A Amazônia é um bioma indispensável para o planeta. Abrange uma superfície próxima a 7 milhões de km2 em nove países, da qual 60% estão no Brasil. Considerada a maior floresta tropical do mundo, possui 30% das 100 mil espécies das plantas existentes em todo o continente sul-americano, e detém cerca de 20% do volume mundial de água doce. Além disso, 98% das terras indígenas brasileiras estão na Amazônia, aproximadamente 7 milhões de pessoas moram na área rural e por esses e outros fatores é centro de debates internacionais.
Nas últimas décadas, o desmatamento ilegal da Amazônia tem causado preocupação pelos efeitos sobre a biodiversidade e a mudança do clima. O Brasil tem se esforçado para reduzir o desmatamento, criando e fortalecendo instituições que trabalham a problemática sob distintas abordagens, gerando mecanismos legais e implementando programas para monitorar o desmatamento com o uso da tecnologia, assim como ações de controle e repressão. Entretanto, os resultados desse enfoque têm sido insuficientes.
Só reprimir não funciona, usar a floresta de forma sustentável sim
O Acre tem inovado ao implementar modelos de uso sustentável que preservam a floresta no longo prazo e promovem a inclusão social e geração de renda das comunidades rurais. Por meio do Programa de Desenvolvimento Sustentável do Acre (PDSA), o BID apoiou a preparação e execução de planos de manejo florestal sustentável comunitários, que implicam o uso sustentável de áreas de floresta para extração de madeira certificada e de produção legal. O PDSA informou às comunidades rurais sobre como funcionam os planos de manejo sustentável e, no caso de manifestar interesse, o programa financiou capacitação e assistência técnica para acompanhar a preparação e execução do plano.
A floresta amazônica no Acre tem 68 espécies já utilizadas pela indústria, sendo as mais comuns angelim, cedro, cerejeira, cumaru, ipê, jatobá, maçaranduba, breus e sumaúma. Um plano de manejo florestal implica a seleção da área, o levantamento de informação precisa sobre as espécies presentes, e a identificação e georreferenciamento das árvores adultas que irão ser explorados ao longo do tempo de execução do plano.
Como funciona o manejo sustentável
O plano precisa de licenciamento que autoriza o uso da área, o que requer uma identificação exata do território, a preparação de um inventário florestal detalhado, a elaboração do plano de manejo florestal de longo prazo e de planos anuais de produção. Tanto a preparação do plano quanto sua implementação requerem o apoio de um responsável técnico. Uma vez aprovado, o plano habilita o uso da floresta para o manejo florestal, promovendo a criação de emprego e renda da atividade florestal, aliado ao fornecimento de matéria prima legal para o mercado.
Foi o que aconteceu com a Cooperativa de Produtores Florestais Comunitários (Cooperfloresta), organização que possui uma experiência de mais de 10 anos na cadeia de valor da madeira manejada e certificada internacionalmente. Os planos de manejo florestal da Cooperfloresta, apoiados pelo programa, ajudaram a 300 famílias de cinco associações no complexo de florestas estaduais do Rio Gregório.
A superfície total incluída nos planos é de 7.210 hectares, com uma área de produção de 5.768 hectares. A experiência mostrou que cada hectare de floresta possui em média 200 árvores maduras e 1000 árvores jovens. Com o manejo sustentável é possível retirar de quatro a seis árvores maduras por hectare, que em média representam de 15 a 30 metros cúbicos de madeira. A exploração é realizada num ciclo que vai de 10 a 30 anos, ou seja, após a retirada de madeira, só é permitido explorar a mesma área de 10 a 30 anos depois, sendo esse período o tempo de recuperação.
Emprego para quem antes não tinha renda
As famílias locais beneficiárias do programa tinham uma renda baixa e realizavam atividades de subsistência que, na ausência dos planos de manejo florestal, acabavam desmatando ilegalmente. Com os planos de manejo florestal sustentável comunitários, a renda média anual por família triplicou, passando para R$ 26 mil.
O Planos de Manejo Florestal Sustentável Comunitários apoiados pelo PDSA incluíram uma área total de 44.500 hectares, beneficiando 11 associações e 440 famílias. A experiência do Estado do Acre mostra que é possível promover mecanismos de uso sustentável da floresta amazônica, que combatam o desmatamento e, ao mesmo tempo, gerem emprego e renda.
Nilton Neto diz
As florestas constituem um dos maiores patrimônios do Brasil. É a nossa maior riqueza e mundo inteiro reconhece a importância da sua preservação, embora, lamentavelmente, no mais das vezes as autoridades locais não consiguam ver o óbvio. Projetos como esses são revigorantes e nos dão esperança de ver floresta preservada para as futuras gerações.
Felipe Guedes diz
Excelente … A gestão inovadora do Estado do Acre em projetos de desenvolvimento sustentável são referencia mundial. O apoio de organismos internacionais como Banco Mundial, FAO, BID e KfW tem contribuído efetivamente na implantação dessas politicas.