tem impactado em outros setores. Ainda necessitamos de mais ações que contribuam para a redução dos fatores de risco previamente sinalizados em nossa região.
Na América Latina também existem esforços crescentes para fortalecer a infraestrutura para realizar estudos que se traduzam em melhores políticas e programas de saúde dirigidos a doenças cardiovasculares e seus fatores de risco. Por exemplo, o Instituto de Efectividad Clínica y Sanitaria está realizando o Estudo CESCAS, Saúde cardiovascular da população do Cone Sul. Este estudo, está focado na ciência da implementação, orientado a realizar intervenções complexas para mudar a conduta dos pacientes e dos usuários no que se refere à doença cardiovascular. A evidência demonstrada pelos estudos certamente será útil e criará novas alternativas.
É possível concluir que na região latino-americana o cenário da doença cardiovascular é complexo. Para enfrentá-lo é preciso ter contribuição de distintos setores e de múltiplas disciplinas. A convergência da pesquisa aplicada e o desenho de políticas públicas são indispensáveis para atacar o problema.
Como você previne esse tipo de doença no seu dia-a-dia? O que seu governo faz para contribuir? Conte para nós nos comentários deste post.
Post publicado originalmente no blog do BID, Gente Saludable
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